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Nos últimos anos, as criptomoedas passaram de uma curiosidade de nicho a uma febre mundial. Prometem liberdade, inovação e, para alguns, ganhos astronómicos. Mas por trás da promessa de enriquecimento rápido, existe também uma boa dose de riscos que não podem ser ignorados.
Neste artigo, vamos mostrar-lhe porque é que investir em cripto pode ser tão entusiasmante quanto desafiante, e quais os cuidados a ter para navegar num mercado em constante mudança.
Embora muitas vezes sejam conhecidas como “moedas virtuais”, as criptomoedas são, na verdade, ativos digitais (ou criptoativos) baseados em tecnologia blockchain. Não existem em formato físico (vivem apenas no mundo digital) e assentam num sistema descentralizado que pode ser imaginado como um grande livro de registos online, onde cada transação fica gravada de forma pública, transparente e quase impossível de apagar.
O Bitcoin foi a primeira criptomoeda a surgir, mas hoje existem milhares — como Ethereum, Ripple, Cardano ou Solana —, cada uma com funções e níveis de risco diferentes.
A grande atração está na descentralização: não dependem de bancos centrais nem de intermediários. Mas essa mesma liberdade abre espaço a vários desafios
O preço de uma criptomoeda pode disparar hoje e despencar amanhã. A Bitcoin é o maior exemplo: já subiu mais de 300% em poucos meses e perdeu metade do valor em semanas. Para quem procura lucros rápidos, a instabilidade pode ser tentadora. Mas é um pesadelo para quem não está preparado para as perdas.
Apesar de a tecnologia blockchain ser considerada segura, as plataformas onde as moedas são compradas e guardadas nem sempre o são. Casos como o da Mt. Gox que, em 2014, perdeu 850 mil bitcoins num ataque, mostram que nenhum investidor está completamente a salvo. Hackers e fraudes online continuam a ser uma das maiores ameaças do setor.
Quantas vezes já ouviu falar de “moedas milagrosas” que prometem enriquecer em semanas? Muitos desses projetos acabam por ser esquemas fraudulentos, como o caso da Squid Token, inspirada na série da Netflix, que enganou milhares de pessoas em 2021. A falta de informação e a ânsia por ganhos rápidos tornam os investidores presas fáceis.
Ao contrário dos bancos ou corretoras tradicionais, as criptomoedas operam num terreno ainda pouco regulado. O que significa menos proteção para os investidores e maior espaço para manipulação de mercado e atividades ilícitas. A União Europeia já começou a impor regras através do regulamento MiCA (Markets in Crypto-Assets), mas o cenário global continua desigual e incerto.
Nem sempre se fala disto, mas a mineração de criptomoedas consome quantidades enormes de energia, muitas vezes produzida por fontes poluentes. O Bitcoin, por exemplo, gasta por ano o equivalente ao consumo energético de um país pequeno. É uma pegada ecológica levanta cada vez mais preocupações e pressiona os governos a impor restrições.
Não há fórmulas mágicas, mas algumas práticas ajudam a proteger o dinheiro:
1. Diversificação: não coloque todos os ovos no mesmo cesto. Muitos especialistas sugerem que nunca mais de 5% do portefólio esteja em cripto. Assim, mesmo que uma moeda perca valor, o impacto no total dos seus investimentos é limitado
2. Pesquise antes de comprar: não se deixe levar apenas pelo “hype”. Procure entender qual é a utilidade real da moeda, quem são os fundadores, se existe uma comunidade ativa e se o projeto tem um propósito concreto
3. Use carteiras seguras: guarde os seus ativos em hardware wallets (desligadas da internet) ou em plataformas conhecidas, que ofereçam proteção extra como autenticação de dois fatores e armazenamento a frio. Isso reduz bastante o risco de ataques
4. Evite cair em promessas fáceis: desconfie de qualquer oferta que prometa lucros garantidos ou multiplicação rápida do investimento. Muitos esquemas de fraude começam com histórias demasiado boas para serem verdade
5. Acompanhe a regulação: esteja atento às regras que surgem. Na União Europeia, por exemplo, entrou em vigor em 2023 o regulamento MiCA, que pretende trazer mais transparência e proteção aos consumidores. Saber onde e como investir faz toda a diferença
6. Eduque-se continuamente: o mercado muda todos os dias, e a melhor defesa é estar bem informado. Leia artigos, participe em webinars, siga fontes credíveis e nunca pare de aprender - vai conseguir tomar decisões mais conscientes.
Outro ponto que não pode ser esquecido é a tributação. Desde 2023, em Portugal, as mais-valias obtidas com a venda de criptomoedas detidas por menos de 365 dias são tributadas em sede de IRS à taxa de 28% (ou englobadas, se o contribuinte preferir). Se a moeda for mantida por mais de um ano, não há tributação.
Tal significa que a estratégia de investimento deve também considerar o prazo de detenção, para evitar surpresas fiscais.
Por isso, enquanto ações ou obrigações podem ser vistas como investimento, as criptomoedas devem ser encaradas sobretudo como uma aposta de alto risco.
Atualmente, o mercado das criptomoedas está a atravessar uma fase de maior maturidade. A implementação prática do regulamento europeu MiCA começou a fazer-se sentir, com as principais plataformas e corretoras a adaptarem-se às novas exigências de transparência e proteção ao consumidor.
Ao mesmo tempo, observa-se um interesse crescente das instituições financeiras tradicionais, que começam a integrar serviços de compra, custódia e negociação de criptoativos de forma regulada. Bancos e fintechs estão a explorar soluções baseadas em blockchain para pagamentos internacionais e emissão de ativos digitais.
Também há uma mudança no perfil dos investidores: menos especulação e mais foco em utilidade. Projetos ligados à tokenização de ativos reais (como imóveis ou obras de arte), stablecoins e moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) estão a ganhar terreno, substituindo parte do entusiasmo inicial por ganhos rápidos.
Em resumo: o mercado cripto de atual é mais regulado, mais institucional e, aos poucos, mais estável, mas continua longe de ser isento de riscos.
A resposta depende do seu perfil. Se tem tolerância ao risco e consegue lidar com a possibilidade de perder o valor investido sem comprometer as suas finanças pessoais, pode considerar criptomoedas como uma pequena parte da carteira.
Para quem procura estabilidade, é importante não ignorar que este mercado traz riscos elevados — desde a volatilidade extrema até fraudes e falta de regulação. O potencial de ganhos existe, mas só faz sentido entrar se estiver preparado para perdas igualmente rápidas.
Antes de investir, faça a pergunta essencial: “Estou confortável em arriscar este dinheiro?”. Se a resposta for não, talvez seja melhor esperar.
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