Quando duas gerações se juntam e mudam vidas. Saiba mais sobre a partilha de casa com idosos

7 minutos de leitura
Publicado a 2 Setembro 2025
jovem mulher sorri para homem sénior sentado com um jornal
E se um quarto arrendado numa casa partilhado entre gerações mudasse duas vidas?

De um lado, temos jovens estudantes que procuram alojamento acessível, de preferência perto da universidade. Do outro, seniores com um quarto livre e vontade de partilhar o seu dia a dia com alguém mais novo. O resultado pode ser surpreendente e enriquecedor para ambos. Conheça as iniciativas de partilha de casa com idosos.

 

 

O que é a partilha intergeracional de casa?

Em várias cidades portuguesas, têm surgido iniciativas que juntam jovens estudantes e seniores que vivem sozinhos, com um objetivo simples e transformador: partilhar casa e, com ela, o dia a dia.

 

Mais do que uma solução para a crise no alojamento estudantil ou para o isolamento na velhice, esta partilha permite criar relações entre duas gerações que raramente se cruzariam, mas que têm muito a ganhar com essa convivência.

 

É neste contexto que nascem projetos como a Rede ¼, a Partilha Casa, o Aconchego ou o Abraço de Gerações. Todos diferentes na forma, mas com algo em comum: acreditam que partilhar casa pode ser o início de algo maior: companhia, segurança, apoio e, muitas vezes, uma amizade improvável. Conheça-os de seguida.

 

 

Programas que promovem a partilha de casa com idosos

Em todo o país, há programas com diferentes formatos e abrangência, mas todos com o mesmo objetivo: aproximar gerações, oferecer alojamento acessível e combater o isolamento. Estes são alguns dos que vale a pena conhecer:

 

 

Rede 1/4

Quando um estudante chega a uma nova cidade e encontra não só um quarto, mas também alguém que o espera ao fim do dia, algo muda. É isso que a Rede 1/4 procura criar: ligações reais entre pessoas que, de outra forma, talvez nunca se cruzassem.

 

Este programa de alojamento solidário aproxima seniores com espaço disponível e vontade de partilhar e jovens universitários à procura de um lugar onde possam viver com tranquilidade, respeito e proximidade. Mas a Rede 1/4 é mais do que partilha de casa: é partilha de vidas, de histórias, de afetos.

 

Com uma abordagem local e comunitária, esta rede colaborativa promove o espírito de vizinhança, o apoio mútuo e combate duas realidades urgentes: a crise no alojamento estudantil e o isolamento de quem vive sozinho.

 

Com o apoio de várias entidades e a ambição de crescer por todo o país, a Rede 1/4 é, atualmente, uma das alternativas mais humanas e transformadoras no panorama da habitação partilhada.

 

 

Partilha Casa

Outro dos programas que vale mesmo a pena conhecer é a Partilha Casa. Lançada pela MEO em parceria com várias associações, trata-se de uma plataforma que agrega programas de partilha intergeracional existentes em Portugal.

 

Atualmente está disponível em:

  • Lisboa, com o programa Une.Idades
  • Coimbra, com o Abraço de Gerações
  • Évora, com o Laços para a Vida.

 

Através do site oficial, jovens e seniores podem inscrever-se. Os mais novos escolhem a opção “Procuro quarto” e os mais velhos a opção “Tenho quarto”. Segue-se um processo de triagem e avaliação de compatibilidade, com entrevistas e visitas ao domicílio.

 

A grande vantagem? O alojamento é, em muitos casos, gratuito ou tem um custo simbólico (como o pagamento de despesas de água, luz e gás). E há acompanhamento contínuo para garantir que a convivência corre bem.

 

 

Aconchego

Este programa pioneiro, criado pela Câmara do Porto e a Federação Académica do Porto, existe desde 2004. Em duas décadas, o Aconchego já uniu quase 300 jovens e seniores com histórias inspiradoras de amizade e apoio mútuo.

 

O funcionamento é simples: os idosos oferecem alojamento e os estudantes retribuem com companhia e pequenos apoios no dia a dia. Em vez de uma renda, os jovens contribuem com géneros alimentares ou apoio nas despesas básicas. O programa tem a duração de um ano letivo e pode ser renovado.

 

Está a ser replicado noutros municípios e tem sido reconhecido como exemplo de boas práticas, inclusive pela Organização Mundial da Saúde.

 

 

Une.Idades

Fundada em 2023, a Une.Idades quer, como o nome indica, unir gerações. Os seniores (com +60 anos) disponibilizam um quarto e recebem companhia, alguma ajuda nas tarefas domésticas e um valor mensal para despesas. Os jovens (entre os 18 e os 30) têm acesso a alojamento acessível, seguro, familiar e uma nova perspetiva sobre o que é viver com alguém mais velho.

 

O processo inclui inscrição, entrevistas individuais, um encontro entre o par e, caso haja afinidade, assinatura de contrato. Durante toda a experiência, há acompanhamento, mediação e suporte contínuo para garantir que tudo corre bem.

 

 

Abraço de Gerações

O Abraço de Gerações, promovido pela Associação Cozinhas Económicas Rainha Santa Isabel, junta estudantes universitários e seniores reformados para combater a solidão e facilitar o acesso a alojamento em Coimbra.

 

Os estudantes vivem gratuitamente em casa do sénior, partilhando apenas as despesas básicas (como luz, água e gás) e comprometendo-se a dar companhia e apoio no dia a dia. Há também a possibilidade de participação sem coabitação (com visitas regulares e atividades partilhadas).

 

O processo inclui entrevistas e avaliação de compatibilidade, sendo acompanhado por uma equipa técnica durante toda a experiência.

 

 

Laços para a Vida (Évora)

Promovido pela Câmara Municipal de Évora, o Laços para a Vida responde a duas necessidades locais: a solidão dos idosos no centro histórico e a falta de alojamento acessível para estudantes.

 

Neste programa, o sénior disponibiliza um quartoe o jovem, em troca, oferece companhia e apoio. A partilha é formalizada por contrato e acompanha-se de perto, com o envolvimento de vários parceiros locais.

 

Além do impacto social, o projeto contribui para revitalizar o centro histórico, trazendo novas rotinas e convivência a quem mais precisa.

 

 

Domus Social – Residências Partilhadas para Seniores (Porto)

Embora não se trate de um programa intergeracional, vale a pena destacar esta iniciativa. A Domus Social, em parceria com a Câmara do Porto, criou Residências Partilhadas para Seniores — casas municipais destinadas a idosos em situação de vulnerabilidade social e habitacional, que aceitem viver em conjunto com outros seniores.

 

Estas residências promovem o envelhecimento ativo e a autonomia, ao mesmo tempo que reduzem o isolamento social. Há apoio domiciliário incluído, com fornecimento de refeições e auxílio na limpeza. Uma solução inovadora que tem dado frutos e se prepara para crescer ainda mais na cidade do Porto.

Quais são as vantagens de partilhar casa com um sénior?

Para os jovens:

  • Alojamento a custos reduzidos ou mesmo gratuito
  • Ambiente calmo e familiar, ideal para estudar
  • Poupança em transportes, se viver mais perto da universidade
  • Companhia de alguém com experiência de vida e, muitas vezes, bons conselhos.

 

 

Para os seniores:

  • Combate à solidão e ao isolamento
  • Segurança acrescida por ter alguém em casa
  • Apoio informal em tarefas simples (ir às compras, acompanhar a medicação)
  • Maior sentimento de utilidade e pertença.

 

 

Para ambos:

  • Troca de experiências entre gerações
  • Relações de amizade que podem durar para a vida
  • Um novo olhar sobre o que significa viver com alguém “diferente”.

 

 

E as desvantagens?

Nem tudo são rosas e é importante ter consciência de que partilhar casa, seja com quem for, exige adaptação.

  • Diferenças de hábitos e rotinas: horários, ruídos, alimentação, visitas... tudo pode causar atrito se não for bem gerido
  • Preconceitos e receios iniciais: tanto jovens como seniores podem sentir desconfiança antes de se conhecerem
  • Necessidade de acompanhamento: por isso, todos os programas incluem um processo de triagem, acompanhamento e mediação, caso surjam dificuldades.

 

 

Onde procurar casas para partilha com idosos?

Ao longo do artigo, já vimos alguns dos principais programas que promovem a partilha de casa entre jovens e seniores. Mas onde e como se pode, afinal, fazer a candidatura? Aqui ficam os pontos de partida:

 

A partilha começa com um simples passo. Se procura um quarto, ou tem um para oferecer, basta escolher o programa certo e fazer a sua inscrição. O resto constrói-se com empatia, respeito e vontade de viver em conjunto.

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