Bem-estar

Sabe o que é a compostagem? Aprenda a transformar lixo orgânico num recurso valioso

7 minutos de leitura
Publicado a 14 Novembro 2025
pessoa com recipiente com composto na horta



A compostagem transforma restos orgânicos num adubo rico e vivo, cheio de nutrientes que devolvem saúde ao solo e força às plantas. É reciclagem orgânica em modo “faça você mesmo” que ajuda a poupar dinheiro, reduzir lixo e fechar o ciclo da natureza.

 

Quer aprender mais sobre o tema? E talvez como iniciar a compostagem na sua casa? Então venha daí.

 

 

O que é compostagem?

É um processo biológico em que microrganismos (como bactérias, fungos e leveduras) decompõem resíduos orgânicos e convertem-nos em composto, um material escuro, com cheiro a terra, fértil e estável.

 

Além de microrganismos, entram também em cena “operários” maiores como minhocas e pequenos artrópodes, que fragmentam a matéria e aceleram o processo.

 

No fim, o composto devolve macronutrientes (N, P, K, Mg) e micronutrientes (B, Cl, Cu, Co, Na), prontos para alimentar o solo e as plantas.

 

 

Materiais necessários para compostagem

Antes de começar, vale a pena conhecer os “ingredientes” que fazem a compostagem acontecer. É um pouco como uma receita: precisa das proporções certas e dos elementos certos para o resultado sair perfeito.

 

Veja o que não pode faltar (e o que deve ficar de fora):

 

  • Compostor: caixa com tampa, pilha no exterior, leira, tambor ou compostor elétrico
  • “Verdes” (ricos em azoto/nitrogénio): restos de legumes e fruta, borras e filtros de café, folhas e plantas verdes, relva fresca, flores
  • “Castanhos” (ricos em carbono): folhas secas, palha, serradura e aparas de madeira não tratadas, ramos finos, papel não plastificado em pequena quantidade
  • Água: mantém a humidade certa
  • Ar/oxigénio: garante que o processo é limpo, sem cheiros desagradáveis.

 

Corte os materiais em pedaços pequenos. Quanto menores forem, mais depressa tudo se transforma em composto.

 

Evite: carne e peixe, ossos, laticínios, grandes quantidades de óleos e gorduras, cinzas de carvão, fezes de animais, plantas doentes, madeiras tratadas, ervas daninhas com sementes e qualquer resíduo não biodegradável. Estes itens podem gerar odores, atrair pragas e atrasar o processo.

 

 

Como é feita a compostagem: passo a passo

  1. Escolha o local. No exterior, procure sombra parcial e abrigo do vento. Idealmente, o compostor deve tocar o solo para permitir drenagem e entrada de microrganismos benéficos
  2. Prepare a base. Coloque uma camada de ramos finos para arejamento e escoamento
  3. Faça camadas alternadas. Comece com castanhos, polvilhe uma mão-cheia de terra ou composto maduro para “inocular” microrganismos, depois verdes. Repita, alternando castanhos e verdes. Termine sempre com castanhos para evitar cheiros e mosquitos
  4. Acerte a humidade. Faça o “teste da esponja”: ao espremer um punhado, deve sentir humidade sem pingar. Se pingar, junte castanhos e revolva; se estiver seco, junte água e alguns verdes
  5. Arejar. Revolva a pilha periodicamente para repor oxigénio e manter o processo vivo
  6. Acompanhar a temperatura. Um núcleo morno a quente é bom sinal de atividade microbiana. Sem termómetro? Espete uma haste metálica: se sair quente ao toque, está no ponto
  7. Esperar e maturar. Em condições ideais, o composto forma-se em dois a três meses. Depois, deixe maturar ao ar mais duas semanas, revolvendo e ajustando a humidade.

 

 

Processo aeróbio vs anaeróbio

Nem toda a decomposição acontece da mesma forma. A diferença está, literalmente, no ar. Na compostagem, o oxigénio é o que separa um processo saudável e eficiente de outro mais lento e com cheiros desagradáveis. Veja a diferença entre os dois:

  • Aeróbio (com oxigénio): é o que se procura na compostagem doméstica. Decompõe rapidamente, gera calor, minimiza maus odores e entrega um composto higienizado.
  • Anaeróbio (sem oxigénio): ocorre quando a pilha está compactada ou encharcada. A degradação é lenta e pode libertar cheiros fortes e metano (um gás de efeito de estufa). Garantir arejamento e equilíbrio entre verdes e castanhos é a chave para manter o processo aeróbio.

 

 

Quais são os quatro tipos de compostagem?

 

1. Compostagem por leiras/pilhas

É a imagem clássica da compostagem: uma pilha alongada de resíduos orgânicos no exterior, construída em camadas alternadas de “verdes” e “castanhos”. Requer espaço e alguma rotina para virar a pilha e repor oxigénio. Em troca, oferece bom controlo do processo e muita capacidade.

  • Quando faz sentido: jardins, quintais, hortas comunitárias
  • Como funciona: monta-se a leira sobre o solo, acompanha-se a humidade com o “teste da esponja” e faz-se a viragem a cada 1 a 2 semanas
  • Vantagens: baixo custo, simples, lida bem com volumes maiores
  • A ter em conta: precisa de espaço, tempo para as viragens e proteção da chuva direta.

 

2. Pilha estática aerada

Neste método a pilha quase não se mexe. O arejamento acontece através de tubos perfurados no interior ou através de entradas de ar na base. É uma solução “monta e esquece” durante algumas semanas, útil quando não há disponibilidade para viragens frequentes.

  • Quando faz sentido: locais com menos mão de obra, pátios pequenos, quem prefere manutenção mínima
  • Como funciona: constrói-se a pilha sobre uma base que deixa o ar circular, introduzem-se tubos de arejamento e controla-se apenas a humidade
  • Vantagens: menos trabalho, menos perturbação da pilha, risco reduzido de odores quando bem montada
  • A ter em conta: precisa de montagem correta dos canais de ar e de uma boa relação verdes/castanhos para não compactar.

 

 

3. Vermicompostagem

Onde as minhocas fazem a magia. Trabalham a temperaturas mais baixas, transformam rápidos volumes de restos de cozinha em húmus de alta qualidade e ainda produzem biofertilizante líquido. É limpa, discreta e cabe num apartamento.

  • Quando faz sentido: interiores, varandas, cozinhas e quem quer um ciclo contínuo ao longo do ano
  • Como funciona: três caixas empilhadas, resíduos sempre cobertos com matéria seca, rotação das caixas quando a de cima enche
  • Vantagens: processo rápido e estável, composto muito fino e nutritivo, pouco cheiro
  • A ter em conta: as minhocas são sensíveis ao excesso de água, a alimentos muito ácidos ou condimentados e a grandes quantidades de citrinos.

 

 

4. Compostagem elétrica / reatores domésticos

São equipamentos fechados que trituram, aquecem e arejam os resíduos, reduzindo o volume em poucas horas e acelerando a estabilização. Não substituem todo o ciclo biológico, mas entregam um material pré-compostado que termina de curar em poucos dias.

  • Quando faz sentido: rotinas urbanas com pouco espaço e tempo, famílias que geram resíduos diariamente e querem conveniência
  • Como funciona: coloca-se o resíduo no aparelho, seleciona-se o programa e, no fim, deixa-se o material maturar num pequeno contentor com matéria seca
  • Vantagens: rapidez, controlo de odores, operação simples
  • A ter em conta: investimento inicial mais alto, consumo elétrico e necessidade de uma fase curta de maturação fora do equipamento.

As três etapas da compostagem

 

1. Fase inicial (aquecimento)

É aqui que tudo começa. Assim que mistura os resíduos e o oxigénio entra em cena, bactérias e fungos despertam e começam a decompor os materiais mais simples, como restos de fruta e vegetais. Essa atividade gera calor, elevando a temperatura até aos 40 ou 45 °C - sinal de que o processo está a funcionar. Para manter o ritmo, basta garantir que há humidade e ar suficientes.

 

2. Fase termófila

Chegou a altura “quente” da compostagem (literalmente). As temperaturas podem chegar aos 60 °C, o que acelera a degradação de ramos, folhas e fibras mais duras. O calor ajuda também a eliminar microrganismos nocivos e sementes de ervas daninhas, tornando o composto mais seguro. Se notar que a pilha arrefece cedo demais, falta humidade; se cheirar mal, precisa de mais ar.

 

3. Fase de maturação

Depois da fase intensa, o composto começa a arrefecer e entra no seu “período de descanso”. Microrganismos mais lentos refinam o material até este ganhar a textura escura, homogénea e o cheiro a floresta húmida que indicam que o composto está pronto. É o momento de deixar repousar algumas semanas. O resultado será um húmus rico, estável e pronto para devolver vida ao solo.

Como fazer compostagem caseira?

Depois de conhecer o processo passo a passo, é hora de escolher como quer pôr a compostagem doméstica em prática. Há mais do que uma forma de o fazer em casa (com ou sem minhocas, em varanda ou jardim) e todas funcionam, desde que mantenha o equilíbrio certo entre humidade, ar e matéria orgânica. Ora veja:

  • Sem minhocas (termofílica): ideal para quem prefere um processo mais robusto e autónomo. Use um compostor ventilado, faça camadas alternadas, mantenha o “teste da esponja” e revolva semanalmente
  • Com minhocas (vermicompostagem): utilize três caixas empilhadas: duas digestoras com furos no fundo e uma de recolha de líquido. Coloque uma camada de castanhos, adicione minhocas e vá alimentando com porções de verdes sempre cobertas por castanhos. Rode as caixas ao encher e recolha húmus e o “chá” de composto para diluir e regar.

Pense no equilíbrio “salada + guardanapo”: metade verdes e metade castanhos por volume costuma resultar na perfeição. Ajuste com o nariz e com o “teste da esponja” - se cheira bem e está húmido, está tudo no ponto.

 

 

Atenção aos seguinte sinais:

  • Cheiro desagradável: excesso de água ou compactação - junte castanhos e revolva
  • Não aquece / está lento: falta de verdes - adicione restos frescos e misture
  • Muito húmido: junte castanhos secos e areje
  • Muito seco: borrife água e junte alguns verdes.

 

 

Vantagens da compostagem para o ambiente

Quando a compostagem entra na rotina, o impacto positivo é quase imediato e vai muito além das plantas do quintal. Cada pequena pilha de composto ajuda a aliviar o peso dos aterros, a melhorar os solos e a reduzir gases poluentes.

 

No fundo, trata-se de devolver à natureza o que é dela, fechando o ciclo de forma simples e sustentável.

  • Menos lixo em aterro e menos custos de recolha e tratamento
  • Menos emissões de metano, já que o processo aeróbio evita a libertação desse gás nos aterros
  • Solo mais vivo: melhora a estrutura, a porosidade e a retenção de água, tornando as plantas mais fortes e diminuindo a necessidade de adubos sintéticos.

 

 

A compostagem doméstica é apenas um dos muitos passos possíveis rumo a uma casa mais sustentável. E se está a pensar dar um salto maior, como investir em eficiência energética, painéis solares ou outras soluções amigas do ambiente, saiba que o Santander apoia projetos e financiamentos voltados para a sustentabilidade, ajudando-o a tornar o seu lar (e o planeta) ainda mais verde.

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