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Finanças
Falar de dinheiro ainda é um tabu em muitas casas. Mas a verdade é que devia ser o contrário. O dinheiro faz parte da vida e quanto mais cedo aprendermos a lidar com ele, mais preparados estaremos para o futuro.
É por isso que ensinar literacia financeira nas escolas é tão importante: ajuda a transformar jovens em adultos confiantes, responsáveis e conscientes das suas escolhas.
Todos os dias, tomam-se pequenas decisões financeiras: desde comprar um lanche até escolher um curso ou pensar num futuro emprego. Só que, sem noções básicas de literacia financeira, essas decisões podem tornar-se um desafio.
Quando os alunos aprendem, desde cedo, a distinguir o que é preciso do que é apenas desejado, a organizar um orçamento simples e a perceber como funcionam as poupanças e os meios de pagamento, estão a construir algo muito maior: uma relação saudável com o dinheiro.
Além disso, ganham competências que os acompanham a vida inteira — saber comparar preços, evitar endividamento, compreender juros e até proteger-se de fraudes online.
Tudo isto contribui para um consumo mais consciente e responsável, não só com o próprio bolso, mas também com o planeta.
Segundo o mais recente estudo PISA 2022, divulgado em 2024 pela OCDE, os jovens portugueses de 15 anos obtiveram 494 pontos em literacia financeira, um valor ligeiramente abaixo da média dos países participantes (498 pontos). O estudo revelou que 85% dos alunos portugueses atingem o nível básico de competências financeiras, mas apenas 38% têm conta bancária e 28% utilizam cartão de débito ou crédito, números ainda distantes da média da OCDE.
Apesar disso, os estudantes portugueses demonstram uma elevada confiança na sua capacidade de gerir dinheiro, o que mostra que há motivação, mas também espaço para reforçar o contacto com temas financeiros dentro das escolas.
Os dois conceitos estão ligados, mas não significam o mesmo.
A educação financeira é o processo: aquilo que se ensina, se discute e se pratica. Pode acontecer na sala de aula, em casa ou até numa conversa entre amigos.
Já a literacia financeira é o resultado: o que o aluno passa a saber e a aplicar no dia a dia.
Enquanto a educação ensina como aprender, a literacia mostra como agir. Uma sem a outra perde força. Mas, juntas, formam a base para que cada pessoa possa gerir o seu dinheiro com segurança e autonomia.
Em Portugal, o tema da literacia financeira integra a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, presente em todos os níveis de ensino. Aqui, o objetivo é ajudar os alunos a entender como o dinheiro circula, o que significa ser consumidor e como as decisões financeiras afetam a vida e a sociedade.
Em todas as etapas, o ensino é progressivo e prático: aprende-se, experimenta-se e reflete-se.
Para que a literacia financeira não fique apenas na teoria, é essencial que existam ferramentas que traduzam os conceitos em experiências práticas.
Para apoiar os professores (e também os pais), existe o Referencial de Educação Financeira, criado pelo Ministério da Educação em parceria com o Banco de Portugal, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e o Instituto de Seguros de Portugal.
É um documento que indica o que ensinar em cada ciclo e inclui os Cadernos de Educação Financeira, que estão disponíveis gratuitamente online. Cada caderno traz exemplos, desafios e histórias que mostram como a teoria se aplica à vida real: desde planear o orçamento familiar até perceber o que é um crédito ou como poupar de forma segura.
Mas a importância destes recursos vai muito além da escola. Os resultados obtidos em adultos refletem, em grande parte, o quanto se investe (ou não) na educação financeira desde cedo. E é aqui que os dados mais recentes ajudam a perceber o impacto.
O 4.º Inquérito à Literacia Financeira da População Portuguesa (2023), promovido pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, revelou que o país alcançou 62,7 pontos num índice de 0 a 100, ficando em 13.º lugar entre 39 países. O estudo mostra uma ligeira melhoria face a 2020, mas confirma lacunas persistentes em temas como juros compostos, diversificação de risco e inflação. Por outro lado, Portugal destacou-se no bem-estar financeiro, com resultados acima da média no pagamento atempado de contas e no controlo do orçamento doméstico.
Não basta saber gerir dinheiro. É preciso saber como e onde o gastar. É aqui que entra a educação para o consumo.
Este tema ajuda os jovens a pensar antes de comprar, a reconhecer publicidade enganosa, a comparar preços e a fazer escolhas com consciência. Ensina também que ser consumidor é ter direitos, mas também responsabilidades.
Nos últimos anos, este debate ganhou uma nova dimensão: o consumo digital. Em 2023, a OCDE lançou a Estratégia de Literacia Financeira Digital para Portugal (2023-2028), um plano que reforça a importância de preparar cidadãos (especialmente os mais jovens) para o uso responsável de tecnologias financeiras, desde pagamentos eletrónicos a aplicações de investimento. O documento traça metas concretas para fortalecer competências digitais e de segurança financeira, sublinhando o papel das escolas e das famílias na construção de uma geração mais informada e confiante no mundo digital.
No fundo, trata-se de formar cidadãos atentos, solidários e conscientes do impacto que cada compra pode ter — não só no bolso, mas também na sociedade e no ambiente.
Mas nada substitui o exemplo. Quando o que se aprende na escola continua em casa, ao comparar preços no supermercado, ao planear uma compra ou ao discutir o que vale a pena poupar — a aprendizagem ganha raízes.
Os pais não precisam ser especialistas para participar: basta incluir os filhos nas pequenas decisões, explicar como se gere o orçamento familiar e, acima de tudo, dar o exemplo.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
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