bem-estar

Como lidar com a infertilidade

27 out 2023 | 6 min de leitura

Sabia que um em cada 10 casais tem dificuldade em engravidar? No entanto, continua a ser um tema tabu. Saiba o que é a infertilidade, as causas e as opções disponíveis.

consulta de infertilidade

Constituir família é uma vontade partilhada por muitos casais. Porém, o que acontece quando, após sucessivas tentativas, o sonho não se traduz numa realidade? Este cenário é mais comum do que imagina.

 

Neste artigo, damos-lhe a conhecer a história de Joana Folgado, que há oito anos mantém viva a esperança de uma gravidez desejada, e abordamos o tema, nem sempre fácil, da infertilidade.

 

 

Um sonho que se mantém vivo

É com sorriso aberto, olhos brilhantes e voz doce que Joana Folgado, 38 anos, conta a sua história. Há oito anos que aguarda pelas duas linhas no teste de gravidez, sem nunca perder a esperança. “É uma vontade que tenho desde criança. Quando existe um grande sonho, não há como desistir”.

 

 

Tudo começou quando, um ano após o casamento, Joana e Paulo (o marido) decidiram que tinha chegado a hora de serem pais. Começaram a tentar e, seis meses depois, a tão desejada gravidez ainda não tinha acontecido.

 

Nesse momento procuraram ajuda médica. Após a realização de alguns exames, chegou o diagnóstico: Joana tinha baixa reserva ovárica, o que faz com que seja mais difícil conseguir engravidar de forma natural. “Foi muito duro. Ninguém nos prepara para ouvir esta notícia. Muitas vezes acreditamos, erradamente, que engravidar é fácil. Comigo tem sido um processo bastante complicado”.

 

 

Afinal, o que é a infertilidade?

Segundo a Organização Mundial da Saúde, “a infertilidade é uma doença do sistema reprodutor masculino ou feminino que se caracteriza pela incapacidade em engravidar após doze ou mais meses de relações sexuais regulares desprotegidas”.

 

 

Quais as causas da infertilidade?

A infertilidade pode ser causada por diversos fatores, tanto no sistema reprodutor masculino como no feminino. Assim, e segundo a Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução:

 

  • Entre 20 a 30% das situações de infertilidade são causadas pelo sistema reprodutor masculino

 

  • Entre 30 a 40% das situações de infertilidade são causadas pelo sistema reprodutivo da mulher

 

  • Em cerca de 30% das situações, ambos contribuem, em maior ou menor grau, para o problema

 

  • 5% a 10% dos casais são inférteis por causa desconhecida.

 

 

Causas da infertilidade feminina

As situações que mais contribuem para a infertilidade feminina são:

 

  • Problemas na ovulação. É uma condição em que os ovários da mulher não libertam óvulos regularmente durante o ciclo menstrual, o que pode resultar na ausência de ovulação. Pode ter como sintomas menstruações irregulares ou mesmo ausentes, e estar associada a excesso de peso, emagrecimento excessivo, ansiedade, stress ou idade

 

  • Obstrução das trompas. Nesta condição, as Trompas de Falópio estão obstruídas, dificultando ou impedindo a passagem dos óvulos dos ovários para o útero, o que pode levar a complicações na concepção. Raramente há sintomas associados à obstrução tubária

 

  • Doenças do útero. Como, por exemplo, fibromiomas uterinos, anomalias congénitas na configuração do útero e alterações na sua cavidade interna

 

  • Muco cervical desfavorável. Acontece quando o muco produzido pelo útero nos dias que antecedem a ovulação é muito espesso, dificultando a entrada dos espermatozóides. Em casos raros, o muco contém anticorpos que imobilizam os espermatozóides.

 

  • Endometriose. É uma condição em que o tecido que reveste o útero começa a crescer fora dele e implanta-se noutras áreas do corpo. Pode estar associada a menstruações especialmente dolorosas

 

  • Abortos de repetição. Acontece quando a mulher não tem dificuldades em engravidar, porém a gravidez não se desenvolve. Pode dever-se a alterações hormonais ou a malformações congénitas do útero.

 

 

Causas da infertilidade masculina

As situações mais comuns são:

 

  • Diminuição do número de espermatozóides. Em condições normais, um homem produz mais de 100 milhões de espermatozóides em cada ejaculação. Se a contagem for inferior a 20 milhões, a sua fertilidade está significativamente reduzida e a probabilidade de que ocorra uma gravidez é menor

 

  • Espermatozóides com mobilidade reduzida. Refere-se a uma condição em que os espermatozoides têm dificuldade em mover-se de forma eficiente em direção ao óvulo

 

  • Espermatozóides com configuração anormal. É uma condição em que a forma ou estrutura dos espermatozóides apresentam anormalidades, que podem afetar a capacidade de fertilização

 

  • Ausência de espermatozóides. Significa que os testículos não produzem espermatozóides ou que os canais que conduzem os espermatozóides para o exterior dos testículos estão obstruídos

 

 

Tratamentos disponíveis

Se está há um ano a tentar engravidar sem sucesso, mantendo relações sexuais regulares, o casal deve consultar um médico, para avaliar os antecedentes clínicos de ambos. O especialista vai perguntar sobre doenças e intervenções cirúrgicas efetuadas, características do ciclo menstrual, dificuldades sexuais e o estilo de vida do casal. Em alguns casos, a dificuldade pode ser ultrapassada com a determinação da altura mais adequada para haver relações sexuais.

 

Porém, poderá ser necessário realizar exames complementares de diagnóstico, assim como controlar o equilíbrio hormonal e a análise do esperma.

 

Os tratamentos disponíveis podem passar por:

 

  • Medicação que ajude a regular eventuais problemas hormonais no homem ou na mulher (por exemplo, para provocar a ovulação)

 

  • Cirurgia para, por exemplo, eliminar obstáculos físicos que estejam a dificultar ou a impedir o processo de fecundação

 

  • Técnicas laboratoriais de fertilização, entre as quais a inseminação intra-uterina ou a fertilização in vitro.

 

No caso da Joana e do Paulo, o primeiro tratamento foi a indução ovárica. Quando este tratamento não funcionou, o casal experimentou a fertilização in vitro. Após algumas tentativas, seguiu-se a doação de ovócitos, sendo esta a fase em que o casal se encontra. Tratamento após tratamento, ano após ano, o sonho da gravidez continua por cumprir. “A cada tratamento mal sucedido, vivemos um processo de luto, mágoa e tristeza. É muito duro, mas continuo sem desistir”.

 

 

É importante procurar ajuda

Quando os resultados demoram a surgir, a esperança pode dar lugar à tristeza. Nesses momentos, é importante procurar ajuda. “Não tem que ser um processo solitário, há muitas pessoas a passarem pelo mesmo”, explica Joana. Foi com esse objetivo em mente que, há cerca de cinco anos, trocou uma carreira na área da gestão pelo coaching de fertilidade. Assim, e em conjunto com Joana Freire e Andreia Trigo, criou a Associação “Uma Vida Mais Fértil”.

 

O objetivo passa por ajudar pessoas que estejam a passar pelo processo de dificuldade em engravidar. “Existe muita vergonha, mas também desinformação. Por vezes, as pessoas tomam decisões sobre assuntos que não percebem muito bem”, explica. A associação presta apoio a vários níveis: físico, mental e emocional, mas também partilha informação que ajuda a percorrer este caminho de forma mais saudável.

 

Tem um problema de infertilidade? De 30 de outubro a 4 de novembro comemora-se a semana europeia da fertilidade e a associação Uma Vida Mais Fértil promove um conjunto de iniciativas que procuram esclarecer as dúvidas com especialistas, dar a conhecer histórias de casais que passaram pela mesma situação e informar sobre todas as opções que tem à disposição para tomar decisões informadas.

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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