Se está a pensar fazer jejum intermitente, descubra como funciona esta prática, que tipos de jejum existem, os seus benefícios e riscos e em que situações não é recomendada.
O jejum intermitente tem ganho espaço nos meios de comunicação, nas redes sociais e nas conversas entre amigos. São cada vez mais as pessoas que recorrem a este método para perder peso e até para reduzir o stress.
Mas, afinal, o que acontece ao nosso corpo quando fazemos jejum intermitente? Que vantagens e que riscos estão associados a esta prática?
Explicamos-lhe o que é, como funciona e o que deve ter em conta se quer começar a fazer jejum intermitente.
Fazer jejum significa não comer. Na verdade, o jejum é um estado fisiológico normal que acontece todos os dias, desde que vamos dormir até comermos a primeira refeição do dia, se dormirmos horas suficientes.
O jejum intermitente é uma prática que consiste em alternar períodos de várias horas sem comer com períodos de ingestão de alimentos. Para fazer jejum intermitente, deve estar, pelo menos, 12 horas seguidas sem comer, todos os dias.
Embora o jejum intermitente seja praticado por muitos com o objetivo de perder peso, não podemos dizer que é o mesmo que “fazer dieta”.
O conceito de dieta refere-se ao consumo habitual de alimentos e bebidas – por isso, o jejum intermitente é mais um método que pode ser usado para responder a diferentes necessidades e objetivos.
Em termos evolutivos, o corpo humano está preparado para o jejum. Nem sempre houve comida acessível como hoje em dia. O jejum de várias horas era comum nas comunidades de caçadores-recoletores, devido à falta ou escassez de alimentos.
Quando comemos, estamos a dar ao nosso corpo mais energia do que a que consegue usar naquele momento. O corpo absorve essa energia e guarda-a para usar mais tarde. Se comemos com muita frequência, continuamos a absorver energia sem gastar a que já temos armazenada.
Mas o que acontece ao corpo quando passamos muitas horas sem comer?
Quando jejuamos, obrigamos o corpo a usar as reservas de gordura como fonte de energia, em vez dos açúcares, como acontece quando comemos. Além disso, ao restringir os períodos em que podemos comer, temos tendência para ingerir menos calorias por dia.
Durante os longos períodos em que não comemos, o sistema digestivo pode descansar – o que não acontece quando fazemos refeições muito frequentes. É neste tempo que são ativados mecanismos fisiológicos de regeneração, que podem ser benéficos para a saúde.
O funcionamento de vários sistemas do nosso corpo, incluindo o sistema digestivo, é regulado, em parte, pelo ciclo circadiano. O sistema digestivo está preparado para digerir alimentos e queimar calorias especialmente durante o dia.
Por sua vez, os mecanismos de regeneração ativados pelo jejum acontecem especialmente à tarde e à noite. É por isso que é importante jantar cedo e evitar comer antes de ir dormir.
Há vários tipos de jejum intermitente. Em geral, os que implicam menos horas sem comer são mais fáceis de praticar e têm-se mostrado bastante benéficos quando feitos regularmente.
Mas lembre-se que o que funciona para outras pessoas pode não funcionar para si. Por isso, é importante conhecer bem as suas necessidades e o seu estado físico para escolher o tipo de jejum intermitente que mais se adequa às suas rotinas e objetivos.
Se nunca fez jejum intermitente, este é o tipo ideal para começar. Deve ficar sem comer durante 12 horas, todos os dias. Não é tão difícil quanto parece, porque pode aproveitar as horas em que está a dormir.
Neste caso, a última refeição será o jantar – quanto mais cedo, melhor, para potenciar os benefícios do jejum. Se jantar às 20 horas, por exemplo, só poderá voltar a comer às 8 horas.
Este tipo de jejum consiste em ficar sem comer durante 16 horas, distribuindo as refeições pelas restantes 8 horas do dia. Se optar por este método, consegue potenciar ainda mais os benefícios do jejum intermitente.
Pode fazer as refeições entre as 13 horas e as 20 horas, por exemplo, e ficar sem comer até às 13 horas do dia seguinte. É importante articular os períodos de jejum com aspetos práticos do dia a dia, como o horário de trabalho, os hábitos familiares e as alturas do dia em que costuma ter mais fome.
É o tipo de jejum mais rigoroso. Consiste em restringir muito a ingestão de calorias em vários dias da semana. Nesses dias, só pode fazer uma refeição em que ingere entre 500 a 800 calorias, dependendo do seu peso e constituição física.
Nesta modalidade de jejum intermitente, deve intercalar os dias de restrição alimentar com dias em que pode comer livremente, mas de forma equilibrada.
Seja qual for o tipo de jejum que escolher, deve ser acompanhado por profissionais de saúde e nutrição.
Cada pessoa tem características físicas e fisiológicas distintas, condições, estilos de vida e hábitos diferentes. As necessidades nutritivas e os objetivos podem variar muito – cada caso é único e deve ser avaliado e seguido.
Antes de começar a praticar jejum intermitente, aproveite as vantagens dos seguros de saúde e marque uma consulta de avaliação com o seu médico ou nutricionista.
Uma revisão sistemática da literatura, publicada no The American Journal of Clinical Nutrition, refere que são precisos mais estudos para que o jejum intermitente possa ser recomendado de forma mais ampla.
Mas já há evidência científica suficiente para atestar a sua segurança e explicar algumas das suas vantagens, que não se limitam à perda de peso.
Segundo um estudo publicado no The New England Journal of Medicine, o jejum intermitente pode trazer vários ganhos à saúde, como diminuir a incidência de algumas doenças e aumentar a longevidade.
Mas os benefícios parecem não ficar por aqui. Quando praticado de forma correta e equilibrada, o jejum intermitente pode ajudar a:
O jejum intermitente só é benéfico se aliado a uma alimentação equilibrada e a um estilo de vida saudável. Por isso, é essencial comer bem, satisfazendo as necessidades calóricas com alimentos nutritivos e de qualidade. Manter uma rotina adequada de exercício físico também é essencial.
Durante as horas em que não come, deve continuar a hidratar-se, bebendo água regularmente. Também pode ingerir algumas bebidas leves que ajudam a controlar o apetite e não quebram o jejum, como café, chá ou infusões sem açúcar.
Mas e quando o jejum termina?
Para quebrar o jejum, é importante começar com pequenas quantidades e escolher bem o que vai comer. Prefira alimentos ricos em fibras, minerais e vitaminas, gorduras saudáveis e alimentos integrais, como:
Deve evitar alimentos processados e com muito sal, gorduras e açúcares adicionados. Bolos, pastéis, enchidos e fritos não são boas opções.
Este é um conselho que vale para qualquer regime alimentar equilibrado, mas ainda mais importante para quem faz jejum intermitente.
Apesar dos benefícios, o jejum intermitente também pode ter alguns riscos e consequências negativas. Os mais comuns, segundo os especialistas, são:
Estes efeitos podem ser temporários, especialmente no período da adaptação, mas podem também prolongar-se para além do esperado. Esteja atento às sensações e sinais do seu corpo e ajuste os seus hábitos sempre que for preciso.
Além dos riscos já referidos, o jejum intermitente não é recomendado para todas as pessoas. Há mesmo grupos específicos para os quais o jejum é desaconselhado:
A alimentação e nutrição não são temas lineares e não existem soluções milagrosas. A disciplina e o compromisso com a saúde são as ferramentas mais importantes para qualquer mudança de hábitos – especialmente os alimentares.
Se quer experimentar fazer jejum intermitente, comece com calma e de forma gradual. Lembre-se que pode não ser o melhor método para o seu contexto e rotina e isso não tem de ser um problema.
Qualquer mudança de hábitos deve contribuir para melhorar a sua qualidade de vida e bem-estar. Se este método não resultar consigo, não desanime: há sempre caminhos por explorar e o importante é encontrar aquele que funciona para si.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
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