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Finanças
Nos últimos meses, quem depende do apoio extraordinário à renda tem vivido uma espécie de montanha-russa: interrupções inesperadas, retroativos por regularizar e mensagens sobre “incongruências” nos seus processos.
Para quem está a tentar perceber porque deixou de receber o apoio ou porque ainda não recebeu os valores em atraso, a confusão tem sido grande.
O Programa de Apoio Extraordinário à Renda (PAER) foi criado em 2023 para ajudar famílias com rendimentos até ao 6.º escalão de IRS e uma taxa de esforço igual ou superior a 35%. Trata-se de um apoio mensal, não reembolsável, que pode chegar aos 200 euros.
Se quiser aprofundar o tema, pode ler o nosso artigo completo sobre o apoio extraordinário à renda.
O programa foi desenhado para cruzar dados de cinco entidades diferentes: Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), Autoridade Tributária, Segurança Social, Caixa Geral de Aposentações e Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Na prática, essa articulação revelou-se mais complexa do que previsto. O próprio Governo reconheceu que o modelo inicial não assegurava uma interoperabilidade total entre sistemas, o que contribuiu para atrasos e para a identificação de inconsistências nos dados.
Como consequência, alguns beneficiários viram o apoio suspenso, mesmo sem alterações nos seus rendimentos ou contratos. Outros nunca chegaram a receber pagamentos que estavam previstos. E houve também casos em que as pessoas só descobriram a suspensão quando verificaram que o valor deixou de entrar na conta.
Segundo dados oficiais, mais de 129 mil inquilinos deverão receber o apoio com retroativos desde janeiro. Ao mesmo tempo, cerca de 59 mil processos foram suspensos devido a “incongruências”.
Estas incongruências podem surgir, por exemplo, em:
Por si só, estas situações seriam resolvíveis. O problema é que muitos beneficiários referem não ter sido informados de forma clara sobre o que está a falhar ou como corrigir os dados, o que aumenta a incerteza em relação a quando — e se — irão receber o apoio.
Sobre este tema têm surgido posições distintas, amplamente divulgadas na comunicação social.
Do lado do Governo, tem sido referido que os atrasos são essencialmente causados por incongruências nos dados e não por falhas no processamento dos pagamentos. O Governo reconhece, no entanto, que a comunicação com os beneficiários nem sempre foi tão clara ou tempestiva quanto deveria.
O presidente do IHRU também admitiu que existe um volume muito elevado de processos para analisar e que os recursos disponíveis dificultam a resposta célere às situações por resolver.
As associações de inquilinos têm apresentado um ponto de vista diferente, relatando que continuam a chegar-lhes queixas de suspensões inesperadas, dificuldades em corrigir informação e longos períodos sem devolução dos retroativos previstos. A Provedoria de Justiça, por sua vez, alertou para a necessidade de rever o regime, referindo que tem recebido um número significativo de reclamações relacionadas com atrasos, falta de notificação e problemas nas plataformas de apoio.
Em todos os casos, há um elemento comum: milhares de famílias procuram perceber o que está a acontecer e como podem regularizar a sua situação.
Os relatos de vários beneficiários mostram como a perda temporária deste apoio pode alterar profundamente o orçamento familiar. Há quem tenha deixado de receber o valor de um mês para o outro, sem aviso, mantendo a mesma renda e os mesmos rendimentos. Outros estão há vários meses à espera de retroativos, o que obriga a ajustes difíceis nas despesas essenciais.
Também têm sido registadas filas nas instalações do IHRU em Lisboa e no Porto, onde muitas pessoas tentam obter um esclarecimento presencial depois de diversos contactos por e-mail ou telefone sem resposta.
Para quem conta com este apoio no final do mês, estas interrupções geram uma instabilidade adicional.
O que se tem verificado não é apenas um atraso pontual, mas um conjunto de desafios que se acumulam:
Tanto o Governo como a Provedoria de Justiça já reconheceram a necessidade de rever o modelo para garantir maior eficiência e previsibilidade.
Se o apoio deixou de ser pago ou foi suspenso, o primeiro passo é confirmar se existe alguma incongruência associada ao processo. O IHRU disponibiliza o Portal Consulta Cidadão, onde é possível verificar os dados que foram usados para calcular o apoio e corrigir informações que tenham sido identificadas como incompletas ou divergentes.
Sempre que necessário, é possível apresentar uma reclamação no próprio portal. Em situações mais complexas, pode também ser útil recorrer a entidades independentes como a DECO PROteste ou associações de inquilinos.
Depois de vários alertas públicos, incluindo da Provedoria de Justiça, o Governo confirmou que o programa será revisto “em breve”, com o objetivo de o tornar mais simples, transparente e operacional. A revisão é relevante, sobretudo porque o apoio está previsto até 2028.
Até lá, muitas famílias continuam a lidar com rendas elevadas, um custo de vida desafiante e um apoio que, apesar de previsto na lei, nem sempre chega no momento certo. É por isso que se espera que as próximas alterações tragam maior estabilidade e previsibilidade a quem depende deste apoio para equilibrar as contas do mês.
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