bem-estar

Endometriose: sintomas, causas e tratamento

13 set 2024 | 5 min de leitura

Saiba mais sobre esta doença crónica que afeta, sobretudo, mulheres em idade reprodutiva.

Endometriose e rapariga com dores

No centro de muitas discussões sobre a saúde feminina está uma condição que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, mas que ainda não é totalmente compreendida: a endometriose. Apesar de ser uma doença comum, continua a ser subdiagnosticada e, muitas vezes, mal interpretada, levando a anos de sofrimento para muitas mulheres.

 

Se alguma vez sentiu dores menstruais incapacitantes ou conhece alguém que sofre com este problema, este artigo é para si.

 

 

O que é a endometriose?

Estima-se que, em Portugal, cerca de 228 mil mulheres tenham endometriose diagnosticada, enquanto, a nível global, a condição afeta aproximadamente 176 milhões de mulheres, das quais cerca de 10% estão em idade reprodutiva.

 

Mas, afinal, do que se trata? A endometriose é uma condição ginecológica crónica na qual o tecido endometrial, semelhante ao endométrio – a camada interna do útero que é normalmente expelida durante a menstruação – cresce fora deste. Este tecido pode implantar-se em diferentes áreas do corpo como os ovários, as trompas de Falópio, o peritoneu (a membrana que reveste a cavidade abdominal) e, em casos mais graves, pode até mesmo alcançar outras zonas como os intestinos ou a bexiga.

 

Esta presença anormal do tecido endometrial fora do útero leva a inflamação, dor e formação de cicatrizes, o que resulta numa série de sintomas que podem afetar gravemente a qualidade de vida da mulher.

 

 

Quais as causas da endometriose?

As causas exatas da endometriose ainda não estão completamente esclarecidas, no entanto, algumas teorias têm sido avançadas:

 

  • Teoria da regurgitação ou refluxo menstrual: uma das explicações mais comuns que sugere que durante a menstruação parte do sangue que contém células do revestimento do útero (endométrio), flui de volta pelas trompas de Falópio e entra na cavidade abdominal. Essas células endometriais podem implantar-se em órgãos como os ovários, as trompas ou o peritoneu, e continuar a crescer. No entanto, é importante notar que muitas mulheres sem endometriose também têm este refluxo e não desenvolvem a doença

 

  • Metaplasia do epitélio celómico: outro caminho sugere que células normais que revestem a cavidade abdominal podem transformar-se em células endometriais devido a fatores inflamatórios ou hormonais. Desta forma, comportam-se como o tecido endometrial dentro do útero, causando sintomas de endometriose

 

  • Genética e fatores hereditários: a endometriose parece ser mais comum em mulheres que têm familiares de 1.º grau com esta condição, como a mãe ou irmãs

 

  • Disfunção imunitária: o sistema imunitário de algumas mulheres pode não conseguir reconhecer e eliminar as células endometriais que crescem fora do útero, permitindo que a endometriose se desenvolva

 

  • Disseminação hematológica ou linfática: esta teoria explica como o tecido endometrial pode chegar a locais distantes do útero como os pulmões ou outros órgãos fora da cavidade pélvica. A ideia é que as células endometriais podem viajar pelo sistema sanguíneo ou linfático e implantar-se em outras zonas do corpo

 

  • Cesariana: em alguns casos, células endometriais podem ser transferidas para a parede abdominal durante uma cesariana. Essas células podem implantar-se no tecido cicatricial da cirurgia, levando ao desenvolvimento de endometriose na área da cicatriz. Mulheres que desenvolveram endometriose após uma cesariana podem começar a sentir dor intensa na região da cicatriz, especialmente durante o período menstrual, e podem até notar a formação de um nódulo doloroso. Embora este risco exista, é considerado relativamente baixo. No entanto, se os sintomas surgirem, é importante procurar ajuda especializada para diagnóstico e tratamento adequados.

 

 

Quais os sintomas da endometriose?

Os sintomas da endometriose variam amplamente entre as mulheres, mas os mais comuns incluem:

 

  • Dores menstruais intensas (dismenorreia): a dor pode começar antes do período menstrual e estender-se durante o ciclo
  • Dor durante ou após o ato sexual (dispareunia)
  • Dor ao urinar ou defecar, especialmente durante a menstruação
  • Hemorragias menstruais intensas ou irregulares
  • Infertilidade: muitas mulheres com endometriose têm dificuldades em engravidar
  • Fadiga, diarreia, obstipação, inchaço e náuseas: estes sintomas são mais comuns durante a menstruação.

 

 

Há sempre dor na endometriose?

Apesar da dor ser um dos sintomas mais característicos da endometriose, nem todas as mulheres que sofrem desta condição a experienciam da mesma forma. A dor pode variar significativamente em intensidade e localização e, em alguns casos, pode até estar ausente. Algumas mulheres com endometriose profunda ou extensa podem ter poucos ou nenhuns sintomas de dor, o que torna o diagnóstico ainda mais desafiador.

 

Por outro lado, algumas mulheres com pequenas lesões endometriais podem sofrer de dores intensas. Esta disparidade sugere que a dor não está apenas relacionada com a quantidade de tecido endometrial fora do útero, mas também com outros fatores como a inflamação local, a formação de cicatrizes entre órgãos e a reação do sistema nervoso.

 

A ausência de dor, no entanto, não significa que a endometriose seja inofensiva. Mesmo sem dor, a condição pode causar danos significativos como problemas de fertilidade ou lesões nos órgãos pélvicos. Por isso, é fundamental estar atento a outros sintomas e procurar ajuda médica se suspeitar de endometriose, mesmo que a dor não esteja presente.

 

Endometriose e rapariga com dores

 

Quais os tipos de endometriose?

Dependendo da localização e extensão do tecido endometrial, esta condição pode ser classificada em diferentes tipos:

 

1. Endometriose superficial: o tecido endometrial cresce na superfície dos órgãos pélvicos

 

2. Endometriomas: lesões hemorrágicas ou quistos ováricos preenchidos por sangue

 

3. Endometriose profunda: condição que afeta áreas mais profundas do tecido como as paredes do intestino ou bexiga

 

4. Endometriose peritoneal: a forma mais comum, onde o tecido endometrial cresce na membrana que reveste a cavidade abdominal.

 

 

Como se diagnostica a endometriose?

Uma vez que os sintomas se sobrepõem a outras condições ginecológicas, diagnosticar esta doença pode ser um desafio. Mas, antes de mais, o processo começa por ouvir atentamente a mulher e valorizar os seus sintomas, especialmente quando são cíclicos e coincidem com o ciclo menstrual.

 

A história clínica da paciente é, portanto, um dos primeiros passos importantes a verificar, já que a presença de sintomas específicos como dor pélvica intensa durante a menstruação, história familiar da doença, infertilidade, entre outros antecedentes pessoais que podem indicar esta condição.

 

Após esta avaliação inicial, o médico realiza uma observação ginecológica. Durante este exame, podem ser detetadas alterações específicas que reforçam a suspeita de endometriose.

 

Para confirmar o diagnóstico, o próximo passo envolve exames imagiológicos e poderá também ser necessária biópsia do tecido endometrial. A ecografia ginecológica é, geralmente, a primeira escolha. Este exame é acessível e, quando realizado por médicos experientes na avaliação de endometriose, pode identificar lesões características da doença. Em casos mais complexos, a ressonância magnética pode ser utilizada para mapear detalhadamente a endometriose ao mostrar a localização e a extensão das lesões.

 

Noutras situações poderá ser necessário recorrer a procedimentos mais invasivos como a laparoscopia, técnica que envolve pequenas perfurações no abdómen permitindo visualizar diretamente o interior da cavidade pélvica com uma câmara. Este exame pode diagnosticar a endometriose em até 70% dos casos.

 

Em algumas pacientes, o momento ideal para a observação ginecológica ou para realizar a laparoscopia é cerca de três a quatro dias antes do início da menstruação, quando as lesões endometriais estão mais evidentes e prestes a descamar, facilitando a identificação.

 

 

Qual o tratamento para a endometriose?

O tratamento depende da gravidade dos sintomas, da idade da paciente e do desejo de engravidar. As opções incluem:

 

1. Medicação para a dor: analgésicos como os anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) são frequentemente recomendados para aliviar a dor

 

2. Terapêutica hormonal: a utilização de hormonas pode ajudar a controlar a menstruação ao diminuir o crescimento do tecido endometrial. Inclui pílulas anticoncecionais, dispositivos intrauterinos (DIUs) hormonais, agonistas do GnRH, entre outros

 

3. Cirurgia: em casos moderados a graves, ou quando a medicação não é eficaz, a cirurgia pode ser necessária para remover o tecido endometrial. A laparoscopia é frequentemente utilizada, mas, em casos específicos, pode ser necessária uma histerectomia (remoção do útero)

 

4. Tratamentos de fertilidade: para mulheres que desejam engravidar, tratamentos de fertilidade como a fertilização in vitro (FIV), podem ser recomendados

 

5. Suporte psicológico: a endometriose pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e saúde mental da mulher. Neste caso, a psicoterapia ou grupos de apoio podem ser benéficos.

 

 

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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