bem-estar

Viver com transtorno bipolar: o que é e que tratamentos existem

21 jun 2021 | 10 min de leitura
Saiba como diagnosticar e ajudar quem sofre de distúrbio bipolar e conheça os tratamentos que permitem a toda a família manter a qualidade de vida.
transtorno bipolar o que é

Existem cerca de 200 mil casos de transtorno bipolar diagnosticados em Portugal. No mundo, são perto de 68 milhões.

 

É uma das perturbações da saúde mental mais comuns, conhecida pelas alterações drásticas de humor. 

 

O que é o transtorno bipolar, além das alterações de humor? Quais são os sintomas e como se pode reconhecer a doença? O que fazer para tratá-la?

 

 

O que é o transtorno bipolar? 

As doenças do século XXI: assim se descreve, de forma genérica, a ansiedade, a depressão e outras perturbações mentais. É preciso distinguir umas das outras e aprender a lidar com os casos que podem estar perto de nós. 

 

O transtorno bipolar é uma patologia psiquiátrica que se caracteriza por alterações acentuadas de humor. Quem sofre desta perturbação, passa por momentos de depressão alternados com episódios de mania ou hipomania, isto é, euforia mais ou menos acentuada. 

 

Estas mudanças de humor podem ser graves, moderadas ou mais leves e são a faceta mais visível da doença bipolar, antes conhecida como doença maníaca-depressiva. 

 

Na prática, as pessoas que têm transtorno bipolar podem oscilar entre fases de enorme felicidade, entusiasmo, energia, e momentos de depressão, apatia e tristeza. É como se lhes faltasse um ponto de equilíbrio a nivelar os dois extremos. 

 

Além do impacto óbvio na saúde do doente bipolar, a perturbação afeta também a forma como navega pelo mundo: as suas relações sociais, o trabalho, a capacidade de progredir na vida.

 

 

Quais são os sintomas de transtorno bipolar?

Os sinais e sintomas do transtorno vão variar conforme o estado em que o paciente se encontra e a gravidade do quadro.

 

No quadro de mania ou hipomania (menos acentuada), o distúrbio bipolar causa uma energia desmedida ou desadequada ao momento.

 

Ainda que cada doente com perturbação bipolar tenha a sua própria manifestação da doença, há sintomas listados pela Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares:

 

  • ansiedade e irritabilidade extrema, que pode causar reações negativas para com as pessoas à sua volta
  • menor necessidade de dormir e um comportamento quase hiperativo
  • pensamentos acelerados: nota-se através de uma fala rápida com mudanças de assunto repentinas
  • sensação de poder acima da média (de grandiosidade)
  • autoestima aumentada desproporcionalmente
  • perda de noção da realidade e até episódios psicóticos, com delírios e alucinações
  • despesas excessivas
  • aumento de libido e desinibição sexual
  • abuso de álcool e outras substâncias

 

 

Não é difícil perceber que um doente bipolar em fase maníaca vê tudo de uma perspetiva expansiva ou de grandiosidade, que o pode levar a interromper ou recusar os tratamentos e até a não reconhecer a perturbação. 

 

Mas quando mergulha no quadro depressivo, a euforia dá lugar à tristeza e somam-se outros sintomas:

 

  • perda de autoestima e obsessão com os fracassos, numa espiral de pensamentos negativos
  • culpa excessiva, acompanhada de sentimentos de inutilidade e desespero
  • dificuldade em manter a concentração, com um raciocínio lento, por oposição à rapidez dos pensamentos da fase maníaca
  • falhas de memória
  • alterações de sono, que podem manifestar-se em insónias mas também em sono a mais
  • dificuldade em tomar decisões
  • alterações de energia, que podem ser apatia e cansaço, mas também agitação e inquietação
  • perda de apetite
  • perda de interesse sexual
  • perda de noção da realidade, que também podem levar a delírios 
  • abuso de álcool e outras substâncias
  • desinteresse pelas atividades de lazer (anedonia)

 

 

Numa crise depressiva, o doente bipolar pode mesmo ter pensamentos relacionados com morte e suicídio

 

Existem também episódios mistos, onde se cruzam sintomas de mania e de depressão.

 

O diagnóstico da doença bipolar nem sempre é feito de imediato, o que dificulta o tratamento e estabilização do doente.

 

Alguns sintomas podem direcionar os médicos para perturbações mentais distintas. Por exemplo, a perda de adesão à realidade e, quando associados, as alucinações e delírios psicóticos, também são traços de outras perturbações mentais como a esquizofrenia. A instabilidade nos relacionamentos sociais pode encontrar-se no distúrbio de personalidade borderline, embora com contornos mais intensos.

 

 

Reconhecer os sinais de alerta

É verdade que todos passamos por alterações de humor. No entanto, existe diferença entre mudança de humor e bipolaridade.

 

No transtorno bipolar os episódios de euforia ou sintomas depressivos podem durar vários dias ou semanas e ter consequências graves para os doentes a nível pessoal e social.

 

Então, como distinguir aqueles dias menos bons de sinais mais preocupantes?

 

Tome nota de alguns comportamentos a ter em atenção:

 

  • alterações repentinas de autoestima
  • dificuldade em manter a concentração e terminar tarefas
  • perda de interesse nos temas e atividades do dia a dia
  • alterações nos comportamentos sociais, como desinibição ou isolamento
  • alterações de apetite e no sono
  • irritabilidade
  • estados prolongados de energia e bom humor

 

 

Vistos de fora, estes comportamentos podem ser interpretados como pontuais, mas também podem ser sinal de algo mais profundo se passa. 

 

Cumprir as funções básicas do dia a dia, como ir trabalhar, pode ser uma tarefa impossível para um doente com distúrbio bipolar. 

 

Gastos excessivos em objetos dispensáveis ou injustificados também podem fazer soar os alarmes.

 

 

Diferentes tipos de transtorno bipolar

Quanto tempo dura a fase maníaca? A fase depressiva pode estender-se por semanas? Quando é que um doente com perturbação bipolar passa de uma para a outra? Atravessa as duas ao mesmo tempo?

 

A duração e frequência dos episódios, assim como os sintomas, determinam o tipo de transtorno bipolar:

 

 

Transtorno bipolar I

 

O transtorno bipolar tipo I caracteriza-se pela ocorrência de, pelo menos, um episódio maníaco (com a duração mínima de uma semana). Normalmente, também se verificam episódios depressivos.

 

 

Transtorno bipolar II

 

No transtorno bipolar II, já existiu, pelo menos, um momento depressivo significativo e crises hipomaníacas, que não resultam em episódios de mania completos.

 

 

Transtorno ciclotímico

 

Quando a euforia e a depressão se manifestam em episódios curtos e leves alternados, quando são menos intensos e ocorrem no tempo de forma irregular, podemos estar perante um transtorno ciclotímico.

 

 

O que causa o transtorno bipolar?

É a pergunta que todos os que vivem com ou perto desta perturbação fazem: porquê? 

 

Não há certezas sobre a origem da doença bipolar, mas estão identificados alguns fatores de risco.

 

Nos fatores internos, acredita-se que existe um peso da genética. Ter um familiar muito próximo que sofre da doença pode representar maior risco. Mas também a personalidade do doente, se passou por experiências traumáticas e se vive períodos de stress intensos. 

 

Nos fatores externos, o consumo de substâncias como drogas e álcool pode ter influência no diagnóstico. 

 

O transtorno bipolar manifesta-se, tipicamente, na adolescência, mas também pode surgir depois dessa idade e diagnostica-se, na mesma medida, em homens e em mulheres.

 

 

Como lidar com o transtorno bipolar? 

Estar informado sobre o que são as perturbações mentais e como reconhecê-las é meio caminho para ajudar aqueles que vivem com distúrbios de saúde mental.

 

No caso do transtorno bipolar, como noutras perturbações mentais, também é preciso pensar nas pessoas mais próximas, familiares e amigos que acabam por ser afetados pela doença ao conviverem com ela.

 

 

Existe tratamento para a doença bipolar?

Não se pode prevenir nem curar por completo a perturbação bipolar.

 

Mas é possível controlar a doença e tratá-la, para evitar que os episódios de mania e depressão se convertam em crises graves. Esta é a chave para garantir qualidade de vida às pessoas afetadas.

 

1º passo do tratamento: procurar ajuda médica especializada. O ideal é que o acompanhamento seja feito por um psiquiatra e é ele quem vai definir o plano de tratamentos a seguir.

 

O tratamento pode incluir medicamentos estabilizadores de humor, medicação que ajuda a equilibrar o humor do doente bipolar e a evitar que pequenas variações se transformem em episódios maiores. Uma das substâncias mais conhecidas nestes medicamentos é o lítio.

 

A grande dificuldade, neste ponto do tratamento, é garantir que a medicação é tomada de forma regular. Uma falha pode desencadear episódios de mania ou depressão e, consequentemente, a má adesão ao tratamento pode tornar mais difícil a estabilização do quadro.

 

Nas crises maníacas, é possível que o médico recomende a toma de medicamentos antipsicóticos. No pólo oposto, estão os medicamentos antidepressivos.

 

É importante garantir acompanhamento de psicoterapia, já incluído nalguns seguros de saúde, e que pode até incluir sessões de terapia em grupo além das individuais.

 

Partilhar é uma das formas de lidar com a doença bipolar e saber dizer quando se sentem os primeiros sinais de alerta pode ser um mecanismo para evitar crises.

 

Se sofre de doença bipolar e nota que está a ter dificuldades em dormir, por exemplo, fale de imediato com as pessoas mais próximas que vão compreender o que essa alteração pode representar ou contacte o médico que já o acompanha.

 

Ter apoio externo é um dos fatores mais importantes para viver com a doença bipolar, além da desmistificação do quadro. A doença pode ser controlada, trazendo melhor qualidade de vida e menos impacto negativo ao paciente, uma vez que se procure ajuda precocemente.

 

 

Como conviver com o transtorno bipolar?

É fundamental manter uma rede consistente de apoio, mesmo nos momentos em que a pessoa com doença bipolar tende a isolar-se. 

 

Se convive com alguém com doença bipolar, saiba o que pode fazer para ajudar: 

 

  1. Informe-se. Tente compreender a doença e conheça os sinais que podem despertar episódios maníacos ou depressivos – quando eles aparecerem, saberá estar um passo à frente de uma eventual crise
  2. Conheça o plano de tratamentos. Esteja a par das consultas e sessões de terapia marcadas e, por que não, acompanhe o seu familiar ou amigo até à entrada. Vai estar a mostrar-lhe o quanto se preocupa
  3. Esteja atento à medicação. Tente garantir que não existem falhas na toma dos medicamentos prescritos, porque pode estar aí a origem de uma crise
  4. Amanhã vai ser melhor. Recorde à pessoa que vive com distúrbio bipolar que é possível sentir-se melhor, seguindo as indicações médicas. Mostre-lhe que há luz ao fundo do túnel
  5. Esteja atento a alterações. Das mais pequenas às mais estruturais, as alterações podem despertar um desequilíbrio, provocar surpresa e deitar por terra a sensação de controlo que ajuda a manter a estabilidade
  6. Trate de si. Conviver de perto com um caso de doença bipolar tem os seus efeitos. Adote técnicas para gerir o seu stress no dia a dia

 

Não é fácil lidar com o distúrbio bipolar, mas lembre-se: não está sozinho.

 

Portugal é o 2º país da Europa com mais doenças psiquiátricas e, dessas, mais de 7% estão relacionadas com perturbações do humor, como a doença bipolar.

 

 

As perturbações mentais fazem parte da nossa realidade

Se existe alguma verdade na ideia de que as perturbações mentais são as doenças dos nossos tempos, então talvez a melhor resposta que possamos dar-lhes hoje esteja na empatia

 

Compreender é o primeiro passo para empatizar. Procure informar-se sobre o que é a doença bipolar e o que sentem as pessoas que sofrem desta perturbação. 

 

Claro que a ficção ultrapassa muitas vezes a realidade. Mas também retrata histórias que nascem na realidade. Aqui ficam alguns filmes e séries onde pode aprender mais sobre o distúrbio bipolar:

 

 

Apesar de não ser específico sobre a doença bipolar, o filme Divertida-Mente (Inside Out, 2015) é uma porta de entrada no mundo das emoções e ajuda a explicar às crianças o que  podemos sentir e o que os outros podem estar a viver.

 

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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