Alguns infetados não têm sintomas de COVID-19, enquanto outros sofrem de forma grave com a doença. À medida que a vacinação avança e cresce a esperança de se atingir a tão desejada imunidade de grupo, olhamos com mais atenção para as células T, onde pode estar a resposta para alguns dos maiores mistérios do SARS-CoV-2.
São talvez mais as dúvidas do que as certezas sobre o vírus que parou o mundo. O que acontece depois do contágio e da cura?
A COVID-19 deixa sequelas?
Porque é que algumas pessoas têm sintomas graves e outras não têm quaisquer sintomas?
Em Portugal, no início de dezembro de 2021, 86% da população já estava completamente vacinada. Mas quanto tempo dura a imunidade de quem é vacinado? E quem teve COVID-19, está imune por quantos meses?
E, afinal, quantas doses de vacina são necessárias para garantir a imunidade individual?
Enquanto a comunidade científica procura as respostas para todas estas perguntas, falamos de uma arma do nosso corpo para combater os inimigos externos: o que são as células T e qual é o seu papel no combate à COVID-19?
O sistema imunitário é o exército de proteção e defesa natural do corpo. É um sistema complexo, envolve diferentes níveis de resposta a uma ameaça ou ataque.
A defesa é inteligente. Por um lado, tem uma capacidade de proteção natural. Por outro, aprende com os ataques e prepara-se para ser mais capaz de responder a uma segunda ofensiva do mesmo atacante.
Isto é, o corpo desenvolve respostas para um antigénio – um atacante – depois do primeiro contacto, produzindo anticorpos. São as tais respostas de defesa.
É também isto que fazem as vacinas: ensinam o corpo a reagir a uma ameaça, através de uma exposição pequena a essa mesma ameaça.
Um dos tipos de células responsáveis pela imunidade adquirida, isto é, aquela que é aprendida através da exposição a um invasor, são as células T ou linfócitos T. São um elemento essencial na resposta imunitária contra um ataque.
Existem vários tipos de células T e alguns deles são determinantes no combate à infeção por SARS-COV2 que causa a doença COVID-19.
São as células do sistema imunitário responsáveis pelo combate direto a ameaças como vírus.
As células T citotóxicas (CD8+) são especializadas na destruição de células infetadas ou estranhas ao organismo. Mas não estão sozinhas nem convém que estejam.
No seu trabalho, estas células são apoiadas pelas células T CD4+ que, entre outras funções, orientam as outras células do sistema imunitário no combate à infeção.
Porém, nos casos mais graves de COVID-19, pode ocorrer uma resposta exagerada do sistema imunitário à infeção, provocada por um aumento excessivo das citocinas que estas células produzem. Este fenómeno, a que se dá o nome de “tempestade de citocinas”, resulta num estado de hiperinflamação que pode comprometer os próprios órgãos, como, por exemplo, os pulmões e levar à falência respiratória.
São as mediadoras da resposta imunitária quando há algum problema.
As células T auxiliares (CD4+) são importantes para ativar as células T CD8+ e as células B.
Estas células B são das mais importantes no sistema imunitário, embora ele não funcione de forma correta sem todas as peças do puzzle: são elas quem produz os anticorpos que vão combater os invasores. E esses anticorpos são um escudo que impede que, por exemplo, os vírus entrem e infetem as células.
Na verdade, um estudo americano do início de 2021, divulgado na revista Science e explicado pelo jornal Público, notou uma presença elevada de linfócitos T citotóxicos e auxiliares no sangue, 6 meses depois da infeção.
A conclusão sugere o que é uma das esperanças de todo o mundo: que o organismo aprenda a defender-se SARS-CoV-2 e consiga fazê-lo por muito tempo depois da primeira exposição.
Podíamos dizer que as células T de memória estão na reserva. Enfrentaram a batalha, conheceram o atacante, participaram no seu combate e não o esquecem. Agora, patrulham o sistema para o caso de reencontrar esse inimigo ou um parecido.
Se for notada uma ameaça, as células T de memória desencadeiam uma resposta imunitária mais rápida e forte do que no primeiro contacto com o vírus.
O sistema imunitário aprendeu a defender-se.
Têm uma particularidade especial: as células T de memória vivem muito tempo no sistema imunitário, mais do que, por exemplo, os anticorpos. Podem, por isso, sem fundamentais para uma imunidade duradoura ao novo coronavírus.
Mas vamos mais longe.
Quando começaram a surgir respostas ao combate à pandemia, as diferentes mutações do vírus – mais agressivas, mais desconhecidas – tiveram um efeito desanimador.
Mas um estudo conduzido pelas autoridades de saúde americanas e pela Universidade John Hopkins sugere que as células T que aprendem a combater o SARS-CoV-2 também são capazes de responder às mutações do vírus.
O estudo conclui que esta resposta do sistema imunitário é eficaz para as variantes de que mais ouvimos falar, como as que ficaram associadas a alguns países: Reino Unido (variante B.1.1.7), África do Sul (B.1.351) e Brasil (B.1.1.248).
Os métodos de análise e deteção do novo coronavírus estão cada vez mais sofisticados.
Conhecemos há muito os testes de PCR, feitos por zaragatoa, e que detetam a presença da doença. São testes fundamentais no combate à pandemia porque permitem determinar, de imediato, o isolamento das pessoas contagiadas, tenham ou não sintomas.
E os testes antigénio? Estes são os chamados testes rápidos. Estão mais perto dos testes de diagnóstico de PCR e fazem-se através da recolha com zaragatoa. A diferença é que, em laboratório, as suas análises são feitas com equipamentos mais simples e menos sensíveis, o que significa que os resultados são menos conclusivos do que os testes de PCR.
Também já nos são familiares os testes serológicos, que detetam anticorpos no sangue e dizem se já existiu contacto com o vírus que causa a COVID-19. Um resultado positivo neste teste sugere que existe imunidade, embora não se saiba por quanto tempo se mantém.
Em abril de 2021, abriu-se uma nova janela para compreender a reação do organismo à COVID-19. Começam a ser feitos testes de imunidade celular, que olham para a resposta das células T de que aqui falamos à doença e complementam as conclusões dadas pelos testes serológicos.
O objetivo científico destas análises é medir a resposta imunitária à COVID-19 no tempo. Os anticorpos à doença podem diminuir após 3 a 4 meses, segundo uns estudos, ou 7 a 8 meses, de acordo com outros. Mas as células T podem viver anos ou mesmo décadas.
Já deve ter ouvido falar de uma relação entre a COVID-19 e as bactérias presentes no intestino. Tem sido alvo de investigações desde o início da pandemia.
É que uma boa parte das células que produzem anticorpos encontram-se nos intestinos e a presença de bactérias é fundamental naquele alerta ao corpo sobre a presença de elementos nocivos à saúde. Por isso, este órgão tem um papel muito importante no sistema imunitário.
As bactérias da microbiota intestinal – os microrganismos do intestino – são determinantes na ativação da resposta das células T a invasores. Quando existem desequilíbrios na microbiota intestinal, essa resposta pode ser exagerada e resultar num combate “excessivo” dos linfócitos T.
Essa resposta está associada às doenças autoimunes, em que o sistema imunitário revela um desequilíbrio e o que devia estar a proteger o organismo começa a atacar os seus próprios tecidos e órgãos.
Não há uma fórmula mágica para resistir sem problemas à infeção por COVID-19 e o mais seguro é ouvir as recomendações das autoridades de saúde.
Ainda assim, é sempre importante ter um sistema imunitário equilibrado e procurar hábitos de vida saudáveis que ajudam a diminuir fatores de risco. Não se esqueça que os doentes crónicos estão na lista das pessoas com mais riscos no caso de infeção por COVID-19.
O que deve comer para reforçar o sistema imunitário? Privilegie os alimentos ricos nas vitaminas A, B, C e D e em minerais como o zinco, o selénio e o ferro.
Citrinos, kiwis e espinafres
Laranjas, limões e kiwis são alimentos ricos em vitamina C e têm também propriedades antioxidantes benéficas às células do sistema imunitário.
O mesmo para os espinafres, com um bónus: além de vitamina C e antioxidantes, são uma boa fonte de fibras e ferro.
Peixe, laticínios e cogumelos
Para manter os níveis de selénio e também de iodo recomendados, procure incluir peixe nas suas refeições, consuma laticínios e ovos. O Instituto Ricardo Jorge apurou que um baixo teor de selénio e iodo no organismo pode estar associado a doenças autoimunes.
Os cogumelos são uma fonte rica de selénio, mas também de várias vitaminas importantes para o sistema imunitário por terem vitaminas B2, B3 e B5.
Amêndoas
As amêndoas têm o poder antioxidante da vitamina E, além de vitamina B3, ferro e uma combinação boa de elementos que ajudam a prevenir alguns tipos de cancro e a regular o colesterol.
É o que diz o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, onde pode consultar as propriedades destes alimentos e ainda descobrir receitas para incluir na sua alimentação para fortalecer as defesas do sistema imunitário.
É também ao desequilíbrio nas células T que alguns estudos atribuem a COVID persistente. A Organização Mundial de Saúde já reconheceu esta condição pós-COVID como algo que atinge apenas uma parte dos infetados.
Estima-se que, ao fim de 10 dias, deixe de existir risco de contágio. Julga-se que a recuperação da doença possa durar entre 2 e 6 semanas.
O tempo de recuperação não é igual para todas as pessoas e há até quem tenha sintomas associados à COVID-19 por mais algumas semanas ou meses. Mais uma vez, a explicação para a COVID persistente pode estar relacionada com a capacidade individual de resposta das células T.
Os sintomas de COVID persistente, a longo prazo, passam por:
A quem sofre destes sintomas depois de ter sido infetado, a Organização Mundial de Saúde recomenda vigilância através da medição do oxigénio no sangue. Pode fazê-lo tendo em casa um oxímetro de pulso.
Noutros casos, é recomendado o uso de anticoagulantes em doses baixas.
Mais do que estas recomendações, o essencial é ter acompanhamento médico para conhecer os cuidados específicos que deve tomar. Se há algo que este olhar sobre as células T nos diz é que ainda há muito por descobrir sobre o sistema imunitário e que cada caso é particular.
O melhor é mesmo manter a precaução para evitar o contágio com COVID-19.
Já é mais fácil entender o trabalho das vacinas contra a COVID-19 ao perceber a ligação entre as células T, as células B e os restantes elementos do sistema imunitário.
Existem, para já, 3 tipos globais de vacinas para o novo coronavírus, as vacinas mRNA, as de vetor viral não-replicativo e as de sub-unidade proteica. Todas estas vacinas atuam de forma semelhante para um objetivo comum: dar instruções ao corpo sobre como defender-se se estiver exposto ao SARS-CoV-2.
As vacinas introduzem elementos do novo coronavírus no corpo, ou relacionados com ele, e ativam a resposta imunitária do organismo.
Se tudo correr como esperado, começam a ser produzidas células T e células B, que vão lembrar-se deste inimigo e estar preparadas para combatê-lo se for necessário.
Se for vacinado e começar a sentir fadiga, dores de cabeça e mesmo febre, o seu corpo pode estar a construir as defesas necessárias contra o novo coronavírus. Confirme os efeitos secundários das vacinas listados pela Direção-Geral da Saúde.
Também é possível ser infetado por COVID-19 depois da primeira toma da vacina, no caso das vacinas que requerem mais do que uma dose. O corpo precisa de algum tempo para desenvolver esta resposta imunitária ao vírus e ainda não estará capaz de se defender antes de a vacina produzir o seu efeito.
A verdade é que ainda há dúvidas sobre a eficácia das vacinas na proteção a longo prazo contra ameaças como a do novo coronavírus. No entanto, vale a pena notar que a vacina diminui o risco de contrair doença grave por COVID-19.
A melhor proteção é cumprir as recomendações das autoridades de saúde:
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
Alguns infetados não têm sintomas de COVID-19, enquanto outros sofrem de forma grave com a doença. À medida que a vacinação avança e cresce a esperança de se atingir a tão desejada imunidade de grupo, olhamos com mais atenção para as células T, onde pode estar a resposta para alguns dos maiores mistérios do SARS-CoV-2.
São talvez mais as dúvidas do que as certezas sobre o vírus que parou o mundo. O que acontece depois do contágio e da cura?
A COVID-19 deixa sequelas?
Porque é que algumas pessoas têm sintomas graves e outras não têm quaisquer sintomas?
Em Portugal, no início de dezembro de 2021, 86% da população já estava completamente vacinada. Mas quanto tempo dura a imunidade de quem é vacinado? E quem teve COVID-19, está imune por quantos meses?
E, afinal, quantas doses de vacina são necessárias para garantir a imunidade individual?
Enquanto a comunidade científica procura as respostas para todas estas perguntas, falamos de uma arma do nosso corpo para combater os inimigos externos: o que são as células T e qual é o seu papel no combate à COVID-19?
O sistema imunitário é o exército de proteção e defesa natural do corpo. É um sistema complexo, envolve diferentes níveis de resposta a uma ameaça ou ataque.
A defesa é inteligente. Por um lado, tem uma capacidade de proteção natural. Por outro, aprende com os ataques e prepara-se para ser mais capaz de responder a uma segunda ofensiva do mesmo atacante.
Isto é, o corpo desenvolve respostas para um antigénio – um atacante – depois do primeiro contacto, produzindo anticorpos. São as tais respostas de defesa.
É também isto que fazem as vacinas: ensinam o corpo a reagir a uma ameaça, através de uma exposição pequena a essa mesma ameaça.
Um dos tipos de células responsáveis pela imunidade adquirida, isto é, aquela que é aprendida através da exposição a um invasor, são as células T ou linfócitos T. São um elemento essencial na resposta imunitária contra um ataque.
Existem vários tipos de células T e alguns deles são determinantes no combate à infeção por SARS-COV2 que causa a doença COVID-19.
São as células do sistema imunitário responsáveis pelo combate direto a ameaças como vírus.
As células T citotóxicas (CD8+) são especializadas na destruição de células infetadas ou estranhas ao organismo. Mas não estão sozinhas nem convém que estejam.
No seu trabalho, estas células são apoiadas pelas células T CD4+ que, entre outras funções, orientam as outras células do sistema imunitário no combate à infeção.
Porém, nos casos mais graves de COVID-19, pode ocorrer uma resposta exagerada do sistema imunitário à infeção, provocada por um aumento excessivo das citocinas que estas células produzem. Este fenómeno, a que se dá o nome de “tempestade de citocinas”, resulta num estado de hiperinflamação que pode comprometer os próprios órgãos, como, por exemplo, os pulmões e levar à falência respiratória.
São as mediadoras da resposta imunitária quando há algum problema.
As células T auxiliares (CD4+) são importantes para ativar as células T CD8+ e as células B.
Estas células B são das mais importantes no sistema imunitário, embora ele não funcione de forma correta sem todas as peças do puzzle: são elas quem produz os anticorpos que vão combater os invasores. E esses anticorpos são um escudo que impede que, por exemplo, os vírus entrem e infetem as células.
Na verdade, um estudo americano do início de 2021, divulgado na revista Science e explicado pelo jornal Público, notou uma presença elevada de linfócitos T citotóxicos e auxiliares no sangue, 6 meses depois da infeção.
A conclusão sugere o que é uma das esperanças de todo o mundo: que o organismo aprenda a defender-se SARS-CoV-2 e consiga fazê-lo por muito tempo depois da primeira exposição.
Podíamos dizer que as células T de memória estão na reserva. Enfrentaram a batalha, conheceram o atacante, participaram no seu combate e não o esquecem. Agora, patrulham o sistema para o caso de reencontrar esse inimigo ou um parecido.
Se for notada uma ameaça, as células T de memória desencadeiam uma resposta imunitária mais rápida e forte do que no primeiro contacto com o vírus.
O sistema imunitário aprendeu a defender-se.
Têm uma particularidade especial: as células T de memória vivem muito tempo no sistema imunitário, mais do que, por exemplo, os anticorpos. Podem, por isso, sem fundamentais para uma imunidade duradoura ao novo coronavírus.
Mas vamos mais longe.
Quando começaram a surgir respostas ao combate à pandemia, as diferentes mutações do vírus – mais agressivas, mais desconhecidas – tiveram um efeito desanimador.
Mas um estudo conduzido pelas autoridades de saúde americanas e pela Universidade John Hopkins sugere que as células T que aprendem a combater o SARS-CoV-2 também são capazes de responder às mutações do vírus.
O estudo conclui que esta resposta do sistema imunitário é eficaz para as variantes de que mais ouvimos falar, como as que ficaram associadas a alguns países: Reino Unido (variante B.1.1.7), África do Sul (B.1.351) e Brasil (B.1.1.248).
Os métodos de análise e deteção do novo coronavírus estão cada vez mais sofisticados.
Conhecemos há muito os testes de PCR, feitos por zaragatoa, e que detetam a presença da doença. São testes fundamentais no combate à pandemia porque permitem determinar, de imediato, o isolamento das pessoas contagiadas, tenham ou não sintomas.
E os testes antigénio? Estes são os chamados testes rápidos. Estão mais perto dos testes de diagnóstico de PCR e fazem-se através da recolha com zaragatoa. A diferença é que, em laboratório, as suas análises são feitas com equipamentos mais simples e menos sensíveis, o que significa que os resultados são menos conclusivos do que os testes de PCR.
Também já nos são familiares os testes serológicos, que detetam anticorpos no sangue e dizem se já existiu contacto com o vírus que causa a COVID-19. Um resultado positivo neste teste sugere que existe imunidade, embora não se saiba por quanto tempo se mantém.
Em abril de 2021, abriu-se uma nova janela para compreender a reação do organismo à COVID-19. Começam a ser feitos testes de imunidade celular, que olham para a resposta das células T de que aqui falamos à doença e complementam as conclusões dadas pelos testes serológicos.
O objetivo científico destas análises é medir a resposta imunitária à COVID-19 no tempo. Os anticorpos à doença podem diminuir após 3 a 4 meses, segundo uns estudos, ou 7 a 8 meses, de acordo com outros. Mas as células T podem viver anos ou mesmo décadas.
Já deve ter ouvido falar de uma relação entre a COVID-19 e as bactérias presentes no intestino. Tem sido alvo de investigações desde o início da pandemia.
É que uma boa parte das células que produzem anticorpos encontram-se nos intestinos e a presença de bactérias é fundamental naquele alerta ao corpo sobre a presença de elementos nocivos à saúde. Por isso, este órgão tem um papel muito importante no sistema imunitário.
As bactérias da microbiota intestinal – os microrganismos do intestino – são determinantes na ativação da resposta das células T a invasores. Quando existem desequilíbrios na microbiota intestinal, essa resposta pode ser exagerada e resultar num combate “excessivo” dos linfócitos T.
Essa resposta está associada às doenças autoimunes, em que o sistema imunitário revela um desequilíbrio e o que devia estar a proteger o organismo começa a atacar os seus próprios tecidos e órgãos.
Não há uma fórmula mágica para resistir sem problemas à infeção por COVID-19 e o mais seguro é ouvir as recomendações das autoridades de saúde.
Ainda assim, é sempre importante ter um sistema imunitário equilibrado e procurar hábitos de vida saudáveis que ajudam a diminuir fatores de risco. Não se esqueça que os doentes crónicos estão na lista das pessoas com mais riscos no caso de infeção por COVID-19.
O que deve comer para reforçar o sistema imunitário? Privilegie os alimentos ricos nas vitaminas A, B, C e D e em minerais como o zinco, o selénio e o ferro.
Citrinos, kiwis e espinafres
Laranjas, limões e kiwis são alimentos ricos em vitamina C e têm também propriedades antioxidantes benéficas às células do sistema imunitário.
O mesmo para os espinafres, com um bónus: além de vitamina C e antioxidantes, são uma boa fonte de fibras e ferro.
Peixe, laticínios e cogumelos
Para manter os níveis de selénio e também de iodo recomendados, procure incluir peixe nas suas refeições, consuma laticínios e ovos. O Instituto Ricardo Jorge apurou que um baixo teor de selénio e iodo no organismo pode estar associado a doenças autoimunes.
Os cogumelos são uma fonte rica de selénio, mas também de várias vitaminas importantes para o sistema imunitário por terem vitaminas B2, B3 e B5.
Amêndoas
As amêndoas têm o poder antioxidante da vitamina E, além de vitamina B3, ferro e uma combinação boa de elementos que ajudam a prevenir alguns tipos de cancro e a regular o colesterol.
É o que diz o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, onde pode consultar as propriedades destes alimentos e ainda descobrir receitas para incluir na sua alimentação para fortalecer as defesas do sistema imunitário.
É também ao desequilíbrio nas células T que alguns estudos atribuem a COVID persistente. A Organização Mundial de Saúde já reconheceu esta condição pós-COVID como algo que atinge apenas uma parte dos infetados.
Estima-se que, ao fim de 10 dias, deixe de existir risco de contágio. Julga-se que a recuperação da doença possa durar entre 2 e 6 semanas.
O tempo de recuperação não é igual para todas as pessoas e há até quem tenha sintomas associados à COVID-19 por mais algumas semanas ou meses. Mais uma vez, a explicação para a COVID persistente pode estar relacionada com a capacidade individual de resposta das células T.
Os sintomas de COVID persistente, a longo prazo, passam por:
A quem sofre destes sintomas depois de ter sido infetado, a Organização Mundial de Saúde recomenda vigilância através da medição do oxigénio no sangue. Pode fazê-lo tendo em casa um oxímetro de pulso.
Noutros casos, é recomendado o uso de anticoagulantes em doses baixas.
Mais do que estas recomendações, o essencial é ter acompanhamento médico para conhecer os cuidados específicos que deve tomar. Se há algo que este olhar sobre as células T nos diz é que ainda há muito por descobrir sobre o sistema imunitário e que cada caso é particular.
O melhor é mesmo manter a precaução para evitar o contágio com COVID-19.
Já é mais fácil entender o trabalho das vacinas contra a COVID-19 ao perceber a ligação entre as células T, as células B e os restantes elementos do sistema imunitário.
Existem, para já, 3 tipos globais de vacinas para o novo coronavírus, as vacinas mRNA, as de vetor viral não-replicativo e as de sub-unidade proteica. Todas estas vacinas atuam de forma semelhante para um objetivo comum: dar instruções ao corpo sobre como defender-se se estiver exposto ao SARS-CoV-2.
As vacinas introduzem elementos do novo coronavírus no corpo, ou relacionados com ele, e ativam a resposta imunitária do organismo.
Se tudo correr como esperado, começam a ser produzidas células T e células B, que vão lembrar-se deste inimigo e estar preparadas para combatê-lo se for necessário.
Se for vacinado e começar a sentir fadiga, dores de cabeça e mesmo febre, o seu corpo pode estar a construir as defesas necessárias contra o novo coronavírus. Confirme os efeitos secundários das vacinas listados pela Direção-Geral da Saúde.
Também é possível ser infetado por COVID-19 depois da primeira toma da vacina, no caso das vacinas que requerem mais do que uma dose. O corpo precisa de algum tempo para desenvolver esta resposta imunitária ao vírus e ainda não estará capaz de se defender antes de a vacina produzir o seu efeito.
A verdade é que ainda há dúvidas sobre a eficácia das vacinas na proteção a longo prazo contra ameaças como a do novo coronavírus. No entanto, vale a pena notar que a vacina diminui o risco de contrair doença grave por COVID-19.
A melhor proteção é cumprir as recomendações das autoridades de saúde:
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