É uma das principais causas de cegueira irreversível no mundo, principalmente pelo seu diagnóstico tardio e afeta mais de 150 mil portugueses. Mas afinal o que é o glaucoma?
Um dos principais equívocos acerca do glaucoma é que toda a hipertensão ocular é glaucoma, ou que todo o glaucoma tem associado hipertensão ocular. Mas a realidade desta doença é muito mais complexa, e por isso explicamos aqui os pontos-chave acerca do funcionamento ocular nesta patologia.
O glaucoma é uma doença que afeta as células do nervo ótico (o canal que leva as informações visuais do olho para o nosso cérebro), e consequentemente leva a uma perda de visão gradual e irreversível, com perda de campo visual associado.
O nosso olho está constantemente a produzir e consequentemente drenar um líquido chamado humor aquoso, e quando este líquido não é drenado no mesmo volume que é produzido dá-se uma acumulação deste numa parte do olho chamada câmara anterior, o que acaba por ser danoso para a saúde das restantes estruturas oculares.
Este défice de drenagem pode ser congénito - ou seja a criança pode já nascer com glaucoma – ou pode manifestar-se com a idade, sendo que o primeiro é usualmente muito mais severo e com prognóstico mais reservado, podendo muitas vezes precisar de cirurgia.
Ao contrário da crença popular, o glaucoma na maioria das vezes não causa dor ocular. Na realidade um dos maiores problemas no diagnóstico e tratamento precoce do glaucoma é exatamente o facto de não existirem sintomas até uma fase bastante avançada da doença. Daí ser importante realizar consultas de saúde ocular periodicamente, e principalmente se tiver historial de glaucoma na família, pois existe uma forte componente hereditária nesta condição ocular.
A dor, náuseas, alterações visuais e dores de cabeça surgem muito mais frequentemente associadas a glaucomas agudos (uma subida súbita da pressão intraocular como consequência de um bloqueio agudo na drenagem), que são mais raros, mas também mais severos do que o glaucoma crónico quando não tratados a tempo.
Nos casos em que a deteção é feita a tempo e o tratamento aplicado é eficaz em normalizar a drenagem do humor aquoso, uma pessoa com glaucoma pode viver durante anos sem uma perda significativa de visão ou qualidade de vida, desde que siga as indicações do médico oftalmologista e continue a ter um seguimento anual para eventuais ajustes de terapêutica.
Já em casos de deteção tardia ou seguimento insuficiente após o diagnóstico, o glaucoma pode levar a uma perda progressiva de campo visual que leva a um compromisso da mobilidade e autonomia (pode levar inclusive à incapacidade para condução) e em casos mais graves pode mesmo levar à cegueira.
O tratamento é realizado maioritariamente com a utilização de colírios hipotensores (nos casos de glaucoma com hipertensão ocular), mas também pode ter que ser associado um dispositivo de auxílio de drenagem (válvulas ou shunts) ou ser feita uma pequena intervenção à íris para melhorar a eficácia da drenagem (iridectomia).
Para o tratamento do glaucoma ser eficaz tem que ser iniciado antes de existirem lesões no nervo ótico, pois estas são irreversíveis e após a instalação da doença não é possível curar as células neuronais danificadas.
Em suma, o glaucoma é uma patologia ocular severa com várias apresentações que podem comprometer a qualidade de vida e visão de qualquer pessoa. Um diagnóstico precoce e seguimento adequado são essenciais para a boa gestão da doença e evitar um futuro mais sombrio e sem luz.
Os conteúdos apresentados não dispensam a consulta das entidades públicas ou privadas especialistas em cada matéria.
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