As burlas por WhatsApp estão cada vez mais sofisticadas. A melhor maneira de evitá-las é conhecendo o modus operandi dos burlões e as técnicas mais comuns.
As burlas por WhatsApp são cada vez mais comuns. E se acredita que não lhe acontecerá a si, pense no seguinte cenário: está em casa e recebe uma mensagem por WhatsApp a dizer “Olá, pai!” ou “Olá, mãe!”, seguido de um problema, tal como: “o meu telemóvel avariou e estou a utilizar o número do meu amigo”. Há uma troca de conversas e, passado algum tempo, recebe uma mensagem com alguma urgência a dizer: “Preciso de ajuda! Podes transferir-me dinheiro por MB Way?” ou “Podes pagar-me uma conta no multibanco? Envio-te aqui o NIB e o valor”.
Com vontade de ajudar os filhos, muitas pessoas acabam por realizar o pedido e, sem saberem, são enganados. Este é um exemplo de burla de WhatsApp que tem circulado com alguma frequência em Portugal (e não só). Para se proteger destas fraudes, é importante conhecer as técnicas utilizadas e o que fazer caso tenha alguma suspeita.
As burlas online são esquemas fraudulentos realizados através da Internet, que podem assumir diversas formas, mas geralmente têm o intuito de enganar as pessoas para que forneçam informações pessoais ou realizem ações prejudiciais. As burlas online podem ocorrer em vários contextos, incluindo e-mails, sites falsos, redes sociais, apps de mensagens, como o WhatsApp, e outras plataformas online.
O WhatsApp utiliza a encriptação ponto a ponto, um método de segurança que garante a segurança das comunicações. Com a encriptação ponto a ponto, ninguém – nem o próprio WhatsApp – pode ler as mensagens ou aceder ao seu conteúdo (texto, vídeos ou imagens) enquanto estas viajam entre o seu telemóvel e o telemóvel de outra pessoa.
Assim, os criminosos que praticam burlas por WhatsApp recorrem a estratégias de engenharia social para induzir as vítimas a fornecer informações pessoais, financeiras ou a realizar atividades fraudulentas.
Em muitos casos, fazem-se passar por familiares ou amigos para que seja mais fácil obter as informações que necessitam ou extorquir dinheiro. Estas fraudes são eficazes, pois exploram o fator emocional e a confiança das pessoas. Em alguns casos, os criminosos obtêm informações sobre a vítima nas redes sociais, tornando as suas histórias mais convincentes. Além disso, costumam agir rapidamente, para criar uma sensação de urgência para que a vítima não tenha tempo de verificar a autenticidade do pedido.
Uma das burlas de WhatsApp mais conhecidas – e profícuas – é a “olá pai, olá mãe”, que iremos explicar de seguida.
É uma fraude que visa extorquir dinheiro, sendo que os burlões fazem-se passar pelos filhos das vítimas, alegando terem perdido o telemóvel e que estão a contactá-lo do número de um amigo ou de um novo número.
A vítima faz a alteração do número na agenda do seu telemóvel e, posteriormente, os criminosos pedem ajuda para pagar uma conta no multibanco, com uma referência para pagamento, para enviar-lhes dinheiro através do MB Way ou de uma transferência bancária. Confiando que se trata realmente do seu filho, a vítima faz a transferência ou o pagamento e fica sem esse dinheiro.
Neste golpe, os cibercriminosos fazem-se passar por amigos ou familiares e enviam uma mensagem à vítima alegando que, sem querer, deram o seu número para o envio de um código de seis dígitos, pedindo-lhes para lhes reencaminhar esse código. Ora, este é o código de autenticação que o WhatsApp exige para ativar contas noutros dispositivos.
Assim, o burlão fica com acesso ao WhatsApp da vítima sem esta saber, usando a sua identidade para obter informações pessoais relevantes ou para extorquir dinheiro aos seus contactos, alegando, por exemplo, que estão no estrangeiro e precisam de ajuda.
Quem costuma vender artigos online através de sites como o OLX precisa de estar muito atento. Neste golpe, a vítima tem um bem à venda numa plataforma online e o burlão aborda-o, via WhatsApp, manifestando interesse no artigo, sem fazer mais perguntas e sem discutir o preço. De seguida, informa que irá enviar um estafeta a sua casa, para buscar o bem e pagar em numerário.
Depois de acordado o dia e a hora para a transação, o criminoso afirma que a transportadora exige que seja feito um seguro, a pagar pelo vendedor – mas que o mesmo seria reembolsado pelo comprador. Quando o vendedor acede a pagar essa quantia, o criminoso termina os contactos e este fica sem essa quantia.
Hoje em dia, muitas pessoas fazem compras online. Sabendo disso, uma das burlas online mais comuns passa pelo envio de mensagens WhatsApp para números aleatórios, fingindo pertencer a determinada transportadora e informando que a encomenda já está a caminho. A mensagem costuma ter um link com a localização da encomenda e o pedido de fornecimento de alguns dados importantes para que a encomenda não seja devolvida (tais como o e-mail, dados pessoais ou número de telefone). Depois de verificado o status da encomenda, pode ser direcionado para outra página de forma a pagar uma alegada taxa alfandegária.
Este método de burla é conhecido por smishing e consiste no envio de uma mensagem em nome de empresas conhecidas – ou com nomes semelhantes –, nomeadamente comercializadoras de energia, operadoras de telecomunicações, transportadoras ou instituições financeiras. Normalmente, pedem para clicar num link de forma a "verificar", "atualizar", "reativar" a sua conta ou para “confirmar os detalhes para a entrega do pacote”. Estes dados poderão ser utilizados para aceder à sua conta de utilizador ou instalar malware no smartphone com o intuito de obter acesso a informação privada e financeira.
Se desconfiar que foi burlado, deve agir imediatamente. Caso tenha realizado uma transferência, contacte o seu banco para perceber se é possível cancelar a transferência ou ser reembolsado do valor que pagou. Em muitos casos, tal não será possível, mas vale sempre a pena tentar.
De seguida, deve apresentar queixa às autoridades competentes, tais como a Guarda Nacional Republicana, a Polícia Judiciária, a Polícia de Segurança Pública ou mesmo o Ministério Público. Também é possível fazer uma queixa eletrónica, através do portal Sistema Queixa Eletrónica. Esta poderá ser a única forma de chegar à identificação do suposto burlão.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
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