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Finanças
Falar de dinheiro continua a ser um tema sensível em muitas casas. E quando o assunto é investir, a tendência é, ainda, jogar pelo seguro. Em 2025, o retrato mantém-se: a maioria dos portugueses continua a preferir proteger o capital, mesmo que isso signifique abdicar de potenciais ganhos no longo prazo.
Para perceber melhor esta realidade, vale a pena olhar para a fotografia mais recente captada por inquéritos nacionais e estatísticas oficiais do Boston Consulting Group (Consumer Sentiment Survey 2025), da Universidade Católica Portuguesa (Barómetro dos Hábitos de Investimento 2025) e do Banco de Portugal.
Os números ajudam a perceber melhor esta relação entre poupança e investimento:
O comportamento financeiro dos portugueses não nasceu por acaso. Há um conjunto de fatores económicos, culturais e emocionais que ajudam a explicar por que razão o risco continua a ser visto mais como ameaça do que como oportunidade.
A verdade é que poupar continua a ser um luxo para muitas famílias. O aumento dos custos com alimentação, habitação, saúde e transportes tem deixado o orçamento familiar cada vez mais apertado. Segundo o Consumer Sentiment Survey 2025 da BCG, 64% dos portugueses poupam menos de 10% do salário e 36% nem sequer conseguem pôr de lado 5%.
Quando quase todo o rendimento é absorvido por despesas fixas, sobra pouco espaço para pensar em investimento. E, sem uma “almofada” de segurança, o dinheiro que existe tende a ser guardado em contas à ordem ou depósitos a prazo.
Portugal tem um longo histórico de crises económicas, desde a recessão do início dos anos 2000 à crise financeira de 2008 e à pandemia de 2020. Estes episódios deixaram marcas profundas.
Não é por acaso que 44% dos investidores admitem já ter perdido dinheiro, segundo o Barómetro da Universidade Católica. Esse trauma coletivo traduz-se num receio de voltar a arriscar. A prioridade deixa de ser “fazer crescer o dinheiro” e passa a ser “não o perder”. É uma postura compreensível, mas que, a longo prazo, pode comprometer a rentabilidade e o crescimento do património.
Mesmo com mais informação disponível do que nunca, a literacia financeira continua baixa. Muitos portugueses classificam o seu conhecimento sobre finanças pessoais num nível intermédio, mas um em cada quatro ainda não sabe o que é diversificação. Além disso, a confiança continua a ser um obstáculo. Há receio de “fazer asneira”, de não entender os produtos, de ser enganado ou de investir no momento errado. Por isso, a maioria procura os bancos tradicionais como fonte principal de informação e evita soluções mais autónomas ou digitais.
A maior parte do dinheiro das famílias continua guardada em depósitos bancários e certificados de aforro ou do Tesouro, produtos de baixo risco e com capital garantido. São opções vistas como “abrigo” em tempos incertos, e o facto de oferecerem liquidez imediata ajuda a reforçar essa confiança.
Logo a seguir surgem os Planos Poupança Reforma (PPR) e os seguros de capitalização, escolhidos por quem quer pensar a longo prazo, beneficiando ainda de alguma vantagem fiscal. Já os fundos de investimento começam, pouco a pouco, a conquistar espaço. Ainda estão longe de ser uma escolha de massas, mas têm registado crescimento, sobretudo entre quem procura diversificar sem assumir riscos excessivos.
E há um dado curioso: mesmo num país prudente como Portugal, o ouro e a prata continuam a ter um lugar especial. Muitos investidores veem nestes metais um “porto seguro” para proteger o património em momentos de instabilidade económica.
Apesar de o perfil conservador continuar a dominar, há indícios de que algo está a mudar no comportamento financeiro dos portugueses. É uma transformação lenta, quase silenciosa, mas que mostra uma maior abertura à diversificação e a novas formas de investir. Sobretudo entre as gerações mais jovens e os que têm mais formação.
O investidor português continua conservador. E não há mal nenhum em valorizar a segurança, sobretudo quando o orçamento é curto e a memória de perdas é recente. Mas ganhar resiliência para o futuro exige dar um passo além dos depósitos, com diversificação, disciplina e horizonte longo. Não se trata de “arriscar por arriscar”, mas de equilibrar proteção com crescimento.
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