Bem-estar

Sabe prestar primeiros socorros? Mostramos-lhe o que fazer nos momentos críticos

8 minutos de leitura
Publicado a 27 Outubro 2025
duas mãos juntas a segurar um coração de papel

Saber primeiros socorros não faz de ninguém profissional de saúde, mas dá-lhe a confiança e as ferramentas certas para agir em segurança até chegar ajuda.

 

E a verdade é simples: os acidentes acontecem. Em casa, na estrada, no trabalho ou nas férias. Por isso, mais vale estar preparado.A regra de ouro? Em caso de emergência médica grave, ligue 112 primeiro. Depois, sim, aja. Mas vamos começar pelo princípio.

 

 

O que é um kit de primeiros socorros?

Um kit primeiros socorros (que também pode ser chamado de caixa primeiros socorros ou mala de primeiros socorros), reúne material básico para tratar pequenas lesões e estabilizar situações até chegar ajuda especializada. Deve ser simples, acessível e revisto a cada três a seis meses (ver validades e substituir o que faltar).

 

 

Como montar um kit de primeiros socorros?

Para que nada falhe no momento certo, eis os itens essenciais que qualquer caixa de primeiros socorros deve incluir:

  • Luvas descartáveis; solução/gel para higiene das mãos
  • Pensos rápidos variados; compressas esterilizadas; gaze; fita adesiva/penso fixador
  • Soro fisiológico em ampolas/frasco; toalhetes, antissético
  • Tesoura sem pontas e pinça; alfinetes de segurança
  • Ligadura elástica e não elástica; banda de imobilização simples
  • Termómetro, lanterna e sacos para resíduos
  • Pomada para picadas/erupções; pomada para queimaduras (uso posterior, não imediato)
  • Analgésico/antipirético de venda livre (paracetamol) e anti-inflamatório (ibuprofeno) — usar apenas em situações simples, respeitando sempre as doses indicadas na bula e nunca substituindo prescrição médica ou orientação profissional
  • Manta térmica (isotérmica); bolsa de frio instantâneo
  • Manual básico de primeiros socorros.

 

Dica: tenha um kit de primeiros socorros em casa e outro no carro. Guarde fora do alcance das crianças, mas de fácil acesso a adultos.

 

 

Importância dos primeiros socorros

Na prática, os primeiros socorros permitem ganhar tempo e reduzir riscos: nos minutos iniciais, a ação certa pode estabilizar a vítima, evitar agravamento da situação e aliviar dor e ansiedade.

 

Com noções básicas, qualquer pessoa ganha confiança para intervir e evita mitos perigosos, como, por exemplo, colocar algo na boca de alguém durante uma convulsão. Este conhecimento tem um efeito coletivo: em casa, no trabalho ou em viagem, quando mais pessoas dominarem conhecimentos básicos em primeiros socorros, mais segura estará toda a comunidade.

 

Em Portugal, qualquer cidadão pode prestar primeiros socorros básicos sem incorrer em responsabilidade legal, desde que atue de boa-fé e dentro dos limites do seu conhecimento.

 

 

Como prestar primeiros socorros numa situação de emergência?

Perante uma emergência, o primeiro passo começa antes de tocar na vítima: olhe em volta e garanta a máxima segurança. Se houver trânsito, fogo, eletricidade ou vidros partidos, neutralize o risco e só depois se aproxime.

 

De seguida, ligue para o 112 e fale com calma durante a chamada. Com o cenário controlado, é hora de avaliar sinais vitais e aplicar as manobras certas.

 

 

Sinais vitais: o que são e como monitorizar

  • Respiração: normal, rápida, lenta ou ausente? Observe os movimentos torácicos
  • Pulso: sinta no punho (radial) ou pescoço (carótida). Regular? Forte/fraco?
  • Estado de consciência: a pessoa responde-lhe quando fala com ela? Responde ao toque? Está confusa? Inconsciente?
  • Pele: cor (pálida, arroxeada), temperatura (fria, quente), sudorese?
  • Tempo de reenchimento capilar: pressione uma unha durante dois segundos. A cor retorna em menos de dois segundos?

 

Registe mentalmente alterações enquanto aguarda o INEM.

 

 

Posição Lateral de Segurança (PLS)

A PLS é a posição que mantém as vias aéreas desobstruídas e reduz o risco de aspiração de vómito ou saliva quando a pessoa está inconsciente, mas respira. Usa-se enquanto se aguarda ajuda, sempre que não haja sinais de paragem cardiorrespiratória ou trauma.

 

Evita-se rodar a vítima se houver forte suspeita de lesão da coluna (queda de altura, acidente de viação). Nesses casos, só se roda se não for possível manter a via aérea permeável de outra forma ou existir perigo no local.

 

 

Passo a passo (adultos e crianças maiores de 1 ano)

  1. Confirmar: a pessoa está inconsciente, mas respira

  2. Ajoelhar ao lado da vítima e alinhar cabeça, tronco e pernas. Retirar óculos e objetos volumosos dos bolsos

  3. Colocar o braço mais próximo do socorrista dobrado, com a palma da mão virada para cima, ao nível da cabeça

  4. Levar a mão do braço oposto ao rosto da vítima, apoiando o dorso da mão na bochecha do lado do socorrista, e manter essa mão segura

  5. Dobrar o joelho oposto até formar um ângulo

  6. Usar o joelho dobrado como alavanca e rodar a vítima para o seu lado, mantendo a mão a suportar a cabeça

  7. Ajustar a posição: cabeça ligeiramente inclinada para trás para facilitar a respiração, boca virada para baixo para drenagem, perna de cima fletida para estabilizar

  8. Vigiar a respiração de forma contínua e ligar 112 (se ainda não o fez). Manter a pessoa quente e observar sinais vitais até chegar ajuda.

 

 

Atenções especiais

  • Grávidas: preferir o lado esquerdo para reduzir a compressão da veia cava
  • Suspeita de trauma vertebral: se possível, manter a via aérea com a pessoa de costas. Se for necessário rodar, pedir ajuda e fazer rolamento em bloco (cabeça, tronco e bacia alinhados em conjunto)
  • Bebés menores de 1 ano: não usar este método tal como descrito; colocar em posição lateral segura adaptada, com suporte à cabeça e vigilância apertada.

 

 

Manobra de Heimlich: o que é e como usar

Trata-se da técnica para desobstruir as vias aéreas quando alguém se engasga gravemente (não fala, não respira ou emite som fraco ou sinaliza a garganta). Em caso de engasgo leve, incentive a tossir e não intervenha além de vigiar.

 

 

Passo a passo (adultos e crianças maiores de 1 ano)

  1. Confirmar engasgamento grave: a pessoa não consegue falar nem tossir, respira com dificuldade ou não respira e leva as mãos ao pescoço

  2. Posicionar-se: ficar atrás da pessoa e passar os braços à volta da cintura

  3. Colocar as mãos: fechar um punho e colocá-lo acima do umbigo e abaixo do esterno (no centro do abdómen). Segurar o punho com a outra mão

  4. Executar as compressões: puxar com força, para dentro e para cima (movimento em “J”), em impulsos curtos e firmes

  5. Repetir até o objeto sair ou a pessoa ficar inconsciente

  6. Se desmaiar: deitar com cuidado, ligar 112 (se ainda não ligou) e iniciar ressuscitação cardio-respiratória. Entre ciclos, só retirar um objeto da boca se estiver visível (não fazer varrimentos “às cegas”).

Adaptações rápidas

  • Grávidas ou pessoas com obesidade: fazer compressões mais acima, na parte inferior do esterno (logo abaixo da caixa torácica), não no abdómen
  • Bebés menores de 1 ano: não fazer Heimlich abdominal. Aplicar cinco pancadas interescapulares + cinco compressões torácicas (técnica pediátrica)
  • Após a desobstrução: avaliar, vigiar e encaminhar para observação médica.

 

Aconselha-se observação médica após o acontecimento, mesmo que a pessoa em questão melhore.

 

 

Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP): o que é e como fazer

Quando uma pessoa deixa de respirar e não tem pulso, cada segundo conta. A RCP serve para manter o sangue a circular até chegar ajuda. O ideal é usar um DAE (desfibrilhador automático externo), mas mesmo sem ele é possível agir.

 

 

Como fazer RCP num adulto

  1. Confirme a situação. A pessoa não reage e não respira normalmente? Se ainda não o fez, ligue 112 de imediato e, se houver alguém por perto, peça que vá buscar um DAE

  2. Comece as compressões. Coloque as mãos no centro do peito, braços esticados, e pressione com força (cerca de cinco a seis cm de profundidade) ao ritmo de 100 a 120 vezes por minuto (o equivalente à batida de “Stayin’ Alive”, dos Bee Gees)

  3. Só com as mãos já ajuda. Mesmo sem formação, manter compressões contínuas é melhor do que não fazer nada. Se tiver treino, faça ciclos de 30 compressões seguidas de duas ventilações

  4. Use o DAE, se existir. Basta ligar e seguir as instruções de voz: ele indica quando afastar e quando retomar as compressões

  5. Não parar. Continue até a vítima voltar a respirar, chegar ajuda ou já não tiver forças para continuar.

 

Em bebés, utilizam-se apenas dois dedos no centro do peito; em crianças, uma ou duas mãos consoante o tamanho. O ritmo é o mesmo dos adultos, mas a profundidade deve ser menor — cerca de um terço do tórax.

Como agir em outras situações frequentes

Nem sempre estamos perante um engasgamento ou uma paragem cardíaca. Muitas vezes são pequenos acidentes ou males-estar que exigem apenas as medidas certas nos primeiros minutos. Eis como pode agir:

  • Hemorragias: pressione a ferida com uma compressa ou pano limpo e mantenha a pressão pelo menos 10 minutos. Se o penso encharcar, não o retire, coloque outro por cima. Eleve o membro afetado, se possível. O garrote só deve ser usado por quem tem formação específica, e apenas como último recurso, já que o uso incorreto pode causar complicações graves

  • Feridas: lave bem as mãos, limpe a ferida com soro ou água corrente e depois desinfete com antissético. Se for pequena, pode deixar ao ar ou cobrir com penso. Se for profunda, muito suja, tiver corpos estranhos ou sinais de infeção, procure cuidados médicos

  • Queimaduras: não rebente bolhas e nunca aplique manteiga, pasta de dentes ou outros “truques caseiros”. No fim, cubra com uma compressa estéril

  • Traumas ou entorses: aplique gelo envolto num pano durante 10 minutos, retire por 10 a 15 minutos e volte a aplicar. Eleve o membro afetado e, se tiver, use uma ligadura elástica para compressão suave

  • Suspeita de choque: deite a vítima, eleve as pernas (se não houver sinais de fratura ou trauma na zona) e mantenha-a quente e calma enquanto aguarda o 112.

 

 

Importância da formação em primeiros socorros

Saber ler a situação, comunicar com o 112 e executar técnicas seguras não se aprende só a “ver vídeos”. Um curso de primeiros socorros dá formação, prática, atualiza procedimentos e aumenta a confiança.

 

 

Onde fazer formação em primeiros socorros?

Saber a teoria ajuda, mas nada substitui a prática. Por essa razão, vale a pena investir num curso de primeiros socorros, onde se aprende com instrutores, pratica em manequins e ganha confiança para agir em situações reais.

 

A Cruz Vermelha Portuguesa, através da sua Escola de Socorrismo, tem várias formações certificadas e adaptadas a diferentes necessidades:

  • Curso Básico de Primeiros Socorros (CBPS)
  • Curso Europeu de Primeiros Socorros (CEPS)
  • Suporte Básico de Vida (SBV) e SBV com DAE
  • Socorrismo Pediátrico
  • Primeiros Socorros Psicológicos.

 

Além da Cruz Vermelha, também os bombeiros, escolas de saúde, empresas de Higiene e Segurança no Trabalho (HST) e algumas academias oferecem formações reconhecidas.

 

 

Como utilizar o 112 (rápido e eficaz)

Quando tudo parece confuso, uma chamada calma e objetiva ao 112 aproxima a ajuda de quem precisa. Veja como dizer o que importa, sem perder tempo:

  • Onde: morada exata e referências próximas
  • O quê: tipo de incidente e riscos (fogo, químicos, trânsito)
  • Quem: número de vítimas, idade aproximada, estado (consciente? a respirar?)
  • O que foi feito: compressões? Heimlich? Posição Lateral de Segurança
  • Não desligar até indicação do operador.

 

Pratique, aprenda e mantenha o kit pronto. Dominar os primeiros socorros é estar preparado para agir com segurança e confiança quando cada minuto conta.

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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