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Finanças
“Energia” deixou de ser só uma linha na fatura e passou a ser um tema de conversa em família, na empresa e até no café. Em 2025, entre contas da luz, gás e combustíveis, sente-se bem o peso desta rubrica no orçamento. E, olhando para 2026, tudo indica que a pressão não desaparece, mesmo com algumas medidas de contenção.
Depois do choque energético de 2022, provocado sobretudo pela guerra na Ucrânia, os preços grossistas da eletricidade e do gás recuaram, mas estabilizaram num patamar mais alto do que aquele a que muitos consumidores estavam habituados.
Em Portugal, o regulador da energia (ERSE) propôs uma subida média de 1% nas tarifas reguladas de eletricidade para 2026, um aumento que deverá traduzir-se em mais 20 a 37 cêntimos por mês numa fatura típica de uma família, valor inferior à inflação prevista.
Ao mesmo tempo, as tarifas de acesso às redes (pagas por todos, mesmo no mercado livre) deverão subir cerca de 3%, em parte para financiar mais investimento em infraestruturas.
Do lado positivo, os dados europeus mostram que, no primeiro semestre de 2025, os preços médios de eletricidade em Portugal ficaram abaixo da média da União Europeia, da área do euro e até dos preços praticados em Espanha, tanto para consumidores domésticos como não domésticos. Mas isso pouco consola quando a fatura pesa todos os meses.
Para muitas famílias, a energia passou a ser quase um “segundo condomínio”: está sempre lá, não dá para ignorar e sobe devagarinho.
Hoje, o impacto sente-se em três frentes principais:
Há algumas medidas que ajudam a amortecer o aumento:
Mesmo assim, com tarifas de acesso às redes em alta e um custo de energia que continua sensível ao mercado internacional, a fatura não deixa de subir.
A volatilidade dos preços empurrou muitos consumidores para o mercado livre e para as plataformas de comparação. Dados mostram que a grande maioria continua a escolher tarifas simples (mais de 90% dos novos contratos), enquanto as tarifas bi-horárias ou tri-horárias continuam a ter pouca expressão.
Ou seja: há mais gente a mudar de fornecedor, mas ainda pouca a adaptar o consumo a horários mais baratos, o que poderia gerar poupanças interessantes em algumas casas, sobretudo onde há máquinas, termoacumuladores ou carros elétricos.
Quando a energia sobe, alguém “perde lugar” no orçamento familiar. Muitas vezes:
Daí a importância de olhar para a energia não só como despesa, mas como área de gestão ativa: comparar tarifas, ajustar a potência, rever hábitos e aproveitar apoios à eficiência energética pode libertar dinheiro para outras prioridades.
Do lado das empresas, sobretudo da indústria e dos serviços mais intensivos em eletricidade, a energia pesa diretamente na competitividade.
O mais recente “Inquérito aos Custos de Contexto” do INE mostra que o indicador global de custos de contexto subiu para 3,14 (numa escala de 1 a 5), com a Indústria a apresentar o valor mais elevado, 3,27. A energia é um dos fatores mais citados neste “peso” adicional.
Na prática, isto traduz-se em vários desafios:
É por isso que muitas empresas estão a olhar para a energia quase como olham para matérias-primas ou mão-de-obra: algo que tem de ser planeado, medido e otimizado.
Não há “bala de prata”, mas há programas públicos que podem ajudar famílias e empresas a reduzir consumos e tornar a fatura mais previsível.
Destacam-se sobretudo:
Combinados com o IVA reduzido e a tarifa social para quem reúne condições, estes programas permitem, a médio prazo, trocar “consumo caro” por soluções mais eficientes.
Do lado das empresas, a palavra-chave é descarbonização:
Não são apoios instantâneos nem simples de aceder, mas, para muitas empresas, podem ser a diferença entre “aguentar” a fatura ou transformar a forma como consomem energia.
Mais do que sofrer a fatura, vale a pena assumir uma postura ativa. Em resumo:
Nas famílias:
Nas empresas:
Se não houver novo choque geopolítico, os especialistas apontam para um cenário de preços mais estáveis, apoiado em custos grossistas um pouco mais baixos e em medidas de contenção tarifária financiadas, por exemplo, por receitas de licenças de emissões e impostos sobre combustíveis.
No entanto, a subida das tarifas de acesso às redes e o esforço de investimento em infraestruturas vão continuar a ser refletidos na fatura. Ou seja, é pouco provável que as famílias e empresas voltem, no curto prazo, aos níveis de preços que tinham antes da crise energética.
Em vez de esperar “boas notícias” na próxima conta da luz, a melhor estratégia passa por ganhar algum controlo: perceber como e quando se consome, aproveitar os apoios existentes e olhar para a energia como algo que pode ser gerido, e não apenas suportado.
No fundo, a energia tornou-se um teste à capacidade de planeamento, tanto das famílias como das empresas. E quem começar já a adaptar-se estará sempre em melhor posição quando chegar a próxima atualização de tarifas.
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