Finanças

Afinal, o que se passa com o apoio às rendas?

5 minutos de leitura
Publicado a 18 Dezembro 2025
Senhora concentrada e preocupada, sentada a mexer no computador

Nos últimos meses, quem depende do apoio extraordinário à renda tem vivido uma espécie de montanha-russa: interrupções inesperadas, retroativos por regularizar e mensagens sobre “incongruências” nos seus processos.

 

Para quem está a tentar perceber porque deixou de receber o apoio ou porque ainda não recebeu os valores em atraso, a confusão tem sido grande.

 

 

O que é o apoio extraordinário à renda?

O Programa de Apoio Extraordinário à Renda (PAER) foi criado em 2023 para ajudar famílias com rendimentos até ao 6.º escalão de IRS e uma taxa de esforço igual ou superior a 35%. Trata-se de um apoio mensal, não reembolsável, que pode chegar aos 200 euros.

 

Se quiser aprofundar o tema, pode ler o nosso artigo completo sobre o apoio extraordinário à renda.

 

 

Como é que o apoio deveria funcionar e onde começaram os problemas?

O programa foi desenhado para cruzar dados de cinco entidades diferentes: Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), Autoridade Tributária, Segurança Social, Caixa Geral de Aposentações e Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

 

Na prática, essa articulação revelou-se mais complexa do que previsto. O próprio Governo reconheceu que o modelo inicial não assegurava uma interoperabilidade total entre sistemas, o que contribuiu para atrasos e para a identificação de inconsistências nos dados.

 

Como consequência, alguns beneficiários viram o apoio suspenso, mesmo sem alterações nos seus rendimentos ou contratos. Outros nunca chegaram a receber pagamentos que estavam previstos. E houve também casos em que as pessoas só descobriram a suspensão quando verificaram que o valor deixou de entrar na conta.

 

 

As “incongruências” que deixam milhares de apoios em pausa

Segundo dados oficiais, mais de 129 mil inquilinos deverão receber o apoio com retroativos desde janeiro. Ao mesmo tempo, cerca de 59 mil processos foram suspensos devido a “incongruências”.

 

Estas incongruências podem surgir, por exemplo, em:

 

  • Declarações fiscais dos senhorios (rendimentos prediais que não batem certo)
  • Registo do contrato de arrendamento nas Finanças
  • Montante da renda declarado ser diferente do que está nos recibos
  • Informação sobre rendimentos do inquilino ou do agregado que não coincide entre sistemas.

 

Por si só, estas situações seriam resolvíveis. O problema é que muitos beneficiários referem não ter sido informados de forma clara sobre o que está a falhar ou como corrigir os dados, o que aumenta a incerteza em relação a quando — e se — irão receber o apoio.

O que dizem o Governo, o IHRU e as associações de inquilinos?

Sobre este tema têm surgido posições distintas, amplamente divulgadas na comunicação social.

 

Do lado do Governo, tem sido referido que os atrasos são essencialmente causados por incongruências nos dados e não por falhas no processamento dos pagamentos. O Governo reconhece, no entanto, que a comunicação com os beneficiários nem sempre foi tão clara ou tempestiva quanto deveria.

 

O presidente do IHRU também admitiu que existe um volume muito elevado de processos para analisar e que os recursos disponíveis dificultam a resposta célere às situações por resolver.

 

As associações de inquilinos têm apresentado um ponto de vista diferente, relatando que continuam a chegar-lhes queixas de suspensões inesperadas, dificuldades em corrigir informação e longos períodos sem devolução dos retroativos previstos. A Provedoria de Justiça, por sua vez, alertou para a necessidade de rever o regime, referindo que tem recebido um número significativo de reclamações relacionadas com atrasos, falta de notificação e problemas nas plataformas de apoio.

 

Em todos os casos, há um elemento comum: milhares de famílias procuram perceber o que está a acontecer e como podem regularizar a sua situação.

 

 

Quando o apoio falha, a vida real não espera

Os relatos de vários beneficiários mostram como a perda temporária deste apoio pode alterar profundamente o orçamento familiar. Há quem tenha deixado de receber o valor de um mês para o outro, sem aviso, mantendo a mesma renda e os mesmos rendimentos. Outros estão há vários meses à espera de retroativos, o que obriga a ajustes difíceis nas despesas essenciais.

 

Também têm sido registadas filas nas instalações do IHRU em Lisboa e no Porto, onde muitas pessoas tentam obter um esclarecimento presencial depois de diversos contactos por e-mail ou telefone sem resposta.

 

Para quem conta com este apoio no final do mês, estas interrupções geram uma instabilidade adicional.

 

 

O que está mesmo em causa com os apoios às rendas?

O que se tem verificado não é apenas um atraso pontual, mas um conjunto de desafios que se acumulam:

 

  • Um sistema complexo que depende do cruzamento de informação entre várias entidades
  • Dificuldades das plataformas digitais em refletir as correções feitas pelos beneficiários
  • Falta de capacidade de resposta para o volume de processos em análise
  • Comunicação pouco clara sobre suspensões e reativações.

 

Tanto o Governo como a Provedoria de Justiça já reconheceram a necessidade de rever o modelo para garantir maior eficiência e previsibilidade.

 

 

O que pode fazer se perdeu o apoio à renda ou está com o apoio suspenso?

Se o apoio deixou de ser pago ou foi suspenso, o primeiro passo é confirmar se existe alguma incongruência associada ao processo. O IHRU disponibiliza o Portal Consulta Cidadão, onde é possível verificar os dados que foram usados para calcular o apoio e corrigir informações que tenham sido identificadas como incompletas ou divergentes.

 

Sempre que necessário, é possível apresentar uma reclamação no próprio portal. Em situações mais complexas, pode também ser útil recorrer a entidades independentes como a DECO PROteste ou associações de inquilinos.

 

Depois de vários alertas públicos, incluindo da Provedoria de Justiça, o Governo confirmou que o programa será revisto “em breve”, com o objetivo de o tornar mais simples, transparente e operacional. A revisão é relevante, sobretudo porque o apoio está previsto até 2028.

 

Até lá, muitas famílias continuam a lidar com rendas elevadas, um custo de vida desafiante e um apoio que, apesar de previsto na lei, nem sempre chega no momento certo. É por isso que se espera que as próximas alterações tragam maior estabilidade e previsibilidade a quem depende deste apoio para equilibrar as contas do mês.

Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.

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