Finanças

Ouro brilha como nunca: porque é que o preço bateu novo recorde em 2025

4 minutos de leitura
Publicado a 27 Novembro 2025
Pedaços de ouro bruto

O ouro está a viver um ano histórico. Em outubro, ultrapassou pela primeira vez os 4.000 dólares por onça e, nos dias seguintes, continuou a renovar máximos. Recordes que deixam o mundo financeiro em alerta. Para muitos, é um déjà vu de outros tempos de incerteza: quando o cenário global treme, o ouro costuma brilhar.

 

Mas o que está a fazer o ouro disparar desta forma? E o que é que isto significa para quem investe, para o mercado e até para a economia portuguesa?

 

 

O ouro em máximos históricos

Depois de vários meses em alta, o ouro chegou a superar, aproximadamente, os 4.380 dólares por onça em meados de outubro, o valor mais elevado de sempre. Em euros, traduz-se em cerca de 120 euros por grama, um novo máximo também no mercado português.

 

É uma subida impressionante: desde o início do ano, o ouro já valorizou mais de 50%. E mesmo com pequenas correções nos últimos dias, continua muito acima dos níveis vistos há apenas um ano.

 

 

Porque é que o ouro está a subir tanto?

Não há uma única explicação. Existe, sim, um conjunto de fatores que se juntaram e criaram o cenário perfeito para esta escalada.

 

1. Juros a descer nos EUA

A Reserva Federal cortou novamente as taxas de juro em setembro e o mercado acredita que vêm aí mais cortes até ao final do ano. Quando os juros baixam, o ouro tende a subir, porque deixa de haver o “custo de oportunidade” de manter um ativo que não gera rendimentos.

 

Em linguagem simples: se o dinheiro no banco rende menos, o ouro volta a parecer uma boa alternativa.

 

2. Incerteza política e económica

Com tensões entre os Estados Unidos e a China, uma Europa dividida e dúvidas sobre a saúde fiscal americana, muitos investidores estão a procurar um refúgio. E, historicamente, o ouro é o ativo de segurança por excelência, o “porto seguro” onde se abriga o dinheiro quando o mundo parece incerto.

 

3. Compras dos bancos centrais

Outro motor da subida tem sido o apetite dos bancos centrais, especialmente da China e da Índia, que têm reforçado as suas reservas de ouro mês após mês. Tal cria uma procura constante e ajuda a sustentar os preços em alta.

 

4. Dólar mais fraco

Um dólar em queda também joga a favor do ouro, já que o metal é negociado nessa moeda. Quando o dólar perde força, o ouro torna-se mais barato para quem investe noutras divisas — e isso impulsiona ainda mais a procura global.

O impacto em Portugal

Por cá, o reflexo vê-se logo nas vitrinas das ourivesarias: o preço do grama de ouro ultrapassou os 119 euros, e muitos comerciantes notam um comportamento curioso: menos vendas, mas com valores médios mais altos, e também mais pessoas interessadas em vender ouro antigo ou investir em peças como forma de proteger o dinheiro.

 

Adicionalmente, as reservas de ouro do Banco de Portugal ganharam valor: há estimativas de que valem hoje mais de 46 mil milhões de euros, praticamente o dobro do registado há dois anos e meio.

 

 

O que esperar daqui para a frente

Os analistas estão divididos. Há quem acredite que o ouro pode chegar aos 4.400 dólares ainda este ano. Outros avisam que, depois de tantos recordes, pode vir uma correção. Alguns analistas vão ainda mais longe. A Société Générale, por exemplo, prevê que o ouro possa atingir os 5.000 dólares por onça em 2026, sustentado pela procura crescente de bancos centrais e pela fraqueza persistente do dólar.

 

A verdade é que o ouro tende a andar em ciclos: quando o medo domina os mercados, sobe; quando há otimismo e as bolsas disparam, costuma perder algum brilho.

 

Mas mesmo que o preço recue um pouco, o consenso é claro: o ouro voltou a ser protagonista no mercado global e deve continuar a ter um papel importante como proteção nas carteiras de investimento.

 

 

E para quem quer investir?

Hoje há várias formas de ter ouro sem precisar de o guardar debaixo do colchão:

  • ETFs ou fundos de ouro: são a forma mais simples e prática. Permitem investir no metal sem ter de o comprar fisicamente
  • Ouro físico (moedas ou lingotes): continua a ser popular, mas exige atenção à pureza, certificação e segurança de armazenamento
  • Ações de empresas mineiras: mais arriscadas, mas podem ter rendimentos superiores quando o preço do ouro está em alta.

É importante lembrar que o ouro não gera rendimentos periódicos, como juros ou dividendos. Por isso, tende a ser mais procurado em fases de juros baixos ou em descida, quando as alternativas tradicionais oferecem retornos menores.

 

E é precisamente por não gerar rendimento que o ouro deve ser visto como uma proteção, e não como uma aposta para ganhar dinheiro rápido. Os especialistas recomendam que represente entre 5% e 10% da carteira de investimento, ajudando a equilibrar riscos e a preservar valor em períodos de instabilidade.

 

 

E há um conselho que se repete: entrar aos poucos, de forma faseada. Como o ouro está perto dos máximos, comprar em pequenas parcelas (em vez de tudo de uma vez) é a forma mais segura de mitigar o risco.

 

 

Para acompanhar a evolução do preço do ouro e entender as variações ao longo do tempo, há duas fontes de referência que vale a pena conhecer. O Banco de Portugal disponibiliza dados oficiais sobre o valor e a composição das reservas de ouro nacionais, permitindo perceber o peso deste ativo na economia portuguesa. Já o World Gold Council atualiza diariamente a cotação internacional do metal precioso, apresentando gráficos e históricos que ajudam a seguir de perto as subidas e descidas do ouro nos mercados mundiais.

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