Finanças

Já ouviu falar de coliving? Descubra o que é, quanto custa e se faz sentido para si

7 minutos de leitura
Atualizado a 4 Dezembro 2025
Grupos de pessoas na sala de estar de uma casa sentadas no sofá a conviver
Viver sozinho está cada vez mais caro, especialmente nas grandes cidades. Alugar um T1 pode ficar facilmente acima do orçamento, mesmo para quem tem um bom salário.

O coliving surge e promete três coisas que hoje valem ouro: casa pronta a entrar, comunidade e alguma previsibilidade nos custos. Mas, como qualquer modelo de habitação, tem o lado bonito e o lado menos romântico.

 

 

O que é coliving?

É um modelo de habitação partilhada em que cada pessoa tem o seu quarto privado, normalmente já mobilado, e partilha uma série de espaços comuns pensados para a comodidade. 

 

Não é apenas “alugar um quarto num apartamento com outras pessoas”. A ideia é criar uma comunidade, com serviços incluídos e um estilo de vida mais flexível. 

 

O modelo espalhou-se primeiro por cidades como Londres, Nova Iorque e Berlim, onde a habitação é cara e as pessoas mudam de cidade com frequência. Hoje, já faz parte da conversa em Lisboa, Porto, Algarve, ilhas e até em projetos rurais no interior do país.

 

Coliving vs apartamento partilhado

À primeira vista, parece tudo igual: pessoas diferentes a partilhar a mesma casa. Mas, na prática, há diferenças importantes.

 

Num apartamento partilhado:

  • Normalmente existe um titular do contrato que subaluga os quartos
  • As regras são definidas pelos próprios residentes, muitas vezes sem grande estrutura
  • A mobília é improvisada e as contas dividem-se todos os meses
  • Se alguém sai inesperadamente, o peso financeiro recai sobre quem fica.

 

Em coliving:

  • A gestão é profissional e cada residente tem o seu próprio contrato
  • Há um preço mensal fixo com contas incluídas (água, luz, internet, limpeza, etc.)
  • O espaço é desenhado de raiz para ser partilhado, com mais casas de banho, zonas de estar amplas e áreas de coworking
  • Muitos espaços oferecem serviços extra, como lavandaria, ginásio, spa ou salas multiusos
  • A experiência é mais estável e pensada para acolher pessoas em rotação constante.

 

Coliving vs residências estudantis

As residências universitárias partilham alguns princípios com o coliving: quartos privados ou partilhados, zonas comuns, cozinha ou cantina, regras de convivência. A diferença está, sobretudo, no público e no tipo de contrato.

 

Residências estudantis:

  • Pensadas quase exclusivamente para estudantes, com contratos alinhados com o ano letivo
  • Regras mais rígidas e ambientes focados na vida académica
  • A rotina gira muito em torno dos estudos e do contexto universitário.

 

Em Coliving:

  • Recebe perfis variados: estudantes de mestrado, jovens profissionais, freelancers, nómadas digitais e pessoas em transição de cidade
  • Contratos mais flexíveis, não dependentes do calendário escolar
  • Ambiente mais misto e internacional, com espaço para trabalho remoto, networking, workshops, lazer e projetos criativos.

 

 

Como funciona?

Apesar de existir em diferentes formatos, o coliving funciona quase sempre da mesma forma. Cada residente tem o seu próprio quarto — já mobilado e, nalguns casos, com casa de banho privativa ou até uma pequena kitchenette — e partilha o resto da casa com os outros moradores. As cozinhas são amplas, pensadas para vários utilizadores ao mesmo tempo, e as salas de estar, terraços, pátios ou zonas de coworking tornam-se o centro da vida diária.

 

O preço mensal costuma incluir praticamente tudo: renda, contas, internet, limpeza das áreas comuns e acesso às zonas partilhadas. Alguns espaços acrescentam ainda limpeza do quarto e algumas comodidades como ginásios.

 

Os contratos tendem a ser simples e curtos. A estadia mínima situa-se normalmente entre um e três meses e, em muitos casos, é possível renovar mês a mês ou ajustar a duração sem burocracia.

 

Alguns colivings funcionam quase como alojamento de longa duração: reservas feitas online, check-in facilitado, pagamentos digitais e uma gestão pensada para quem precisa de flexibilidade.

 

 

Vantagens do coliving

  • Pode ser mais económico do que viver sozinho, porque inclui contas, internet, limpeza e mobília
  • Para quem chega novo a uma cidade, facilita amizades e networking quase de imediato
  • Para quem muda frequentemente de cidade ou país, a flexibilidade de entrar e sair é um enorme benefício
  • Muitos colivings oferecem comodidades difíceis de ter sozinho: ginásio, salas de cinema, rooftops, hortas ou até saunas
  • Projetos rurais e regenerativos permitem acesso a espaços amplos e áreas dedicadas ao bem-estar
  • Partilhar recursos permite viver com mais conforto sem multiplicar custos.

Desvantagens do coliving

  • Mesmo com quarto privado, há sempre movimento e menor privacidade
  • Para quem precisa de silêncio absoluto ou gosta de estar totalmente à vontade, pode ser um desafio
  • Alguns espaços têm regras de silêncio e visitas, mas continuam a ser casas partilhadas com inevitável exposição
  • A mensalidade pode ser significativamente mais alta do que a de um quarto num apartamento normal
  • A experiência depende muito da compatibilidade com os restantes residentes
  • Os operadores tentam filtrar perfis, mas não há garantias de “química”
  • Conflitos podem obrigar a procurar outro espaço, com novo processo de candidatura e preços diferentes
  • Não é possível personalizar o espaço: mobília, decoração e estruturas já vêm definidas
  • Para quem procura criar “lar” a longo prazo, a falta de personalização pode ser uma limitação real.

 

 

Quanto custa coliving em Portugal?

Os preços dependem da cidade, do tipo de quarto e dos serviços incluídos, mas há intervalos que dão uma orientação:

 

  • Lisboa: quartos privados entre 500 e 1.200 euros, podendo ultrapassar 1.500 euros em opções premium
  • Porto: valores a partir de 400–450 euros, chegando aos 700–800 euros em zonas centrais ou com mais serviços
  • Algarve: suites entre 650 e 900 euros na época baixa; preços mais altos no verão, sobretudo em colivings ligados a surf e atividades outdoor
  • Interior / projetos regenerativos: valores variáveis, dependentes do tipo de programa e do grau de participação comunitária (ex.: Traditional Dream Factory).

 

O que está incluído no preço?

A mensalidade costuma incluir:

 

  • Renda, contas, internet e limpeza das áreas comuns
  • Acesso às zonas partilhadas (cozinha, sala, terraços, coworking, etc.)
  • Alguns espaços incluem também limpeza do quarto, atividades comunitárias, ginásio ou coworking sem custos extra.

 

Mas atenção: confirme o que está realmente incluído, já que alguns contratos têm limites de consumo e podem cobrar acertos adicionais se esses limites forem ultrapassados.

 

 

Espaços de coliving em Portugal

A oferta está a crescer e já não se limita a Lisboa e Porto.

 

Na capital, além de projetos privados como o Co.Lisbon, destaca-se o futuro coliving Beato, no antigo Convento das Grilas, que irá oferecer 84 unidades de alojamento com 137 quartos, cozinhas partilhadas, lavandaria, salas de estar e terraços.

 

Ainda em Lisboa, a Outsite tem casas pensadas para nómadas digitais, com quartos privados, zonas de coworking e estadias normalmente a partir de uma semana, com descontos para reservas de mais de 30 noites.

 

No Porto e arredores, há dezenas de opções em plataformas como a Coliving.com ou a Inlife, com quartos mobilados, arrendamentos individuais e preços com tudo incluído, muito orientados para estudantes, jovens profissionais e trabalhadores remotos.

 

No Alentejo, o Traditional Dream Factory está a transformar um antigo espaço industrial numa aldeia regenerativa com suites, áreas de coworking, eventos e foco forte em sustentabilidade e governação comunitária.

 

Nos Açores, o Novovento Coliving, na ilha de São Miguel, combina guesthouse, coworking e coliving, com internet rápida, vista para o mar e uma comunidade pequena, mas muito ativa, ideal para quem quer trabalhar rodeado de natureza e mar.

 

Plataformas globais como a Coliving.com ajudam a agregar muitos destes espaços num só sítio, o que simplifica a pesquisa, comparação de preços e reservas.

 

 

Como escolher o coliving ideal para si

Nem todos os espaços são iguais e, mais importante ainda, nem todos vão fazer sentido para o mesmo tipo de pessoa.

 

Para evitar escolhas por impulso, vale a pena avaliar alguns pontos antes de avançar:

 

  • Localização: confirme proximidade a transportes, trabalho/universidade e serviços; se procura natureza, considere opções fora dos centros urbanos
  • Perfil dos residentes: verifique se a comunidade corresponde ao seu estilo de vida (nómadas digitais, estudantes, profissionais, estadias longas ou curtas)
  • Serviços incluídos: avalie o que realmente precisa — coworking, ginásio, salas comuns — e evite pagar por comodidades que não vai usar
  • Reputação do espaço: consulte reviews para perceber limpeza, ambiente, internet, ruído e qualidade da gestão
  • Duração mínima: confirme se o coliving permite estadias curtas ou exige compromissos de vários meses, sobretudo se está apenas a testar a cidade.

 

 

Aspetos legais e contratuais a ter em atenção

Mesmo sendo um modelo mais flexível, o coliving continua a exigir atenção ao contrato. Há três pontos-chave a confirmar antes de avançar.

 

  1. Tipo de contrato: pode assumir a forma de contrato de arrendamento, contrato de alojamento ou licença de utilização — e cada formato implica direitos e obrigações diferentes. Leia tudo com atenção para evitar surpresas
  2. Aviso prévio: muitos espaços pedem, pelo menos, um mês de antecedência para a saída. Algo importante a ter em consideração, para planear mudanças sem custos extra
  3. Depósito e pagamentos: confirme o valor do depósito, em que condições é devolvido, se há taxas adicionais e se as contas têm limites de consumo que podem gerar acertos.

 

 

 

O coliving não é apenas uma forma diferente de morar; é uma escolha de ritmo, de companhia e de estilo de vida num momento em que todos procuramos um equilíbrio melhor entre casa, trabalho e comunidade. 

 

Pode ser uma etapa, pode ser uma solução de longo prazo ou apenas uma forma de respirar numa fase de mudança. O importante é que faça sentido para si e que o ajude a viver com mais leveza e menos complicações.

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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