Finanças

Vai viajar? Veja como garantir que o seu cartão de multibanco funciona no estrangeiro

8 minutos de leitura
Publicado a 11 Dezembro 2025
Dois turistas a passearem felizes e senhora a ver um mapa

Usar o cartão multibanco fora de Portugal não funciona da mesma forma que usar o cartão cá dentro. Há países onde tudo corre exatamente como espera e outros onde o cartão pode falhar, aplicar taxas mais altas ou ter limitações que muitas pessoas só descobrem quando já estão a tentar pagar.

 

Este artigo serve para esclarecer o que pode ou não fazer com o seu cartão de multibanco no estrangeiro.

 

 

Como funciona o cartão multibanco fora de Portugal?

Vamos começar por desfazer um mito: a “rede Multibanco” existe apenas em Portugal. O que se leva na carteira não é “um cartão multibanco” em abstrato, mas sim um cartão associado a uma ou mais redes de pagamento.

 

Perceber esta diferença ajuda a entender por que razão o cartão pode ter comportamentos diferentes fora de Portugal.

 

Rede Multibanco vs redes internacionais

Em Portugal, quando se usa o cartão de débito para pagar ou levantar dinheiro, na maior parte dos casos está a usar a rede Multibanco.

 

Fora de Portugal, o que interessa já não é o Multibanco, mas sim se o cartão tem uma marca internacional, como:

 

  • Visa / Visa Debit / Visa Electron
  • Mastercard / Maestro
  • Nalguns casos, American Express.

 

É isso que vai determinar se o cartão funciona ou não.

 

Levantamentos ATM vs pagamentos em terminal

No estrangeiro, pagar com cartão e levantar dinheiro não são operações equivalentes. Funcionam de forma diferente e têm impactos distintos na forma como a transação é processada pela rede internacional.

 

  • Pagamentos em terminal (TPA): são mais simples e, dentro da UE, costumam funcionar como em Portugal. Mesmo fora da zona euro, o custo costuma estar ligado sobretudo à conversão da moeda
  • Levantamentos em ATM: são quase sempre menos vantajosos, porque envolvem mais entidades e, por isso, mais custos. É comum existir uma comissão fixa por levantamento, acrescida de uma percentagem, e nalguns países ainda uma taxa do próprio ATM.

 

 

Taxas e comissões por usar cartão no estrangeiro

Quando se fala em taxas cobradas pela utilização de cartões no estrangeiro, estamos geralmente a somar três tipos de custos:

 

  • A forma como é feita a conversão de moeda
  • As comissões do banco emissor (o banco em Portugal)
  • Eventuais comissões cobradas pelo operador local (ATM ou comerciante).

 

Vamos por partes.

 

Diferenças entre Zona Euro, UE/EEE e Resto do Mundo

O custo de usar o cartão no estrangeiro depende muito da região onde está a fazer a operação.

 

Essencialmente, o mundo divide-se em três zonas, e cada uma tem regras próprias que influenciam o valor final que paga.

 

  • Zona Euro: paga e levanta em euros, com comissões iguais às de Portugal. Se não paga para levantar cá, também não paga em Espanha, França ou Alemanha
  • UE/EEE fora da Zona Euro: países com outras moedas (como Suécia, Polónia ou Noruega). As comissões podem ser semelhantes às nacionais, mas há sempre conversão de moeda, com margem cambial e possível custo extra
  • Fora da União Europeia: destinos como EUA, Reino Unido ou Suíça costumam envolver comissões mais elevadas e conversão de moeda, o que pode encarecer a viagem.

 

Taxa de câmbio aplicada

Sempre que paga fora da zona euro há uma conversão de moeda, que pode acontecer de duas formas:

 

  • Pelo banco/rede internacional: a compra é feita na moeda local e convertida pela Visa, Mastercard ou pelo banco, geralmente com taxa de mercado acrescida de uma pequena margem
  • Por conversão dinâmica de moeda (DCC): o terminal pergunta se quer pagar em euros; se aceitar, a conversão é feita pelo comerciante com taxas e margens normalmente menos favoráveis.

 

Comissão de levantamento internacional

Quando se fala em comissões de levantamento no estrangeiro, independentemente do banco, o padrão costuma ser parecido:

 

  • Comissão fixa por levantamento: um valor em euros, independente do montante levantado, normalmente na ordem de alguns euros por operação
  • Comissão variável: uma percentagem sobre o valor levantado, que pode andar entre 1% e 4%, consoante o preçário e o tipo de cartão (débito ou crédito)
  • Imposto do selo: geralmente 4% sobre o valor total das comissões cobradas
  • Em muitos bancos, os levantamentos a débito dentro do Espaço Económico Europeu, em euros, podem estar isentos de comissão, enquanto os levantamentos a crédito ou fora do EEE quase sempre têm custo.

 

Por isso se diz, com razão, que levantar dinheiro no estrangeiro deve ser uma operação pontual e bem planeada, não algo que se faz todos os dias como em Portugal.

 Comissão de pagamento fora da Zona Euro

Quando paga com cartão em países cuja moeda não é o euro, surgem normalmente dois tipos de custos adicionais:

 

  • Comissão de transação internacional, habitualmente entre 1,5% e 3,5% do valor da compra
  • Comissão de conversão cambial, que pode aparecer como taxa explícita (por exemplo, 1%) ou estar incluída na taxa de câmbio praticada pelo banco.

 

No final, o valor debitado em euros tende a ser superior ao preço mostrado no terminal na moeda local — é aqui que se percebe o chamado “custo escondido” de pagar fora da Zona Euro.

 

Taxas variáveis por banco

Cada banco tem o seu preçário. Se estiver a comparar as comissões de levantamento no estrangeiro, vai encontrar estruturas semelhantes, mas não necessariamente os mesmos valores.

 

Em geral, os bancos tradicionais:

 

  • Costumam isentar levantamentos a débito em euros dentro do Espaço Económico Europeu ou da zona SEPA
  • Aplicam comissões mais significativas em:

             ○ Levantamentos fora do EEE

             ○ Levantamentos com cartão de crédito

             ○ Pagamentos em moeda não euro.

 

No caso do Santander, por exemplo, é habitual existir:

 

  • Levantamentos a débito em euros na UE/EEE sem comissão adicional, tal como em Portugal, em linha com a regulamentação europeia
  • Comissões específicas para levantamentos e pagamentos em moeda estrangeira fora da UE/EEE, que incluem:

              ○ Percentagem sobre o montante

              ○ Possível valor fixo por operação

              ○ E imposto do selo sobre a comissão.

 

Como estas condições podem mudar, o mais seguro é sempre consultar o preçário em vigor ou o simulador de comissões do banco antes de viajar.

 

Taxas dos bancos digitais

Certamente já ouviu falar na Wise e Revolut. São soluções muito atrativas para quem viaja com frequência, porque:

 

  • Permitem ter saldos em várias moedas e pagar diretamente na moeda local
  • Têm, em muitos casos, pagamentos internacionais sem comissão adicional, apenas com a taxa de câmbio (normalmente próxima da taxa de mercado)
  • Costumam oferecer levantamentos internacionais gratuitos até um certo limite mensal e, depois, uma comissão relativamente baixa.

 

Mas convém também olhar para o outro lado da moeda:

 

  • Os levantamentos têm limites mensais. Depois disso, pode pagar comissões que, em viagens mais longas, começam a aproximar-se das dos bancos tradicionais
  • Alguns benefícios mais interessantes estão associados a planos pagos (mensais ou anuais)
  • O apoio ao cliente é muitas vezes 100% digital, o que pode ser menos cómodo em situações de emergência
  • A conta está normalmente domiciliada noutro país e sob outro regulador, o que é importante perceber para quem quer que essa seja a conta principal.

 

Por isso, estes cartões funcionam muito bem como complemento ao banco principal, não tanto como única solução para tudo.

 

 

Posso usar cartão multibanco em qualquer país?

Depende. A maioria dos cartões portugueses funciona no estrangeiro, mas há situações em que podem falhar, sobretudo se tiver apenas o logótipo Multibanco ou se o banco bloquear a operação por motivos de segurança.

 

Quando isso acontece, o impacto no dia a dia pode ser este:

 

  • Terminais que só aceitam cartões de crédito
  • ATM com limites mais baixos ou redes incompatíveis
  • Zonas onde quase não há terminais e o numerário continua a ser a regra.

 

Para evitar surpresas, é prudente confirmar se o cartão tem marca internacional, verificar se está ativo para uso no estrangeiro e levar pelo menos dois cartões de bancos ou redes diferentes.

 

 

8 dicas para poupar ao usar cartão no estrangeiro

Reduzir custos não exige decorar preçários ao detalhe. Basta adotar alguns hábitos simples que fazem diferença numa viagem:

 

  1. Levante dinheiro poucas vezes, mas em montantes maiores, para evitar pagar várias comissões fixas por levantamento
  2. Planeie um valor aproximado para a viagem e distribua o dinheiro em locais diferentes, para garantir segurança
  3. Prefira pagar diretamente no terminal, sempre que possível, em vez de usar o ATM por hábito
  4. Use numerário apenas quando for mesmo necessário; muitas vezes, mesmo com uma pequena comissão, o pagamento com cartão sai mais barato do que vários levantamentos
  5. Recuse a conversão dinâmica de moeda (DCC) e escolha sempre pagar na moeda local — a taxa aplicada pelo banco costuma ser mais justa do que a do comerciante
  6. Consulte um conversor de moeda antes de viajar (como o do Banco de Portugal ou do Banco Central Europeu (BCE) para ter noção da taxa de mercado
  7. Tenha um segundo cartão preparado para viagens, idealmente multimoeda ou de um banco digital, com pagamentos internacionais sem comissão e levantamentos gratuitos até determinado limite
  8. Combine o cartão habitual do banco tradicional com um cartão complementar pensado para pagamentos internacionais, para uma maior flexibilidade e menores custos.

 

 

7 dicas de segurança ao usar cartão no estrangeiro

A segurança do cartão é tão importante quanto evitar comissões. Quando se viaja, pequenos cuidados fazem toda a diferença para prevenir fraudes, bloqueios inesperados ou perdas difíceis de resolver longe de casa. Antes e durante a viagem, vale a pena adotar algumas práticas simples:

 

  • Ative notificações por SMS ou app para saber, em tempo real, sempre que o cartão é utilizado
  • Verifique regularmente os movimentos na app do banco e bloqueie temporariamente o cartão se notar algo fora do normal
  • Informe o banco sobre a viagem e confirme limites de levantamento e pagamento no estrangeiro
  • Leve pelo menos dois cartões e guarde-os em locais diferentes, para ter alternativa caso um seja perdido ou bloqueado
  • Observe bem o ATM antes de usar e evite caixas com peças soltas, fendas estranhas ou sinais de adulteração
  • Tape sempre o PIN ao digitar e mantenha o cartão à vista em pagamentos presenciais
  • Em caso de perda, roubo ou transações que não reconheça, contacte imediatamente o banco para bloquear o cartão e contestar movimentos.

 

 

Então já sabe, se vai viajar, consulte sempre o preçário atualizado do seu banco e, se possível, teste o cartão antes de partir.

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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