Bem-estar

Viver com transtorno bipolar: o que é e que tratamentos existem

| 8 min de leitura
Atualizado a 26 Agosto 2025
transtorno bipolar o que é

É uma das perturbações da saúde mental mais comuns, conhecida pelas alterações drásticas de humor. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), existem cerca de 40 milhões com transtorno de bipolaridade no mundo, o que representa aproximadamente 0,5% da população mundial. Só em Portugal, afeta mais de 200 mil pessoas (cerca de 2% da população).

 

Mas afinal o que é o transtorno bipolar? O que há para além das alterações de humor? Quais são os sintomas e como se pode reconhecer a doença? O que fazer para tratá-la?

 

É isso que vamos perceber ao longo deste artigo.

 

 

O que é o transtorno bipolar?

O que antes se chamava “psicose maníaco-depressiva” ou, mais informalmente, “bipolaridade”, é hoje conhecido como transtorno bipolar, o termo mais adequado. Trata-se de uma perturbação psiquiátrica marcada por alterações intensas do estado de humor.

 

Quem vive com este transtorno alterna entre períodos de euforia, energia e grande entusiasmo e fases de depressão, tristeza e apatia. Estas oscilações podem ser leves, moderadas ou bastante graves e são, muitas vezes, o aspeto mais visível da doença.

 

Geralmente, a pessoa com transtorno bipolar tem dificuldade em manter um equilíbrio emocional estável, o que pode afetar significativamente a sua vida social, profissional e pessoal.

 

 

As doenças do século XXI

Assim se descreve, de forma genérica, a ansiedade, a depressão e outras perturbações mentais. Não são todas a mesma coisa, apesar de muitas vezes serem colocadas na mesma caixa. É preciso saber distinguir umas das outras, aprender a lidar com os casos que podem estar perto de nós e perceber que têm diferentes formas de tratamento.

 

 

Quais são os sintomas de transtorno bipolar?

Cada caso é um caso, no entanto de acordo com a Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares existem alguns sintomas listados que podem surgir.

 

Alguns dos sintomas são:

  • Irritabilidade intensa: a pessoa torna-se muito exigente e facilmente zangada quando os outros não correspondem às suas vontades
  • Mudanças bruscas de humor: alterna rapidamente entre emoções; os pensamentos aceleram, a fala torna-se muito rápida e desorganizada
  • Reações exageradas: interpreta mal situações comuns e irrita-se com coisas pequenas, levando a mal até comentários inocentes
  • Aumento repentino de interesses: envolve-se em várias atividades ao mesmo tempo, faz compras impulsivas e oferece coisas em excesso
  • Sentimento de superioridade: acredita ter capacidades fora do normal, sentindo-se mais importante ou poderosa do que os outros
  • Energia anormalmente alta: mostra-se constantemente ativa, quase sem pausas ou sinais de cansaço
  • Dorme muito pouco sem sentir necessidade de descansar
  • Desejo sexual aumentado: apresenta comportamento desinibido ou escolhas imprudentes nessa área
  • Nega a doença: não reconhece que está doente, recusa ajuda e tende a culpar os outros pelos problemas
  • Perde contacto com a realidade: tem ideias estranhas (delírios) ou ouve vozes (alucinações)
  • Consumo de substâncias: pode recorrer ao álcool ou drogas de forma excessiva.

 

Consoante o tempo, o estado do humor pode alterar para uma depressão em que as pessoas vivem um estado de tristeza e desespero.

 

A gravidade da depressão pode desencadear sintomas como:

  • Pensamentos negativos persistentes e baixa autoestima: a pessoa sente-se em falha, incapaz e pode ficar presa a ideias negativas das quais não consegue libertar-se
  • Sensação de inutilidade, desespero e culpa exagerada, mesmo sem motivo concreto
  • Raciocínio lento, esquecimentos frequentes e dificuldade em concentrar-se ou tomar decisões
  • Desinteresse pelo trabalho, passatempos ou pela convivência com outras pessoas, incluindo família e amigos
  • Foco exagerado em queixas físicas, como prisão de ventre ou mal-estar generalizado
  • Inquietação constante ou, pelo contrário, falta total de energia, apatia e cansaço extremo
  • Alterações no apetite e no peso, seja por comer demais ou quase nada
  • Problemas com o sono, que pode ser insuficiente (insónias) ou em excesso
  • Redução do desejo sexual
  • Choro frequente ou sensação de querer chorar sem conseguir
  • Pensamentos sobre a morte, com ou sem intenção de suicídio
  • Consumo abusivo de álcool ou outras substâncias
  • Perda de contacto com a realidade, com ideias estranhas (delírios) ou audição de vozes com mensagens negativas e críticas.

 

 

Reconhecer os sinais de alerta

As alterações de humor são comuns a todos nós. No entanto, existe uma grande diferença entre mudança de humor e bipolaridade.

 

Quando surge um episódio de euforia ou os sintomas depressivos aparecem, podem durar vários dias ou até mesmo semanas e ter consequências graves para os doentes a nível pessoal e social.

 

Então, como distinguir aqueles dias menos bons de sinais mais preocupantes

 

Sinais que deve ter atenção:

  • Oscilações súbitas na autoestima
  • Falta de foco e dificuldade em concluir o que começa
  • Desmotivação ou desinteresse por assuntos e rotinas habituais
  • Mudanças no comportamento social, como excesso de confiança ou afastamento dos outros
  • Distúrbios no apetite e nos padrões de sono
  • Facilidade em ficar irritado ou impaciente
  • Períodos longos de euforia e energia fora do normal.

 

Por vezes, estes comportamentos podem ser interpretados como pontuais, mas também podem ser sinal de algo mais grave. Os doentes com distúrbio de bipolaridade podem ter dificuldade em cumprir tarefas mais básicas do dia a dia.

Tipos de transtorno bipolar

Contrariamente ao que se pode pensar, não existe apenas um transtorno de bipolaridade. Na verdade são três e vamos entender as diferenças:

 

 

Transtorno bipolar I

Este tipo de transtorno bipolar é marcado pela ocorrência de pelo menos um episódio de mania, com uma duração mínima de uma semana. É comum que esses episódios sejam seguidos ou intercalados com fases de depressão intensa.

 

 

Transtorno bipolar II

No tipo II, a pessoa já passou por pelo menos um episódio depressivo importante e por crises de hipomania, fases de euforia mais leves e menos intensas do que a mania. No entanto, nunca chega a ter um episódio maníaco completo.

 

 

Transtorno ciclotímico

Neste caso, surgem altos e baixos emocionais mais leves e irregulares, com episódios breves de euforia e tristeza que não são suficientemente intensos para serem classificados como mania ou depressão. O padrão é menos grave, mas mais prolongado no tempo, podendo causar impacto na qualidade de vida.

 

 

O que causa o transtorno bipolar?

Não há certezas sobre a origem da doença bipolar, mas estão identificados alguns fatores de risco. Por norma, manifesta-se na adolescência, ainda assim pode surgir numa idade mais adulta. Podem existir fatores internos e fatores externos.

 

Nos fatores internos, a genética pode ser um fator que desencadeia este distúrbio. Ainda assim, a experiência de vida também pode afetar, como episódios traumáticos e períodos de stress mais intensos.

 

Nos fatores externos, o consumo de substâncias como drogas e álcool podem influenciar este diagnóstico.

 

 

Como lidar com o transtorno bipolar?

Reconhecer as doenças mentais e estar informado é meio caminho andado para conseguir ajudar aqueles que sofrem com esta condição. No caso específico do transtorno bipolar, os familiares e amigos acabam por ser afetados pela doença ao conviverem com ela.

 

O ideal é comunicar com paciência e empatia, incentivar ao tratamento e acompanhamento médico, estabelecer limites para que não se desgaste e se sentir necessidade procure ajuda.

 

 

Existe tratamento para a doença bipolar?

Esta doença não é possível ser prevenida nem totalmente curada. Ainda assim, é possível ser controlada, para evitar possíveis episódios de mania e depressão, para que as crises não sejam tão agravadas. O acompanhamento médico (como um psiquiatra), é a chave para garantir uma melhor qualidade de vida às pessoas afetadas.

 

O tratamento do transtorno bipolar pode envolver o uso de medicação estabilizadora do humor, que ajuda a manter o equilíbrio emocional e a evitar que pequenas oscilações se transformem em crises graves. Um dos grandes desafios neste processo é assegurar que a medicação é tomada de forma consistente. Interrupções ou esquecimentos podem desencadear episódios de mania ou depressão, dificultando a estabilização do quadro clínico.

 

Falar sobre o que se sente é essencial para lidar melhor com o transtorno. Saber identificar os primeiros sinais de alerta e partilhá-los com alguém de confiança ou com o médico pode evitar o agravamento dos sintomas. Pequenas alterações podem ser o início de um novo episódio.

 

Por fim, ter uma rede de apoio é fundamental. O suporte emocional, aliado a um acompanhamento profissional e à desmistificação da doença, permite controlar melhor os sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida.

 

 

A realidade da ficção

É óbvio que a ficção ultrapassa muitas vezes a realidade. Mas também retrata histórias que nascem do dia a dia. Se quer aprender mais sobre este tema, tem aqui uma lista com alguns filmes e séries:

 

Se pretende explicar às crianças a importância das emoções e como lidar com elas, os filmes Divertida-Mente 1 (Inside Out, 2015) e o Divertida-Mente 2 (Inside Out 2, 2024) são uma excelente escolha.

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