Sabia que, em Portugal, 1 em cada 6 pessoas tem problemas de ansiedade? E que as fobias são um tipo de perturbação de ansiedade? Conheça os diferentes tipos de fobias, quais os sintomas e que tratamentos existem.
A pandemia e o isolamento ampliaram a ansiedade e os medos de muitas pessoas, em particular no que respeita à saúde e às questões sociais.
Mas os medos, as perturbações de ansiedade e, em particular, as fobias, já eram mais comuns do que talvez imagine.
Segundo a Ordem dos Psicólogos Portugueses, 1 em cada 6 pessoas tem um problema de ansiedade.
Estima-se ainda que cerca de 34% das pessoas sofrem ou vão sofrer de uma perturbação de ansiedade durante a vida – sejam crianças, adolescentes ou adultos.
Fobia é um medo irracional e persistente de uma situação ou objeto.
A ansiedade e o medo são respostas normais do organismo a ameaças reais ou imaginadas. Quando sentimos medo, o nosso corpo está a dizer-nos que estamos perante uma situação de perigo – é uma emoção adaptativa, que nos leva a agir para sobreviver.
É normal ter medo. O problema começa quando o medo limita a vida, mesmo em tarefas ou situações que parecem simples ou inofensivas, e é nesse contexto que falamos em fobia.
Há vários tipos de fobias específicas, que se dividem em 5 grupos:
A fobia específica mais comum é a aracnofobia, o medo intenso e irracional de aranhas. Esta fobia afeta tanta gente que até já há uma aplicação baseada em realidade virtual que ajuda a ultrapassar o medo de aranhas.
Mas há muitas outras fobias. Eis as que se destacam, entre as mais comuns:
No caso da fobia social, o medo e a ansiedade são provocados por situações de interação ou exposição social.
Vivemos em sociedade e isso faz com que haja expectativas em relação ao que devemos ser, como nos devemos comportar, o que devemos dizer e de que forma.
Por isso, sentir alguma ansiedade perante situações sociais como falar em público, ser avaliado numa prova ou conhecer pessoas novas é natural. Motiva-nos para a ação e ajuda-nos a preparar melhor.
Mas, às vezes, a ansiedade é tão elevada e causa tanto desconforto que leva as pessoas a faltar à prova, aos encontros, a evitar as situações de interação com outros e mesmo a deixar de sair de casa.
Quando o medo exagerado de situações sociais leva as pessoas a evitá-las ao máximo, condicionando e limitando a sua vida de forma importante, estamos perante uma fobia social.
As fobias específicas desenvolvem-se, muitas vezes, a partir de experiências traumáticas do passado. Podem acontecer em qualquer fase da vida – infância, adolescência ou idade adulta.
Na verdade, a maior parte dos problemas emocionais e comportamentais têm como base situações difíceis que as pessoas enfrentaram na sua vida. Estas experiências provocam reações involuntárias e irracionais que, mais tarde, podem evoluir para fobias.
No caso da fobia social, falamos de experiências que acontecem principalmente na infância ou adolescência. Acontecimentos significativos como conflitos familiares, bullying ou situações de humilhação podem ser responsáveis por desencadear este tipo de fobia.
A fobia social está também associada a pessoas mais tímidas, com autoestima mais baixa e menos autoconfiantes. Os seus pensamentos passam, muitas vezes, por acreditar que são inferiores ou que têm menos valor que as outras pessoas.
Por isso, evitam expor-se a situações sociais pelo medo de falhar, de parecerem ridículas, do julgamento dos outros e da humilhação.
Não necessariamente. Nem sempre a timidez se reflete em fobia social. Há pessoas mais reservadas que outras, mais introvertidas, que não têm fobia social.
É um traço de personalidade e, em muitos casos, a ansiedade perante situações sociais é pontual e normativa, sem interferir de forma importante na vida das pessoas.
Só quando esse medo limita a vida de forma importante, interfere nas rotinas e causa grande sofrimento é que podemos falar em fobia social.
O diagnóstico de uma fobia obedece a critérios bem definidos, sendo o principal o medo irracional e exagerado perante o objeto ou situação que o causa.
Com esse medo, vem o evitamento das situações ou objetos temidos. É a consequência mais frequente das fobias e também a mais complexa, porque não resolve o problema.
Pelo contrário, evitar as situações ou objetos fóbicos aumenta ainda mais a ansiedade e o desconforto.
As sensações físicas da fobia social podem variar de pessoa para pessoa, mas as mais comuns são:
Para além dos sintomas físicos, há vários comportamentos a que deve estar atento. Considere pedir ajuda se:
Tratar uma fobia é ajudar as pessoas a ultrapassar ou lidar melhor com os seus medos e ansiedade, para que possam diminuir o sofrimento e aumentar a sua qualidade de vida.
O tratamento deve começar por entender a causa da fobia, porque surgiu e em que momento ou situação.
Há várias abordagens no tratamento das fobias, mas a mais comum e que se tem mostrado mais eficaz é a psicoterapia, ou seja, o acompanhamento por um psicólogo especialista em perturbações de ansiedade.
A abordagem cognitivo-comportamental da psicoterapia consiste em trabalhar os pensamentos e comportamentos que mantêm a ansiedade, desconstruindo as crenças e atitudes que mantêm a fobia.
Uma das técnicas mais usadas para tratar fobias é a exposição gradual ao objeto ou situação fóbica. O objetivo é levar as pessoas a enfrentarem o seu medo, para que o contacto com o estímulo fóbico seja normalizado e a ansiedade baixe.
A psicoterapia também pode ensinar a controlar os sintomas físicos da ansiedade, através de técnicas de relaxamento e exercícios de respiração.
A psicoterapia pode ser individual ou em grupo. Neste caso, a partilha de experiências com outras pessoas que estejam a passar pela mesma fobia ajuda a ultrapassar o medo.
Quando as fobias provocam níveis de ansiedade graves, evoluindo, por vezes, para outros problemas, pode ser preciso complementar o tratamento com medicamentos, como ansiolíticos ou antidepressivos.
Deve tomar medicação apenas se lhe for prescrita por profissionais de saúde. No entanto, é muito importante manter o acompanhamento psicoterapêutico, já que a medicação, por si só, não é o tratamento mais eficaz.
Há ainda alguns hábitos que pode adotar para ajudar a controlar a ansiedade, como dormir, pelo menos, 7 a 8 horas por noite, praticar exercício físico regularmente e evitar substâncias estimulantes, como a cafeína.
Se quando temos uma doença física vamos ao médico ou a um hospital, porque é que quando sentimos tristeza, desânimo ou ansiedade persistente não procuramos ajuda?
As questões de saúde mental ainda são tabu em alguns contextos. Mas o paradigma tem vindo a mudar aos poucos.
O Programa Nacional para a Saúde Mental, criado pela Direção-Geral de Saúde, tem como objetivo promover e monitorizar a saúde mental em Portugal e implementar programas de prevenção, tratamento e reabilitação articulados com os restantes serviços de saúde.
O SNS24 tem ainda um serviço de aconselhamento psicológico integrado na sua linha de atendimento. Basta ligar para o 808 24 24 24 e escolher a opção 4 para falar com um psicólogo clínico. A linha está disponível a qualquer hora, todos os dias.
Também pode aproveitar o seu seguro de saúde e escolher um dos profissionais disponíveis na rede privada de prestadores de cuidados de saúde. Se não quiser sair de casa, pode começar por marcar uma vídeo-consulta de psicologia.
Lembre-se da máxima “mente sã em corpo são” e cuide de si e das pessoas que ama.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
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