Quatro dias depois de começar o primeiro confinamento, Adérito passou a vender máscaras de proteção. Os irmãos Teixeira criaram um negócio de rosas. Jorge levou a produção de eventos para o online. E o chef Avillez desenhou uma carta especial para takeaway.
O que é preciso para reinventar um negócio num momento de crise? Como se muda de vida no trabalho no meio da incerteza?
Estas são as histórias de pessoas e empresas que saltaram para o desconhecido durante a pandemia e conseguiram criar novas oportunidades.
Os primeiros efeitos da pandemia obrigaram-no a fechar 6 dos 20 restaurantes que tinha e, já em 2021, encerrou mais um. José Avillez, chef com 2 estrelas Michelin graças ao seu Belcanto, sabe bem o que é a reinvenção.
Quatro dias depois de começar o primeiro confinamento, Adérito passou a vender máscaras de proteção. Os irmãos Teixeira criaram um negócio de rosas. Jorge levou a produção de eventos para o online. E o chef Avillez desenhou uma carta especial para takeaway.
O que é preciso para reinventar um negócio num momento de crise? Como se muda de vida no trabalho no meio da incerteza?
Estas são as histórias de pessoas e empresas que saltaram para o desconhecido durante a pandemia e conseguiram criar novas oportunidades.
Os primeiros efeitos da pandemia obrigaram-no a fechar 6 dos 20 restaurantes que tinha e, já em 2021, encerrou mais um. José Avillez, chef com 2 estrelas Michelin graças ao seu Belcanto, sabe bem o que é a reinvenção.
“A pandemia foi um grande teste à nossa capacidade de recriar”, diz José Avillez ao Santander.
Aconteceu tudo muito rápido naqueles primeiros meses de 2020, no meio da incerteza. “Tivemos de ser ainda mais rápidos a reagir”. E essa reação rápida passou por evitar o desperdício dos bens alimentares que tinham quando fecharam portas.
José Avillez, o único chef português na lista dos melhores 100 no mundo, deitou mãos à obra para planear o futuro desde muito cedo: “tivemos de repensar a nossa estrutura de restaurantes para takeaway”.
Logo em abril de 2020, no Bairro do Avillez, projeto lisboeta, passaram a fazer refeições para levantar no restaurante ou entregar em casa. As doses individuais cresceram em tamanho e tornaram-se doses familiares. As encomendas deviam ser feitas de véspera.
Pelo caminho, os pratos com assinatura do chef português passaram a estar disponíveis nos serviços digitais de encomenda de comida com entrega em casa, numa carta especial desenhada em exclusivo para takeaway.
No início de 2021, quando a pandemia de COVID-19 conheceu um pico grave em Portugal, José Avillez antecipou-se e fechou portas de forma preventiva para proteger as suas equipas.
A reabertura dos seus espaços foi finalmente agendada para 19 de abril.
Assim como José Avillez, Adérito Ribeiro fez uma das análises mais importantes numa crise. Parou, refletiu e decidiu como reagir. O processo foi rápido e, aos primeiros dias do primeiro confinamento, em 2020, tinha em marcha a solução.
Sim, uma parte de saber reinventar-se é traçar os primeiros passos, procurar respostas para os problemas mais imediatos. Melhor ainda se conseguir fazê-lo já a pensar no futuro.
Claro que não há como saber o que virá, mas alguma capacidade de análise crítica deixa antever possíveis caminhos.
Adérito Ribeiro percebeu que o material de proteção contra a COVID-19 tinha procura e ia ser necessário durante algum tempo. Já passa mais de um ano desde que começámos, em Portugal, a usar máscaras todos os dias.
“Tinha um negócio de distribuição de apoio à restauração, mas veio a pandemia e meteu travão a fundo”, conta o empresário de Oliveira de Azeméis. O mundo parou e Portugal parou com ele, “mas não consegui ficar quieto”.
Motivou-o a dificuldade em esperar que a solução lhe aparecesse sozinha. “Estar em casa no sofá à espera de que as coisas aconteçam não era para mim”, explica.
Então, decidiu pôr em marcha uma ideia em que já andava a pensar.
“Reinventei o meu negócio e nem cheguei a ter de despedir ninguém”, relata, com o alívio na voz.
Do apoio à restauração, criou a softparticle, com que começou a distribuir as tão procuradas máscaras, para as quais havia procura urgente e crescente. Desde aí, já diversificou a sua oferta e passou a vender outros materiais de proteção como dispensadores de álcool gel.
“Transformámos fornecedores em clientes e voltámos ao ativo em grande velocidade”, conclui Adérito Ribeiro.
O empresário já tinha uma equipa treinada na distribuição, tinha uma rede de contactos com que trabalhava e bastou mudar de perspetiva para passar a considerar os fornecedores como potenciais clientes.
Lição n.º 2 das nossas histórias: pode não ser preciso inventar a roda, talvez a solução esteja mais perto do que parece.
Márcio trabalhava em eventos e Diogo em Marketing digital. Mas a pandemia apanhou os irmãos Teixeira de surpresa ao deixá-los sem trabalho.
“Ficámos sem emprego e sem saber logo como reagir”, lembra Márcio. “Mas a surpresa maior ainda estava por vir e fomos nós que a criámos”, acrescenta.
Os irmãos Teixeira dedicaram-se a um projeto pessoal que lhes permitiu passar do trabalho por conta de outrem para um projeto próprio. Próprio e quase familiar, porque a inspiração surgiu de uma estufa que tinha pertencido aos seus avós.
“Chama-se Lux n’ Roses e entrega bouquets de luxo personalizados feitos com rosas frescas”, explica Diogo Teixeira enquanto o seu irmão conta que “as rosas são tudo” no caso deste projeto nascido no Porto.
A pandemia atirou-os para fora da zona de conforto e a ideia que tiveram fê-los construir algo fora da caixa.
Quantos empreendedores criaram negócios de sucesso a partir de sonhos? Quantos encontraram coragem para transformar um projeto pessoal numa empresa?
Mas nem sempre parece o momento certo para arriscar, não é? A pandemia criou essa oportunidade para Márcio e Diogo.
As salas de espetáculo fecharam portas logo cedo e tem sido com incertezas que a cultura começou a desconfinar.
Jorge Pina e a sua equipa têm uma experiência e história de mais de 30 anos na produção de eventos. “Os bastidores do espetáculo são o palco da minha vida e da de todos os que trabalham comigo na AudioMatrix”, relata.
“Quando a pandemia começou a cancelar todos os eventos, senti que eram as nossas vidas que iam ficar em stand by”. Até quando, ninguém sabia. Mas uma coisa era certa: “não podíamos ficar parados”. Com convicção, Jorge projetou a sua empresa de Caneças para muito longe e seguiu o que tantas outras organizações, em todo o mundo, começaram a fazer: passou para o online.
Lembra-se de assistir a um concerto na internet durante o confinamento? Talvez tenha assistido a uma aula online ou feito desporto com os seus colegas de ginásio à distância. Assim fizeram Jorge e a sua equipa, quando passaram a filmar e a produzir eventos online.
“Reagimos, reinventámos o nosso dia a dia, interpretámos novos papéis sem nunca despedir ninguém”, sublinha.
Ainda sem estar reposta a intensa agenda de espetáculos que Portugal tinha antes da pandemia, Jorge acredita que “o espetáculo vai seguir dentro de momentos” e orgulha-se das pessoas que trabalham consigo. Vai seguir “com novas infraestruturas e uma equipa incrivelmente versátil, capaz de ultrapassar todos os obstáculos imprevistos dos espetáculos”.
Não existe fórmula nem segredo para a coragem de pôr mãos à obra, sobretudo quando existem outras vidas a depender de um negócio, mas há elementos indispensáveis. Jorge fala do essencial: “a pandemia não cancelou a nossa criatividade nem a nossa dedicação e muito menos as nossas vidas.”
Qualquer gestor experimentado podia falar de cor sobre estas lições, mas por vezes elas são tão óbvias que escapam nos momentos em que a ansiedade e a incerteza tomam conta das nossas vidas.
Qualquer empreendedor falaria sobre o risco e a coragem que é precisa para ir em frente e que, num momento de crise, é substituída pela necessidade em forma de empurrão.
É certo que, para muitos, os confinamentos obrigaram a fechar portas de forma definitiva. Mas, se puder, no trabalho e na vida, inspire-se por estas ideias de pessoas para quem a pandemia foi o virar de página.
Tratar do problema por partes é uma forma de conseguir respostas no imediato e até de alcançar algum nível de motivação para as fases seguintes.
Assim como José Avillez decidiu entregar os alimentos que iam estragar-se dentro de pouco tempo para ajudar pessoas que estavam a precisar, convém olhar aos desafios que requerem respostas rápidas.
Ficar preso no momento, surpreendido por algo que não podia ter sido previsto, pode comprometer o sucesso da resposta global.
Proteger as pessoas. Não despedir. Recuperar trabalho.
Nestas histórias, vimos os dois lados: de quem procurou formas de garantir os postos de trabalho daqueles que dependiam de si e de quem se reinventou depois de um despedimento.
Muitas empresas colocaram os seus colaboradores no centro das primeiras medidas de reação à COVID-19. Algumas fecharam portas para proteger as pessoas, outras trataram de fornecer os materiais de proteção necessários para que os trabalhadores pudessem continuar a garantir o serviço e manter-se seguros ao mesmo tempo.
Por vezes, basta alargar um pouco o nosso horizonte de possibilidades para ver um pouco mais além. É como se diz por aí: nada se cria, tudo se reinventa.
Em crise, faça uma lista dos seus recursos. Que tecnologias estão disponíveis? Quem está preparado para assumir responsabilidades e tarefas? O que é que podemos usar para construir respostas alternativas?
Vai surpreender-se com a capacidade humana de pensar em soluções criativas, porque, todos sabemos, a necessidade é a mãe da invenção.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
Achou este artigo útil?
Queremos continuar a trazer-lhe artigos úteis.
Obrigado pela sua opinião!
A sua ajuda é importante.
Obrigado pela sua opinião!