Bem-estar

Síndrome de burnout: quais os sintomas e como prevenir

5 minutos de leitura
Atualizado a 29 Outubro 2025
Síndrome de burnout: o que é e sintomas

A intensidade que a palavra “burnout” sugere é um primeiro indício da gravidade desta condição. O termo inglês significa “queimar até ao fim” e, no glossário médico, remete para uma síndrome cujas causas são intrínsecas à vida profissional.

 

Excesso de tarefas ou de carga horária, dificuldade em gerir momentos de stress ou um contacto diário muito exigente com outras pessoas podem desencadear uma rutura na capacidade de trabalhar e de viver com qualidade. Se não estiver atento aos sinais do organismo, este pode colapsar.

 

Em 2024, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia destacou que mais de 70% dos trabalhadores em Portugal apresentavam sintomas de burnout, associando-o a doenças cardíacas.

 

 

Síndrome de burnout: o que é

Segundo a OMS, que desde 2019 reconhece o burnout como uma doença, trata-se de uma síndrome “resultante do stress no local de trabalho que não foi gerido com sucesso”.

 

“Carateriza-se, sobretudo, pela exaustão emocional e pela diminuição do envolvimento pessoal no trabalho”, especifica também a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP).

 

Apesar de ter origem em contexto laboral, o esgotamento profissional tem consequências importantes na vida pessoal. A desmotivação, a fadiga e o sentimento geral de insatisfação são três exemplos de sintomas que se estendem desde o escritório até ao contexto familiar.

 

 

Quais os sintomas do burnout?

Os sintomas desenvolvem-se progressivamente. Podem começar por se manifestar como sinais ligeiros, suaves, quase impercetíveis, até se tornarem numa perturbação incapacitante. O esgotamento profissional “é pautado por sintomas de ansiedade, angústia, desorganização e até depressivos”, pormenoriza Catarina Lucas, psicóloga clínica. O cansaço emocional e físico associa-se a “uma perceção de incapacidade para gerir o dia a dia”.

 

Mas quais as caraterísticas exclusivas desta síndrome? “A grande diferença para outros quadros psicológicos é que o burnout tem origem no contexto profissional e no stress provocado por aquele”, elucida a profissional.

 

Para prevenir o aparecimento ou agravamento do burnout, esteja atento aos seguintes sintomas psicológicos:

  1. Exaustão emocional e sensação de mente cansada
  2. Insatisfação profissional
  3. Desmotivação e menor dedicação no trabalho
  4. Sensação de mal-estar e insatisfação com a vida
  5. Perda de qualidade das relações sociais e familiares
  6. Sentimento de ineficácia
  7. Dificuldades de concentração
  8. Irritabilidade
  9. Perda da capacidade de empatia.

 

Para além disso, o burnout também acarreta, habitualmente, sintomas físicos:

  1. Problemas gastrointestinais
  2. Fadiga crónica
  3. Dores musculares
  4. Enxaquecas
  5. Alterações do sono e do apetite
  6. Enfraquecimento do sistema imunitário
  7. Alteração dos níveis de tensão arterial e outros problemas cardiovasculares.

 

 

Quais as possíveis causas do burnout?

As causas estão sempre relacionadas com a atividade laboral. Um ambiente ou carga de trabalho desfavoráveis ao bem-estar físico e emocional podem provocar situações de desgaste intensas.

 

Eis algumas fontes de stress que podem estar na origem da síndrome:

  • Carga de trabalho excessivo
  • Falta de autonomia e controlo sobre as tarefas e a organização do trabalho
  • Falta de reconhecimento e valorização do trabalho realizado em prol da organização
  • Realização de atividades perigosas ou de grande exigência emocional
  • Carga horária excessiva (superior a oito horas diárias), trabalho por turnos ou poucas pausas durante o dia
  • Dificuldades relacionais com colegas e/ou superiores hierárquicos
  • Desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

 

 

Quais as consequências de um burnout não tratado?

Ignorar uma situação de burnout é praticamente impossível, já que a síndrome incapacita o indivíduo para o trabalho e para a vida social. Um esgotamento profissional não tratado pode desencadear “quadros graves de ansiedade e depressão, isolamento, desvalorização pessoal e, no limite, ideação suicida”, explica a psicóloga.

 

Afeta, ainda, as relações interpessoais. O relacionamento com os colegas de trabalho é o primeiro a sair prejudicado. Mas também danifica as relações com os amigos e familiares, pelo aumento do número de conflitos, tensão e falta de empatia. “O burnout representa um risco não apenas para nós próprios, mas também para os nossos colegas, uma vez que é “contagioso””, alerta a OPP.

 

Além disso, pode ter consequências económicas. Em primeiro lugar, se houver lugar a baixa médica, pode perder uma parte dos rendimentos. Por outro lado, aumentam os gastos com consultas e tratamentos. Para as organizações, situações como o absentismo, erros e acidentes de trabalho e a diminuição da produtividade geram um grande impacto. “Só em Portugal, estima-se que o stress e o burnout custem às empresas 3,2 mil milhões de euros por ano”, segundo a OPP.

 

 

O que fazer se estiver em burnout

Uma vez confirmados os sintomas, há algumas alterações comportamentais e outras medidas a tomar para travar o desenvolvimento da síndrome. Eis os conselhos da psicóloga clínica Catarina Lucas sobre como tratar o burnout, numa primeira fase:

  • Tentar abrandar o ritmo de imediato
  • Reorganizar o trabalho e delegar tarefas
  • Respeitar as pausas e diminuir a carga e horas de trabalho, se estiverem a ser excessivas
  • Procurar ajuda especializada (médica e/ou psicológica).

 

Neste âmbito, o psicólogo pode ajudar a “gerir melhor a ansiedade e o stress, bem como o equilíbrio entre as necessidades pessoais e profissionais”, diz a OPP. Dependendo da gravidade da situação, um período de descanso poderá ser necessário. No regresso ao trabalho, é ainda fundamental impor uma nova disciplina para evitar eventuais recaídas e, se necessário, tentar melhorar as condições laborais, recorrendo ao apoio da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

 

 

Como prevenir o burnout

Evitar o burnout é uma prioridade para as organizações e para os trabalhadores, sendo que ambos os lados têm uma responsabilidade quanto a este objetivo.

 

 

O que deve fazer o trabalhador

  • “Conciliar a vida pessoal/familiar com a vida profissional, de modo a que a balança esteja equilibrada”, aconselha Catarina Lucas
  • Cuidar da saúde mental
  • Promover práticas de autocuidado
  • Usufruir de momentos de lazer
  • Praticar exercício físico regularmente e de forma moderada
  • Fazer uma alimentação saudável
  • Promover bons hábitos de sono e momentos de descanso
  • “Desabafar" com pessoas da sua confiança
  • E estabelecer limites. “A nós mesmos, aos chefes e colegas, no que diz respeito ao volume e número de horas de trabalho”, nota a psicóloga.

 

 

O que devem fazer as organizações

  • Contribuir para um bom ambiente de trabalho
  • Respeitar e promover o respeito pelos horários de trabalho
  • Melhorar a comunicação e a liderança
  • Envolver os trabalhadores nas decisões e processos da organização
  • Garantir o desenvolvimento e crescimento pessoal e profissional dos trabalhadores
  • Mostrar reconhecimento pelo trabalho prestado
  • Promover a colaboração com psicólogos, que “podem, além de contribuir para a avaliação do stress e burnout de trabalhadores ou grupos de trabalhadores ou administradores, participar e contribuir para a criação de ambientes de trabalho psicologicamente saudáveis”, diz a OPP.

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

Sara Baptista, psicóloga clínica e membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses

Psicóloga clínica e membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses

Sara Baptista

Detentora de Especialização Avançada em Terapias Cognitivo-Comportamentais pelo Instituto CRIAP, encontra-se atualmente a frequentar Supervisão Clínica. Atualmente desempenha funções em contexto escolar, apresentando também experiência profissional em diversas instituições, na intervenção com públicos-alvo em situação de vulnerabilidade psicossocial.

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