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Limpeza de terrenos: prazos, legislação e procedimentos

08 jul 2024 | 5 min de leitura

Prática essencial para a prevenção de incêndios florestais, a limpeza de terrenos é também sinónimo de manutenção da segurança pública. Fique a conhecer os prazos desta fiscalização, procedimentos e coimas.

A limpeza dos terrenos é mais do que apenas cumprir a lei, trata-se de proteger vidas, propriedades e o património natural do nosso país. Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, os riscos de incêndios florestais tornam-se mais elevados, tornando imperativa a adoção de medidas preventivas eficazes.

 

 

Quais os prazos para a limpeza dos terrenos?

Conforme define o Decreto-Lei nº 82/2021, de 13 de outubro, os proprietários, arrendatários, usufrutuários ou entidades que, a qualquer título, detenham terrenos devem proceder à limpeza dos mesmos até ao dia 30 de abril 2024, prazo entretanto alargado pelo governo até 31 de maio.

 

Em comunicado, o Governo explica que “o prolongamento do prazo se deve à elevada precipitação registada nos últimos meses, que condicionou muitas das operações de gestão de combustíveis", e potenciou "o rápido crescimento da vegetação nas áreas já intervencionadas".

 

A limpeza de terrenos é uma ação anual obrigatória e crucial para garantir que os terrenos estejam limpos antes do início do período crítico de incêndios, que geralmente ocorre no verão.

 

 

Como fazer a limpeza dos terrenos?

A limpeza dos terrenos deve seguir regras específicas para garantir a segurança e a conformidade legal. Aqui estão os passos principais:

 

Corte de vegetação:

 

  • Remover ervas, arbustos e mato numa faixa de pelo menos 50 metros em torno de edifícios rurais ou florestais

 

  • Garantir que a faixa de proteção seja contada a partir da alvenaria exterior dos edifícios.

 

Poda de árvores:

 

  • Cortar ramos até quatro metros acima do solo para árvores com oito metros ou mais

 

  • Cortar ramos até 50% da altura em árvores com menos de oito metros.

 

Espaçamento entre árvores:

 

  • Manter um espaçamento de quatro metros entre árvores

 

  • Para pinheiros-bravos e eucaliptos, o espaçamento deve ser de dez metros devido à sua elevada inflamabilidade.

 

Remoção de árvores e arbustos perto de edificações:

 

  • Cortar árvores e arbustos a menos de cinco metros das edificações

 

  • Garantir que os ramos não se projetem sobre o telhado.

 

Altura da vegetação:

 

  • Manter os arbustos com altura não superior a 50 centímetros

 

  • Reduzir a altura das herbáceas para 20 centímetros.

 

Criação de faixa pavimentada:

 

  • Se possível, criar uma faixa pavimentada de um a dois metros em torno dos edifícios.

 

Limpeza dos sobrantes:

 

  • Remover e descartar corretamente os resíduos vegetais após a limpeza.

 

Proteção de espécies:

 

  • Respeitar espécies legalmente protegidas, como sobreiros e azinheiras, que só podem ser cortadas com autorização do ICNF

 

  • Proteger árvores de interesse público e jardins adequadamente mantidos, sinalizados com placas identificativas.

 

 

Exceções

As exceções às obrigações de limpeza de terrenos em zonas rurais, florestais e agrícolas aplicam-se a:

 

  • Jardins devidamente mantidos

 

  • Árvores ou conjuntos de árvores classificados pelo ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) como de "Interesse Público"

 

 

 

Quem fiscaliza a limpeza dos terrenos?

A fiscalização da limpeza de terrenos é uma tarefa essencial para a prevenção de incêndios e tem a participação de várias entidades, com destaque para a Guarda Nacional Republicana (GNR), que já se encontra ativamente no terreno com a “Operação Floresta Segura 2024", até ao dia 30 de novembro.

 

Além da GNR, as câmaras municipais também desempenham um papel fundamental na fiscalização dentro dos limites do seu concelho, com a emissão de notificações, execução de limpezas coercivas e a aplicação de coimas. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil - ANEPC apoia as câmaras municipais e a GNR nas ações de fiscalização e coordena operações de prevenção e combate a incêndios florestais.

 

 

Como decorre a fiscalização?

A fiscalização decorre em várias fases, sendo que este ano foram sinalizadas 991 freguesias como prioritárias que englobam 32% da superfície de Portugal Continental e 1.983.590 hectares de espaços florestais. Durante a "Operação Floresta Segura", a GNR concentra-se, numa primeira fase, nos proprietários, arrendatários, usufrutuários e outras entidades que detenham terrenos confinantes a edifícios situados em espaços rurais (numa faixa de 50 metros) e aglomerados populacionais, parques de campismo e parques industriais confinantes a espaços rurais (numa faixa de 100 metros).

 

Numa segunda fase, o foco das fiscalizações concentra-se nas redes viárias e ferroviárias, além das linhas de transporte, gás natural e energia elétrica.

 

Não obstante, a fiscalização no âmbito do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais será constante, sobretudo nas zonas tradicionalmente mais afetadas pelos incêndios.

 

 

Se não limpar o meu terreno, pago uma coima?

O não cumprimento das obrigações de limpeza de terrenos pode resultar em coimas:

 

  • Pessoas singulares: entre 140 euros a 5.000 euros
  • Pessoas coletivas: entre 800 euros a 60.000 euros.

 

 

É possível recorrer de uma coima?

Sim, é possível recorrer de uma coima. De acordo com a lei, os interessados têm o direito de contestar decisões administrativas que considerem injustas ou incorretas.

 

Para recorrer, o proprietário deve apresentar um requerimento formal, no qual expõe os fundamentos do recurso e deve juntar provas relevantes. É importante detalhar os motivos da contestação e fornecer toda a documentação necessária para apoiar a sua posição. Este processo deve ser iniciado dentro do prazo estipulado na notificação, garantindo assim que o recurso seja considerado pelas autoridades competentes.

 

 

Como denunciar terrenos por limpar

Se detetar casos de incumprimento, pode - e deve - denunciá-los às autoridades competentes, sejam elas a GNR ou a Câmara Municipal da localização em questão. Para tal, pode usar uma das seguintes vias:

 

 

Se tiver alguma dúvida sobre como deve gerir a vegetação à volta da sua casa ou dos edifícios pelos quais é responsável, pode também contactar os seguintes números para solicitar esclarecimentos:

 

  • Contacto SOS Ambiente e Território: 808 200 520
  • Portugal Chama: +351 211 389 320.

 

 

Apoio para limpeza de terrenos: como funciona

Em 2023, ao abrigo das medidas do Fundo Ambiental, o Governo lançou o programa “Vales Floresta”, um projeto piloto destinado a “apoiar os pequenos proprietários florestais nas ações de gestão dos espaços florestais”.

 

Este apoio, no valor de 600 euros, era atribuído a pessoas singulares com terrenos em território vulnerável, tendo, porém, de corresponder aos seguintes requisitos:

 

  • Área igual ou superior a 0,3 hectares
  • Largura igual ou superior a 20 metros
  • Presença de árvores com altura igual ou superior a 5 metros, ou com potencial para atingir essa altura.

 

Os candidatos recebiam a primeira metade do apoio financeiro e tinham até seis meses para executar as ações de limpeza. Terminado esse prazo, receberiam o pagamento da segunda metade do apoio.

 

As candidaturas para este apoio encontram-se definitivamente encerradas.

 

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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