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Custódia de mercados

Curso de mercados financeiros

Saiba mais sobre os mercados financeiros com este curso online gratuito do Santander.

Tema 1: introdução aos mercados financeiros

  • A função dos mercados na economia

    Os mercados financeiros são essenciais para o funcionamento das economias modernas, desempenhando as seguintes funções principais:

    • Alocação eficiente de capital: Permitem que a poupança das famílias seja canalizada para empresas e governos que necessitam de financiamento
    • Facilitar a liquidez: Os investidores podem comprar e vender ativos com facilidade
    • Determinação de preços: Através da negociação, os mercados estabelecem preços baseados na oferta e procura
    • Distribuição de risco: Os mercados permitem que os riscos financeiros sejam partilhados ou transferidos entre diferentes participantes.
    Exemplo prático: um investidor compra obrigações do Estado português, financiando as despesas públicas e, em troca, recebe juros.
  • Mercado Primário vs. Mercado Secundário

    Mercado Primário

    • Onde os instrumentos financeiros são emitidos pela primeira vez
    • Exemplos: Oferta Pública Inicial (IPO) de ações, emissão de obrigações por empresas ou governos
    • O dinheiro captado vai diretamente para o emissor.

     

    Mercado Secundário

    • Onde os títulos já emitidos são negociados entre investidores
    • Exemplo: compra e venda de ações da EDP na Euronext Lisboa
    • O emissor não recebe capital — apenas os investidores trocam os ativos.
    Importante: a liquidez e a visibilidade pública das empresas aumentam com a negociação no mercado secundário.
  • Os principais participantes dos mercados

    Investidores

    • Individuais (retalho) ou institucionais (fundos, seguradoras, bancos)
    • Objetivo: rentabilizar o capital com base no seu perfil de risco.

     

    Emissores

    • Empresas ou entidades públicas que emitem títulos para captar capital (ações, obrigações).

     

    Intermediários financeiros

    • Bancos, corretoras e plataformas digitais
    • Facilitam o acesso aos mercados, execução de ordens e aconselhamento.

     

    Entidades reguladoras e supervisores

    • Em Portugal: CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários), Banco de Portugal
    • Função: garantir transparência, proteger os investidores e assegurar a estabilidade do sistema financeiro.
  • Conceitos-chave

    Liquidez

    • Capacidade de um ativo ser comprado ou vendido rapidamente sem grande perda de valor
    • Ações de grandes empresas (blue chips) são geralmente muito líquidas.

     

    Volatilidade

    • Grau de variação dos preços de um ativo num determinado período
    • Alta volatilidade = maiores riscos e maiores oportunidades de retorno.

     

    Eficiência de mercado

    • Um mercado é eficiente quando os preços refletem rapidamente toda a informação disponível
    • Nos mercados eficientes, é difícil “bater o mercado” consistentemente.

     

    Risco sistémico

    • Risco de colapso de todo o sistema financeiro, e não apenas de uma empresa ou setor
    • Exemplo: Crise financeira de 2008 (subprime).
  • Alterações no código ISIN/Ticker

    O que é o Código ISIN

     

    • ISIN (International Securities Identification Number) é um código único e padronizado internacionalmente que identifica um título financeiro, seja uma ação, obrigação, fundo, ou outro ativo
    • É composto por 12 caracteres alfanuméricos:
      • os dois primeiros caracteres indicam o país (ex: PT para Portugal)
      • os próximos nove são um identificador único do título
      • o último é um dígito de verificação para evitar erros.
    • O ISIN é essencial para a negociação, liquidação e registo dos ativos em mercados globais, assegurando clareza e uniformidade na identificação.

     

    O que é o código Ticker

    • O ticker é um código abreviado usado para identificar rapidamente um título numa bolsa de valores
    • Geralmente tem entre 1 a 5 caracteres (letras e números) e é usado nos sistemas de negociação e comunicação de mercado
    • Exemplos: EDP (Euronext Lisboa), AAPL (Apple na Nasdaq).

     

    Quando e porquê ocorrem alterações no ISIN ou Ticker

     

    Alterações no ISIN

    • São raras e ocorrem quando há eventos corporativos significativos, como fusões, aquisições, reorganizações societárias, ou alteração da estrutura legal da entidade emissora
    • Também podem ocorrer se o ativo é substituído por outro que o substitui no mercado (ex: emissão de obrigações substitutas)
    • Uma mudança no ISIN implica que o título anterior deixa de existir para efeitos de negociação e registo, passando a vigorar o novo código.

     

    Alterações no Ticker

    • São mais frequentes e ocorrem por motivos como:
      • alterações no nome da empresa ou rebranding
      • mudança de bolsa de negociação
      • reorganizações societárias que exigem novo símbolo para refletir a nova entidade
      • fusões e aquisições.
    • O ticker pode também ser ajustado para evitar confusão com outros ativos ou cumprir regras específicas da bolsa.

     

    Impacto das alterações do ISIN e Ticker no Investidor

     

    ISIN

    • A mudança do ISIN significa que o título antigo é substituído pelo novo
    • Para o investidor, é fundamental estar atento a estas alterações para garantir que os seus registos e ordens de negociação são atualizados
    • Sistemas de corretagem e plataformas digitais também atualizam automaticamente, mas o investidor deve confirmar.

     

    Ticker

    • A alteração do ticker pode causar alguma confusão momentânea, sobretudo para quem acompanha o ativo em plataformas de informação financeira
    • É importante verificar que as cotações e dados correspondem ao mesmo ativo, apesar do código ter mudado
    • Em operações automáticas ou sistemas de análise, o ajuste do ticker deve ser incorporado para evitar erros.
  • Como funcionam as ordens de compra e venda

    Tipos de ordens

     

    As ordens são instruções que um investidor dá a um intermediário (como um banco ou corretora) para comprar ou vender ativos. Cada tipo tem características específicas que influenciam o momento e o preço da execução.

     

    Ordem limitada

    • O investidor define um preço máximo para comprar ou um preço mínimo para vender
    • A ordem só será executada se o preço do ativo atingir ou ultrapassar esse limite
    • Vantagem: controlo do preço da operação
    • Desvantagem: a ordem pode não ser executada se o preço não atingir o limite definido.

     

    Ordem ao mercado

    • A ordem é executada imediatamente ao melhor preço disponível no momento.
    • Vantagem: garante a execução rápida da operação
    • Desvantagem: o preço final pode variar, especialmente em ativos com baixa liquidez ou alta volatilidade.

     

    Stop Loss e Take Profit (se disponíveis)

    • Stop Loss: ordem automática para vender um ativo quando o preço cai a um nível definido, limitando perdas
    • Take Profit: ordem para vender o ativo quando o preço atinge um nível de lucro predeterminado, garantindo ganhos
    • São ferramentas importantes para gestão de risco e disciplina nas operações.

     

    Horários de negociação

    • Os mercados regulados, como a Euronext Lisboa, têm horários definidos para negociação (exemplo: das 08h00 às 16h30)
    • Antes e depois da sessão oficial, pode existir negociação em pré-abertura e after-hours, mas com menor liquidez
    • Conhecer os horários é fundamental para planear operações e evitar surpresas relacionadas com a volatilidade.

     

    Diferença entre mercados regulados e OTC (Over The Counter)

     

    Mercados regulados

    • São plataformas oficiais e organizadas (ex: Euronext)
    • Têm regulação rigorosa, transparência e supervisão por entidades como a CMVM
    • Proporcionam maior segurança e liquidez
    • Negociação centralizada, com regras claras para todos os participantes.

     

    Mercados OTC (Over The Counter)

    • Transações feitas diretamente entre partes, sem passar por uma bolsa oficial
    • Usados para instrumentos menos padronizados, como alguns derivados, dívida privada, ou ações de empresas pequenas
    • Maior flexibilidade, mas menor transparência e maior risco
    • Pode haver maior risco de contraparte.

     

    Custos de transação

     

    Ao comprar ou vender ativos, os investidores enfrentam vários custos:

     

    Comissões

    • Taxas cobradas pelas corretoras ou bancos para executar a ordem
    • Podem ser fixas ou variáveis (percentagem sobre o valor da operação)
    • Importante considerar para estratégias de investimento frequentes.

     

    Spreads

    • Diferença entre o preço de compra (ask) e venda (bid) de um ativo
    • Indicador indireto do custo da transação
    • Spreads maiores indicam menor liquidez e maior custo implícito.
  • Liquidez e Slippage

    O que é liquidez?

     

    Liquidez é a facilidade com que um ativo financeiro pode ser comprado ou vendido no mercado sem causar alterações significativas no seu preço.

    • Alta liquidez significa que existem muitos compradores e vendedores ativos, permitindo transações rápidas e a preços próximos ao valor justo.
    • Baixa liquidez indica que o ativo tem menos interessados, podendo causar atrasos na execução da ordem ou oscilações maiores no preço.

     

    Importância da liquidez

    • Permite que os investidores entrem e saiam das suas posições com facilidade e rapidez
    • Reduz o custo implícito das transações, como o spread (diferença entre preço de compra e venda)
    • Minimiza o risco de grandes variações de preço provocadas por ordens isoladas.

     

    O que é Slippage?

     

    Slippage é a diferença entre o preço esperado de uma ordem de compra ou venda e o preço efetivamente obtido na execução dessa ordem.

    • Ocorre principalmente em mercados com baixa liquidez ou em situações de elevada volatilidade
    • Pode acontecer quando se utilizam ordens ao mercado, que são executadas ao melhor preço disponível no momento, mesmo que este tenha mudado.

     

    Por que ocorre o Slippage?

    • Quando o volume da ordem é maior do que o volume disponível ao preço pretendido, a execução “avança” para níveis de preço menos favoráveis para completar a ordem
    • Em mercados voláteis, os preços podem mudar muito rapidamente, pelo que a ordem pode ser executada a um preço diferente do esperado
    • Em períodos de notícias importantes ou eventos inesperados, a diferença entre preço esperado e preço real pode ser maior.

     

    Consequências do Slippage para o investidor

    • Pode aumentar o custo efetivo da compra ou venda de ativos
    • Em ordens de venda, o investidor pode receber menos do que planeava; em ordens de compra, pode pagar mais
    • Afeta o planeamento e a execução de estratégias de investimento, especialmente as que dependem de preços precisos.

     

    Como minimizar o Slippage?

    • Utilizar ordens limitadas em vez de ordens ao mercado para controlar o preço máximo ou mínimo da transação
    • Negociar em ativos com elevada liquidez
    • Evitar fazer ordens durante períodos de alta volatilidade ou logo após anúncios importantes
    • Utilizar plataformas e corretoras que ofereçam boas condições de execução e rapidez.

     

    Ter uma boa perceção da liquidez do mercado e do fenómeno do slippage é essencial para gerir custos e riscos na execução das ordens de investimento.

Tema 2: instrumentos de investimento

  • Ações

    As ações são títulos de propriedade que representam uma fração do capital social de uma empresa. Ao comprar ações, o investidor torna-se coproprietário da empresa, adquirindo direitos económicos e políticos.

     

    Direitos do acionista

    • Direito a dividendos: participação nos lucros da empresa, distribuídos regularmente ou pontualmente, dependendo da política da empresa e da sua situação financeira
    • Direito de voto: participação nas decisões da empresa, nomeadamente na eleição de órgãos sociais, aprovação de contas e estratégias empresariais
    • Direito a informação: acesso a relatórios financeiros, assembleias gerais e demais informações relevantes.

     

    Comportamento e risco

    • O valor das ações é influenciado por múltiplos fatores: desempenho económico da empresa, condições macroeconómicas, alterações no setor, sentimento do mercado, entre outros
    • A volatilidade das ações é geralmente elevada, refletindo o risco associado a este tipo de investimento. É expectável que, a longo prazo, o investimento em ações gere retornos superiores a outros ativos, mas com maior exposição à variação de preços.

     

    Tipos de ações

     

    Ordinárias (Common Shares)

    • Conferem direito a voto nas assembleias gerais
    • Dão direito à distribuição de dividendos, caso a empresa o decida
    • Em caso de liquidação da empresa, estão em último lugar na distribuição de ativos (após credores e acionistas preferenciais).

     

    Preferenciais (Preferred Shares)

    • Normalmente não conferem direito a voto
    • Têm prioridade no recebimento de dividendos
    • Em algumas jurisdições, podem ter características híbridas (entre dívida e capital próprio).
    Em Portugal, a distinção entre ações ordinárias e preferenciais não é tão comum quanto em mercados como os EUA, mas é importante conhecer os dois tipos.
  • Obrigações

    As obrigações são títulos de dívida que representam um empréstimo feito pelo investidor ao emissor (governo, empresa, ou outra entidade). Em troca, o emissor compromete-se a pagar juros periódicos (cupão) e reembolsar o capital na data de vencimento.

     

    Características fundamentais

    • Rendimento fixo ou variável: o cupão pode ser fixo, garantindo pagamentos regulares, ou variável, ajustando-se a índices de referência
    • Prazo: as obrigações têm prazos que variam desde alguns meses a várias décadas
    • Valor nominal: valor a ser reembolsado no vencimento
    • Preço: pode flutuar no mercado secundário consoante as taxas de juro e a perceção do risco do emissor.

     

    Risco de crédito

    • Representa a possibilidade de incumprimento pelo emissor. As obrigações de entidades com menor rating de crédito pagam juros mais altos para compensar o risco acrescido
    • Ratings: classificações atribuídas por agências especializadas (Moody’s, S&P, Fitch) que indicam a qualidade do crédito do emissor.

     

    Sensibilidade às taxas de juro

    • Quando as taxas de juro de mercado sobem, o preço das obrigações cai, e vice-versa
    • Obrigações de longo prazo são mais sensíveis às alterações das taxas, podendo apresentar maior volatilidade.
  • ETFs

    Os ETFs são fundos de investimento que replicam o desempenho de um índice de mercado, setor ou classe de ativos, sendo negociados em bolsa como ações individuais.

     

    Características e vantagens

    • Diversificação imediata: ao comprar um ETF, o investidor adquire uma cesta diversificada de ativos (ações, obrigações, commodities), reduzindo o risco específico
    • Gestão passiva: em geral, os ETFs são geridos passivamente, replicando um índice sem tentar superá-lo, o que reduz custos de gestão e comissões
    • Liquidez: são comprados e vendidos em tempo real durante o horário do mercado, oferecendo flexibilidade e facilidade de entrada e saída
    • Transparência: o investidor sabe exatamente os ativos que compõem o ETF e a sua ponderação.

     

    Tipos de ETFs

    • De índices acionistas: replicam índices como PSI 20, Euro Stoxx 50, S&P 500
    • De obrigações: focam-se em diferentes segmentos de dívida pública ou privada
    • Temáticos: expostos a setores específicos (tecnologia, energia limpa) ou estratégias (ESG, dividendos)
    • Alavancados ou inversos: produtos mais complexos para investidores experientes, que podem amplificar ganhos ou proteger contra quedas.
  • Divisas

    O mercado de divisas (Foreign Exchange Market) é onde as moedas são negociadas, sendo o maior mercado financeiro do mundo em termos de volume de transações diárias.

     

    Características essenciais

    • Negociação contínua: funciona 24 horas, cinco dias por semana, devido aos diferentes fusos horários mundiais
    • Paridades cambiais: as moedas são negociadas em pares (ex.: EUR/USD), representando a taxa à qual uma moeda pode ser trocada pela outra
    • Influências: indicadores económicos (PIB, inflação, desemprego), políticas monetárias, eventos geopolíticos e intervenções de bancos centrais afetam as cotações
    • Alavancagem: comuns nas operações cambiais, permitindo controlar posições maiores com capital reduzido, aumentando riscos e ganhos potenciais.

     

    Risco cambial

    • Investidores em ativos denominados noutras moedas estão sujeitos a flutuações cambiais que podem afetar significativamente os retornos.
  • Warrants

    Os warrants são instrumentos derivados que conferem ao titular o direito, mas não a obrigação, de comprar (call) ou vender (put) um ativo subjacente a um preço estabelecido (preço de exercício) até uma data pré-determinada.

     

    Função e utilização

    • Permitem exposição alavancada ao ativo subjacente, com menor capital investido comparado à compra direta da ação
    • Usados para especular sobre movimentos futuros do preço ou para proteção de posições já existentes
    • O preço dos warrants é influenciado por fatores como preço do ativo subjacente, volatilidade, tempo até ao vencimento e taxas de juro.

     

    Riscos

    • A possibilidade de expiração sem valor se o preço do ativo não atingir o preço de exercício
    • Alto risco e complexidade, recomendados para investidores com experiência.
  • Certificados

    São produtos financeiros estruturados que replicam o desempenho de um ou mais ativos subjacentes, podendo incluir características adicionais como proteção do capital, alavancagem ou rendimentos condicionados.

     

    Tipos e características

    • Certificados de capital protegido: garantem a devolução total ou parcial do capital investido no vencimento, ideal para investidores avessos a risco
    • Certificados de rendimentos fixos: pagam rendimentos periódicos condicionados ao desempenho do ativo subjacente
    • Certificados alavancados: permitem potenciar ganhos (e perdas) do ativo subjacente.

     

    Complexidade e transparência

    • Produtos geralmente mais complexos, requerendo compreensão detalhada dos termos, condições, e cenários de mercado para os quais foram desenhados.
  • Derivados

    Os derivados são contratos financeiros cujo valor depende do preço de um ativo subjacente. Utilizados para cobertura (hedging) ou especulação, exigem um conhecimento aprofundado.

     

    Principais tipos

    • Futuros: acordo para comprar ou vender um ativo num momento futuro a um preço acordado
    • Opções: direito, mas não obrigação, de comprar (call) ou vender (put) um ativo a um preço fixado
    • Swaps: troca de fluxos financeiros, frequentemente usados para gerir exposição a taxas de juro ou câmbio.

     

    Utilização e risco

    • Ferramentas para proteção contra variações adversas ou para obter ganhos especulativos
    • Elevado grau de complexidade e risco, com potencial para perdas superiores ao capital inicialmente investido.

Tema 3: dividendos, juros e rentabilidade total

  • Dividendos: o que são, como funcionam e o seu impacto

    Os dividendos representam a parte do lucro que uma empresa distribui aos seus acionistas. São uma forma de remuneração pelo capital investido e constituem uma componente essencial da rentabilidade para muitos investidores, especialmente em ações de empresas estáveis e maduras.

     

    Tipos de dividendos

     

    Podem ser pagos em dinheiro (dividendos monetários) ou em ações adicionais (dividendos em espécie). O pagamento pode ser periódico (trimestral, semestral ou anual) ou extraordinário.

     

    Dividendos em dinheiro (cash dividends)

     

    São a forma mais comum de distribuição de lucros. A empresa transfere diretamente para os acionistas um valor em numerário, proporcional à quantidade de ações que detêm.

    Vantagens para o investidor: liquidez imediata

    Impacto na empresa: redução do capital disponível para reinvestimento.

     

    Dividendos em ações (stock dividends ou scrip dividends)

     

    A empresa distribui novas ações aos acionistas em vez de dinheiro. Cada acionista recebe ações adicionais em proporção à sua participação.

    • Vantagens para a empresa: preserva a tesouraria
    • Implicações para o investidor: aumenta o número de ações detidas, dilui o preço por ação.

     

    Outras formas de distribuição

    • Dividendos extraordinários: pagos de forma não recorrente, normalmente após lucros excepcionais ou venda de ativos
    • Programa de reinvestimento de dividendos (DRIP): permite que o investidor reinvista automaticamente os dividendos em novas ações da empresa.

     

    Datas importantes associadas aos dividendos

     

    Ex-dividend date (data ex-direito)

    • É a data a partir da qual as ações deixam de dar direito ao dividendo
    • Se um investidor comprar a ação a partir desta data, já não terá direito ao dividendo.

    Para receber dividendos, a ação deve ser adquirida antes da ex-dividend date.

     

    Record date (data de registo)

    • Data em que a empresa verifica quem são os acionistas registados com direito ao dividendo
    • Normalmente ocorre 1 ou 2 dias úteis após a ex-dividend date, devido ao período de liquidação da compra de ações.

     

    Payment date (data de pagamento)

     

    É a data em que o dividendo é efetivamente creditado na conta dos acionistas.

     

    Como interpretar o dividend yield

     

    O dividend yield é um indicador que expressa a relação entre o dividendo anual pago por ação e o preço da ação.

     

    Fórmula

     

    Divide-se o valor total dos dividendos pagos por ação ao longo de um ano pelo preço atual da ação e, em seguida, multiplica-se esse resultado por 100.

    Ou seja:

    Dividend yield = (Dividendo anual por ação / Preço da ação) × 100

     

    Exemplo

     

    Se uma empresa distribui 1,20€ por ação anualmente e a ação está cotada a 30€, o dividend yield é:

     

    Dividend yield = (1,20 ÷ 30) × 100 = 4%

     

    Interpretação

    • Yield elevado pode indicar boa remuneração ao acionista, mas também pode ser reflexo de:
      • queda no preço da ação (o que pode indicar risco)
      • política de payout insustentável.
    • Yield baixo pode significar:
      • crescimento reinvestido (empresas em fase de expansão)
      • política conservadora de dividendos.

     

    Importante: o dividend yield deve ser analisado em conjunto com outros indicadores financeiros, como o payout ratio e a evolução dos lucros.

     

    Impacto dos dividendos na cotação da ação

     

    Quando uma empresa decide distribuir dividendos, essa decisão influencia diretamente o preço das suas ações, devido à relação entre o valor da empresa e o valor pago aos acionistas.

     

    Antes da data ex-dividendo

    • As ações costumam ser negociadas a um preço que reflete o valor dos dividendos futuros que serão pagos
    • Investidores valorizam a expectativa de receber o dividendo, o que pode sustentar ou aumentar a cotação da ação.

     

    No dia ex-dividendo

    • A data ex-dividendo é o dia a partir do qual quem comprar a ação já não tem direito a receber o próximo dividendo
    • Por isso, no dia ex-dividendo, o preço da ação tende a cair aproximadamente o valor do dividendo pago
    • Este ajustamento é natural e corresponde ao facto de o acionista que compra no dia ex-dividendo não receber esse pagamento.

     

    Após o pagamento do dividendo

    • O preço da ação pode continuar a ser influenciado pela perceção do mercado sobre a saúde financeira da empresa e expectativas futuras, mas o impacto imediato do dividendo já foi refletido no ajuste do preço.

     

    Porque ocorre esta descida do preço?

     

    O pagamento de dividendos representa uma saída de caixa da empresa, reduzindo o seu ativo líquido. Como consequência, o valor da empresa diminui pelo montante do dividendo pago, o que se reflete na cotação da ação.

     

    Este fenómeno é um ajuste técnico e não significa necessariamente que a empresa está em pior situação ou que a ação perdeu valor real — o valor transferido é simplesmente passado da empresa para os acionistas.

     

    Considerações para o investidor

    • Se o investidor mantiver as ações após o pagamento do dividendo, a queda no preço da ação será compensada pelo valor recebido em dividendos, resultando numa rentabilidade total que inclui ambos
    • Se o investidor vender a ação após o ex-dividendo, deve considerar que o preço mais baixo é uma consequência natural do pagamento e não uma perda por si só
    • É importante analisar o rendimento total (total return), que inclui a valorização da ação e os dividendos recebidos, para avaliar o desempenho do investimento.

     

    O valor do dividendo sai do património da empresa, ou seja, do ponto de vista económico, o acionista recebe uma parte do valor da empresa em dinheiro, e por isso o valor da ação ajusta-se proporcionalmente.

    • Distribuição de lucros: nem todas as empresas pagam dividendos regularmente; algumas preferem reinvestir os lucros para financiar crescimento ou reduzir dívida. Por isso, os dividendos variam muito consoante o setor, o ciclo económico e a estratégia da empresa
    • Impacto nos investidores: os dividendos proporcionam uma fonte de rendimento regular, que pode ser especialmente valorizada por investidores com perfil conservador ou que procuram rendimento estável. Além disso, contribuem para a rentabilidade total do investimento, mesmo em períodos de valorização limitada das ações
    • Reinvestimento dos dividendos: muitos investidores optam por reinvestir os dividendos, adquirindo mais ações da empresa ou de outros ativos, beneficiando do efeito dos juros compostos ao longo do tempo.

     

    Considerações finais

    • Os dividendos são uma forma tangível de retorno ao acionista, mas não devem ser o único critério de decisão
    • Conhecer as datas-chave evita mal-entendidos e permite planear a compra e venda de ações de forma eficiente
    • A análise do dividend yield requer contexto — é fundamental avaliar a qualidade e sustentabilidade dos lucros
    • O impacto nos preços deve ser entendido como um ajuste técnico e não como uma avaliação negativa do mercado.
  • Juros de obrigações: cupão e yield

    As obrigações são títulos de dívida emitidos por empresas, governos ou outras entidades, que pagam juros aos seus detentores. Estes juros são chamados de cupões

    • Cupão: é a taxa de juro fixa ou variável que o emissor da obrigação paga periodicamente ao investidor, geralmente em pagamentos semestrais ou anuais. O valor do cupão é calculado sobre o valor nominal da obrigação
    • Yield (rendimento): representa a rentabilidade efetiva da obrigação para o investidor, que pode diferir do cupão, dependendo do preço a que a obrigação foi adquirida no mercado secundário. Por exemplo, se o investidor compra uma obrigação abaixo do valor nominal, o yield será superior ao cupão
    • Risco associado: o rendimento das obrigações é influenciado pelo risco de crédito do emissor, ou seja, a capacidade que a entidade tem para honrar os pagamentos dos juros e o reembolso do capital. Obrigações de maior risco oferecem geralmente yields mais elevados
    • Variações de preço: o valor das obrigações pode oscilar no mercado secundário devido às alterações nas taxas de juro, perceção do risco do emissor ou condições económicas gerais.
  • Rentabilidade total: rendimentos + valorização

    A rentabilidade total é a medida mais completa para avaliar o sucesso de um investimento, pois considera não só os rendimentos recebidos (dividendos ou juros), mas também a valorização ou desvalorização do preço do ativo.

     

    • Componentes da rentabilidade total:
      • Rendimento corrente: juros ou dividendos recebidos ao longo do período
      • Ganho de capital: diferença entre o preço de venda e o preço de compra do ativo.
    • Importância para o investidor: avaliar apenas a valorização do preço pode dar uma visão incompleta, especialmente para investimentos que geram rendimentos regulares. A rentabilidade total ajuda a comparar diferentes tipos de ativos e estratégias
    • Rentabilidade nominal vs. real: é importante distinguir entre a rentabilidade nominal (sem considerar a inflação) e a rentabilidade real (ajustada pela inflação), para perceber o ganho efetivo do poder de compra
    • Horizonte temporal: a rentabilidade total é normalmente calculada ao longo de períodos específicos, podendo ser anualizada para facilitar comparações.
  • Reinvestimento de rendimentos

    O reinvestimento dos dividendos e juros recebidos é uma estratégia fundamental para maximizar o crescimento do capital investido ao longo do tempo.

    • Efeito dos juros compostos: ao reinvestir os rendimentos, o investidor aumenta o montante investido, o que gera rendimentos adicionais no futuro, criando um ciclo de crescimento exponencial do investimento
    • Planos de reinvestimento automático (DRIP): algumas corretoras ou empresas oferecem planos automáticos de reinvestimento dos dividendos, permitindo que o investidor adquira mais ações sem custos ou com custos reduzidos
    • Impacto no perfil de risco: o reinvestimento pode alterar a composição e o risco da carteira, pelo que deve ser monitorizado e ajustado conforme o objetivo do investidor
    • Considerações fiscais: o reinvestimento pode ter implicações fiscais, pois os dividendos ou juros recebidos podem ser tributados mesmo que não sejam retirados em dinheiro.

Tema 4: fiscalidade em investimentos (Portugal)

  • Tributação de mais-valias e dividendos

    Mais-valias (ganhos de capital)

     

    As mais-valias correspondem aos ganhos obtidos com a alienação onerosa de ativos financeiros, como ações, obrigações, unidades de participação em fundos ou outros instrumentos cotados.

    • Cálculo da mais-valia:
      É a diferença positiva entre o valor de realização (venda) e o valor de aquisição (compra), ajustado por eventuais encargos com a aquisição ou alienação (ex: comissões de corretagem)
    • Taxa de tributação:
      As mais-valias estão sujeitas a uma taxa autónoma de IRS de 28% para residentes em Portugal, sendo que existe uma exclusão de tributação de 10%, 20% ou 30%, se os títulos tiverem sido detidos por período superior a 2 anos, 5 anos ou 8 anos, respetivamente.
      Os contribuintes podem, opcionalmente, englobar as mais-valias na declaração anual, beneficiando de taxas progressivas se tiverem rendimentos mais baixos.

     

    Dividendos

     

    Os dividendos recebidos por investidores particulares também estão sujeitos a IRS.

    • Taxa liberatória:
      Aplicação de 28% sobre o valor dos dividendos recebidos, a título definitivo, exceto se o contribuinte optar pelo englobamento

    • Englobamento:
      Ao optar por englobar, o investidor soma os dividendos aos restantes rendimentos (como salários ou pensões), sendo tributado segundo as taxas progressivas de IRS. Esta opção pode ser vantajosa para rendimentos mais baixos.
  • Compensação de perdas e ganhos

    O sistema fiscal português permite compensar mais-valias com menos-valias apuradas no mesmo ano ou nos 5 anos seguintes, desde que devidamente declaradas.

    • Regras de compensação
      • Só é possível compensar ganhos e perdas de ativos da mesma categoria de rendimentos
      • A compensação aplica-se ao saldo final dos ganhos e perdas realizados.
    • Importância da declaração anual
      Para poder reportar prejuízos (menos-valias) para anos seguintes, é obrigatório optar pelo englobamento, quer no ano em que são realizadas as menos-valias, quer no ano em que se pretende utilizar essas menos-valias.
  • Retenção na fonte vs. declaração anual

    Retenção na fonte

     

    Determinados rendimentos, como dividendos ou juros, estão sujeitos a retenção na fonte. Isto significa que o imposto é automaticamente deduzido pelo intermediário financeiro (ex: banco), sendo entregue diretamente ao Estado.

    • Rendimentos sujeitos a retenção:
      • dividendos de ações
      • juros de depósitos, obrigações ou certificados.
    • Imposto definitivo ou não:
      A taxa de retenção é, em regra, liberatória (28%), pelo que o investidor não tem de fazer mais nenhum pagamento.
      No entanto, o contribuinte pode optar por englobar estes rendimentos na declaração anual, se isso lhe for vantajoso.

     

    Declaração anual de IRS

     

    Alguns rendimentos ou operações exigem a inclusão obrigatória na declaração de IRS, nomeadamente:

    • ganhos obtidos no estrangeiro
    • rendimentos de produtos mais complexos (ex: derivados)
    • perdas e ganhos que se pretende compensar.
  • Fiscalidade de fundos domésticos e estrangeiros

    A tributação de fundos de investimento depende do local onde o fundo está domiciliado e da forma como os rendimentos são distribuídos ou reinvestidos.

     

    Fundos domésticos (regulados pela CMVM e domiciliados em Portugal)

    • Tributação à entrada:
      os rendimentos obtidos dentro do fundo (dividendos, juros ou mais-valias) não são tributados enquanto o investidor mantiver a posição.

    • Tributação à saída:
      apenas no momento do resgate das unidades de participação é aplicada a taxa de IRS definitiva de 28% sobre a mais-valia (diferença entre o valor de resgate e o valor de aquisição).

    • Vantagens:
      com a tributação somente no momento do resgate das unidades de participação, é possível o crescimento composto do capital ao longo do tempo.

     

    Fundos estrangeiros

     

    Os fundos domiciliados fora de Portugal (mesmo que distribuídos por entidades portuguesas) têm regras distintas.

    • Distribuição de rendimentos:
      • se distribuírem rendimentos, estes são tributados à taxa liberatória de 28% no momento do pagamento
      • a retenção na fonte é realizada em Portugal pelo custodiante das unidades de participação. Se a custodia for efetuada no país de origem do Fundo, pode existir retenção na fonte nesse país, que pode ser atenuada ou até eliminada se existirem acordos para evitar a dupla tributação.
         
    • Mais-valias:
      a alienação onerosa das unidades de participação em fundos estrangeiros gera uma mais-valia tributada autonomamente à taxa de 28%, que ao contrário dos fundos nacionais, só terá lugar no momento da entrega da declaração anual de IRS.

    • Obrigações declarativas:
      o investidor é responsável por declarar estes rendimentos e ganhos no IRS, especialmente quando os fundos não são geridos por entidades residentes.
Bolsas e mercados

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Tema 5: eventos societários

  • Aumentos e reduções de capital

    Aumentos de capital

     

    Um aumento de capital ocorre quando uma empresa decide reforçar os seus recursos financeiros através da emissão de novas ações.

    • Objetivos:
      financiar projetos de expansão, reduzir dívida, cumprir exigências regulatórias, entre outros.

     

    • Modalidades comuns:
      • com direitos de subscrição: os atuais acionistas têm prioridade para subscrever novas ações, proporcionalmente à sua participação
      • sem direitos de subscrição: as novas ações são colocadas diretamente no mercado, podendo diluir a participação dos atuais acionistas.

     

    • Implicações para o investidor:
      a participação relativa no capital da empresa pode manter-se (se exercer os direitos) ou diminuir (se não participar). A cotação ajusta-se após o aumento.

     

    Reduções de capital

     

    A empresa pode reduzir o seu capital social por várias razões:

    • compensação de prejuízos acumulados
    • devolução de capital aos acionistas
    • reestruturação do balanço
    • implicações: Pode envolver a redução do número de ações em circulação ou a diminuição do valor nominal por ação. Não significa necessariamente uma perda de valor para o investidor, mas pode sinalizar dificuldades financeiras.
  • Direitos de subscrição

    O que são direitos de subscrição

    • Direitos de subscrição: são instrumentos que conferem ao acionista o direito preferencial para subscrever novas ações emitidas por uma empresa, geralmente numa operação de aumento de capital
    • Rácio de subscrição: indica quantas ações novas o acionista pode subscrever por cada ação que já possui
    • Preço de subscrição: é o preço fixado para a aquisição das ações novas, normalmente inferior ao preço de mercado atual para incentivar os acionistas a participar
    • Prazo: os direitos têm uma duração limitada, durante a qual o acionista pode exercer o seu direito.

     

    Como funciona o exercício de direitos

     

    Durante o prazo estabelecido, o acionista pode optar por:

    • Exercer os direitos: comprar as novas ações ao preço fixado, mantendo a sua percentagem de participação na empresa
    • Vender os direitos: se os direitos forem negociáveis, o acionista pode vendê-los no mercado a outros investidores interessados
    • Deixar caducar: não exercer nem vender, perdendo assim o direito e o valor potencial associado.

     

    Impacto na carteira

    • Diluição: se o acionista não exercer os direitos, a sua participação percentual na empresa pode ser reduzida (diluída), pois novos investidores passam a deter parte do capital
    • Reforço da posição: exercer os direitos permite manter ou aumentar a percentagem de ações detidas
    • É fundamental que o investidor compreenda este impacto para tomar decisões informadas.

     

    Direitos negociáveis vs. não negociáveis

    • Negociáveis: podem ser comprados e vendidos no mercado durante o período em que estão ativos, oferecendo flexibilidade ao acionista
    • Não negociáveis: apenas podem ser exercidos, sem possibilidade de venda, o que limita as opções do investidor.
  • Divisão e agrupamento de ações

    Estes eventos alteram o número de ações em circulação sem mudar o valor total investido pelos acionistas.

     

    Divisão de ações (stock split)

     

    Consiste na divisão de cada ação em várias, sem alteração no capital total da empresa.

    • Objetivo:
      tornar as ações mais acessíveis aos investidores, especialmente em empresas com cotações elevadas
    • Impacto:
      aumenta o número de ações em circulação e reduz proporcionalmente o preço por ação. A participação do investidor mantém-se inalterada.

     

    Agrupamento de ações (reverse split)

     

    Consiste na fusão de várias ações num único título.

    • Objetivo:
      aumentar o preço unitário das ações e melhorar a perceção de solidez da empresa.
    • Impacto:
      reduz o número de ações em circulação e aumenta o preço unitário. A proporção de participação dos acionistas mantém-se.
  • Fusões, aquisições e OPAs

    Fusões

     

    Integração de duas empresas numa nova entidade. Pode ser feita por incorporação ou por criação de uma nova sociedade.

    • Implicações
      • Emissão de novas ações para os acionistas
      • Reavaliação da estratégia de investimento, dado que o perfil da empresa muda.

     

    Aquisições

     

    Uma empresa compra outra, podendo absorver ou manter as marcas e estrutura da empresa adquirida.

    • Formas de pagamento
      Dinheiro, ações da empresa compradora ou uma combinação de ambos.

     

    Oferta Pública de Aquisição (OPA)

     

    Proposta formal para aquisição de ações de uma empresa cotada, apresentada por outro investidor ou empresa.

    • Tipos de OPA
      • Voluntária: proposta por interesse estratégico
      • Obrigatória: quando o adquirente atinge um limiar de controlo (geralmente 1/3 do capital) e é obrigado a oferecer-se para comprar o restante.
         
    • Implicações para o investidor
      • Decidir se aceita ou recusa a proposta
      • Em caso de sucesso da OPA, pode haver perda da liquidez se a empresa deixar de estar cotada.
  • Impacto dos eventos na carteira do investidor

    Todos estes eventos têm efeitos diretos e indiretos nas carteiras:

    • alterações no número de títulos: stock splits, aumentos de capital ou OPAs podem alterar a quantidade de ações detidas.
    • variações no valor do investimento: embora nem sempre haja ganho ou perda imediata, a perceção de risco e valorização futura muda
    • implicações fiscais: alguns eventos, como OPAs ou vendas resultantes de fusões, podem gerar mais-valias sujeitas a tributação
    • reavaliação da estratégia de investimento: o investidor pode precisar de reequilibrar a carteira, consoante os novos dados ou estrutura acionista.

     

    Considerações finais

    • Os eventos societários fazem parte da vida de uma empresa cotada e podem representar oportunidades ou riscos
    • É essencial que os investidores acompanhem atentamente estes acontecimentos e compreendam os seus direitos
    • O apoio de um profissional financeiro pode ser determinante para tomar decisões informadas em momentos de transformação societária.

Tema 6: análise fundamental e avaliação de ativos

  • O que é a análise fundamental?

    A análise fundamental é uma abordagem de avaliação de ativos que procura determinar o valor intrínseco de uma empresa. Parte da análise das demonstrações financeiras, do setor de atividade, da qualidade da gestão, da posição competitiva e de fatores macroeconómicos.

     

    O objetivo é comparar o valor intrínseco estimado com o preço de mercado atual e, assim, identificar se uma ação está subvalorizada (potencial de valorização) ou sobrevalorizada (potencial de correção).

  • Indicadores fundamentais-chave

    PER (Price-to-Earnings Ratio ou Rácio Preço/Lucro)

    • Definição: relação entre o preço da ação e o lucro por ação (EPS)
    • Fórmula: PER = Preço da ação / Lucro por ação
    • Interpretação: um PER elevado pode indicar que o mercado espera forte crescimento futuro, mas também pode significar que a ação está sobrevalorizada. Um PER baixo pode indicar oportunidade ou problemas subjacentes.

     

    Dividend Yield (Rendimento do Dividendo)

    • Definição: mede o retorno em dividendos face ao preço da ação
    • Fórmula: Dividend Yield = Dividendo anual / Preço da ação
    • Interpretação: útil para avaliar ações com perfil de rendimento. Um yield elevado pode ser atrativo, mas deve ser analisado em conjunto com a sustentabilidade dos dividendos.

     

    P/B (Price-to-Book Ratio ou Rácio Preço/Valor Contabilístico)

    • Definição: compara o preço da ação com o valor contabilístico por ação (valor dos ativos líquidos da empresa)
    • Fórmula: P/B = Preço da ação / Valor contabilístico por ação
    • Interpretação: um P/B inferior a 1 pode indicar uma ação subvalorizada, mas também pode ser sinal de dificuldades operacionais. Um P/B elevado pode refletir ativos intangíveis ou confiança no futuro da empresa.

     

    ROE (Return on Equity ou Rentabilidade dos Capitais Próprios)

    • Definição: mede a rentabilidade gerada pelos capitais próprios da empresa
    • Fórmula: ROE = Lucro líquido / Capitais próprios
    • Interpretação: um ROE elevado indica eficiência na utilização dos recursos dos acionistas. Deve ser comparado com empresas do mesmo setor.
  • Outros indicadores relevantes

    Lucro por ação (Earnings per Share – EPS)

    • Definição: mede o lucro líquido dividido pelo número de ações em circulação
    • Importância: é um dos principais componentes do PER e um indicador da rentabilidade por ação.

     

    Margem líquida

    • Definição: percentagem do lucro líquido em relação às vendas totais
    • Fórmula: margem líquida = Lucro líquido / Volume de negócios
    • Interpretação: indica a capacidade da empresa em transformar receitas em lucros. Uma margem consistente e elevada é sinal de eficiência e boa gestão de custos.
  • Como interpretar os dados financeiros básicos

    A leitura dos relatórios e contas de uma empresa permite obter uma imagem clara da sua situação financeira e desempenho:

    • Balanço: reflete os ativos, passivos e capitais próprios. Ajuda a avaliar a solvência e a estrutura de capital
    • Demonstração de resultados: mostra a evolução das receitas, custos, lucros e margens
    • Demonstração de fluxos de caixa: indica a capacidade da empresa de gerar liquidez para operar, investir e pagar dividendos.

     

    É essencial acompanhar a evolução destes dados ao longo do tempo (análise temporal) e compará-los com empresas semelhantes do mesmo setor (análise comparativa ou peer analysis).

  • Limitações da análise fundamental

    Apesar de ser uma ferramenta poderosa, a análise fundamental apresenta algumas limitações:

    • baseia-se em dados históricos: o desempenho passado não garante resultados futuros
    • subjetividade na avaliação: a estimativa do valor intrínseco depende de projeções e pressupostos que podem não se concretizar
    • demora a refletir mudanças: pode não captar rapidamente alterações de mercado ou eventos inesperados
    • não considera o timing do mercado: pode identificar uma ação como subvalorizada, mas esta pode demorar meses ou anos a corrigir
    • menos eficaz em ações de crescimento ou em mercados altamente especulativos: nestes casos, a análise técnica ou comportamental pode ter um papel mais relevante.

     

    Considerações finais

    • A análise fundamental permite investir com base no valor real de uma empresa, em vez de seguir apenas a tendência do mercado
    • É especialmente útil para estratégias de longo prazo e investimento em valor (value investing)
    • A compreensão dos principais rácios financeiros é essencial para qualquer investidor informado
    • Uma análise bem feita exige leitura atenta dos relatórios financeiros, capacidade de projeção e comparação com benchmarks do setor.

Tema 7: introdução à análise técnica

  • O que é a análise técnica?

    A análise técnica é uma metodologia que estuda padrões gráficos e indicadores estatísticos derivados do histórico de preços e volumes de negociação dos ativos financeiros. Parte do princípio de que “o preço reflete toda a informação disponível” (hipótese dos mercados eficientes em forma fraca) e que os movimentos de mercado seguem tendências reconhecíveis e repetitivas.

     

    Ao contrário da análise fundamental, que se foca nos resultados financeiros e no valor intrínseco dos ativos, a análise técnica ignora os fundamentos da empresa e concentra-se exclusivamente no comportamento do mercado.

  • Tipos de gráficos de preço

    Gráficos de linhas

    • Representam a evolução do preço de fecho ao longo do tempo
    • Simples e fáceis de interpretar
    • Úteis para obter uma visão geral da tendência.

     

    Gráficos de Barras

    • Mostram o preço de abertura, o máximo, o mínimo e o fecho (OHLC – Open, High, Low, Close)
    • Oferecem mais detalhe que os gráficos de linha
    • Permitem perceber melhor a dinâmica de mercado dentro de cada sessão.

     

    Gráficos de Velas Japonesas (Candlestick)

    • Representam os mesmos dados que os gráficos de barras, mas de forma mais visual
    • Cada vela mostra o comportamento do preço durante um período específico (ex.: um dia, uma hora)
    • A cor da vela indica se o ativo subiu (vela verde/branca) ou desceu (vela vermelha/preta)
    • Permite a identificação de padrões gráficos com valor preditivo, como “doji”, “martelo”, “engolfo”, entre outros.
  • Conceitos-chave: tendências, suportes e resistências

    Tendência

    • Refere-se à direção geral do movimento dos preços
    • Tendência de alta (bullish): sequência de máximos e mínimos ascendentes
    • Tendência de baixa (bearish): sequência de máximos e mínimos descendentes
    • Tendência lateral: preços oscilam num intervalo estável sem direção clara

    Identificar corretamente a tendência é essencial para alinhar a estratégia do investidor com o movimento do mercado.

     

    Suporte

    • Nível de preço onde a procura tende a superar a oferta, travando quedas adicionais
    • Atua como “piso” para o ativo
    • Quando quebrado, pode tornar-se uma resistência.

     

    Resistência

    • Nível de preço onde a oferta tende a superar a procura, dificultando novas subidas
    • Atua como “teto” para o ativo
    • Quando quebrada, pode tornar-se um novo suporte

    Suportes e resistências são zonas de decisão importantes, frequentemente associadas a volumes elevados de negociação.

  • Principais indicadores técnicos

    Médias móveis (Moving averages)

    • Suavizam as flutuações dos preços e ajudam a identificar a direção da tendência
    • Simples (SMA): média aritmética dos preços num determinado período
    • Exponencial (EMA): dá mais peso aos preços mais recentes.

    As médias móveis são frequentemente usadas como sinais de compra/venda:

    • Cruzamento da média curta sobre a média longa → sinal de compra
    • Cruzamento da média curta abaixo da média longa → sinal de venda.

     

    RSI (Índice de Força Relativa)

    • Mede a velocidade e a variação dos movimentos de preço
    • Oscila entre 0 e 100:
      • 70 → ativo sobrecomprado (pode corrigir)
      • menor de 30 → ativo sobrevendido (pode recuperar).
    • Útil para identificar potenciais reversões de tendência.

     

    MACD (Moving Average Convergence Divergence)

    • Calcula a diferença entre duas médias móveis exponenciais
    • Inclui uma linha de sinal e um histograma
    • Fornece sinais de entrada e saída com base em cruzamentos entre a linha MACD e a linha de sinal.

     

    Estes indicadores são especialmente úteis para:

    • confirmar tendências
    • medir o momento (momentum)
    • identificar pontos de reversão.
  • Utilização da análise técnica para pontos de entrada e saída

    A análise técnica permite

    • Determinar bons momentos para comprar (quando o ativo encontra suporte, apresenta reversão técnica ou rompe resistência)
    • Determinar bons momentos para vender (quando atinge resistência, há perda de força ou surgem padrões de reversão)
    • Gerir risco com a definição de stop-loss e take-profit baseados em níveis técnicos
    • Apoiar decisões em diferentes horizontes temporais: desde o intradiário até ao longo prazo.

    A combinação de padrões gráficos com indicadores técnicos aumenta a fiabilidade das decisões. No entanto, nenhuma ferramenta técnica garante sucesso — é essencial testá-las e adaptá-las à própria estratégia.

     

    Considerações finais

    • A análise técnica é uma ferramenta poderosa para investidores focados em momentos de mercado, especialmente útil para negociação de curto e médio prazo
    • Exige prática, disciplina e compreensão dos seus limites
    • Deve ser usada de forma complementar à análise fundamental, especialmente quando se pretende reforçar o timing de entrada e saída
    • Uma abordagem equilibrada, que considere também o perfil de risco do investidor, é sempre recomendável.

Tema 8: psicologia do investidor

  • Emoções no investimento

    Investir não é apenas um exercício técnico ou racional — é, também, uma atividade profundamente emocional. Muitos erros financeiros resultam da incapacidade de gerir emoções em momentos de stress, euforia ou frustração.

     

    Medo

    • O medo é uma reação natural à incerteza ou à possibilidade de perda
    • Pode levar à venda precipitada de ativos durante quedas de mercado, mesmo quando a lógica indicaria manter ou reforçar a posição
    • O receio de perder tudo bloqueia decisões e incentiva comportamentos excessivamente conservadores, prejudicando o retorno a longo prazo.

     

    Ganância

    • A ganância surge quando os investidores são atraídos por lucros rápidos ou exagerados
    • Leva à tomada de riscos excessivos, como investir em ativos sobrevalorizados ou sem conhecer o produto
    • O desejo de “enriquecer depressa” pode resultar em perdas significativas, especialmente em fases de bolha financeira.

     

    Arrependimento

    • Sentimento comum quando se toma uma decisão errada, ou quando se perde uma oportunidade
    • Pode levar à paralisia de decisão futura (“e se me engano outra vez?”), ou ao chamado overtrading — tentar corrigir erros rapidamente, multiplicando operações sem estratégia clara
    • Importante aceitar que nenhum investidor acerta sempre, e que o erro faz parte do processo de aprendizagem.
  • Enviesamentos cognitivos

    Os enviesamentos cognitivos são padrões mentais automáticos, muitas vezes inconscientes, que distorcem a perceção e influenciam decisões de forma sistemática. No contexto dos investimentos, estes enviesamentos podem comprometer a objetividade do investidor.

     

    Excesso de confiança

    • Tendência para sobrevalorizar as próprias capacidades, conhecimentos ou previsões
    • Pode levar à subestimação do risco, à concentração excessiva da carteira ou à negociação frequente com base em intuições
    • Investidores com excesso de confiança tendem a assumir que conseguem “bater o mercado”, mesmo sem base sólida.

     

    Aversão à perda

    • A dor de uma perda é psicologicamente mais intensa do que o prazer de um ganho equivalente
    • Este viés leva os investidores a manter ativos em perda por demasiado tempo (esperando recuperar “nem que demore anos”) e a vender rapidamente ativos lucrativos (por medo de perder os ganhos)
    • Contribui para estratégias desajustadas do ponto de vista racional.

     

    Efeito manada

    • Tendência para seguir o comportamento da maioria, sobretudo em períodos de forte volatilidade
    • Exemplo: comprar ações porque “toda a gente está a comprar”, mesmo sem analisar o ativo
    • O efeito manada agrava bolhas especulativas e pânicos financeiros — exatamente os momentos em que a racionalidade deveria prevalecer.
  • Importância do acompanhamento e da educação financeira

    Compreender a influência da psicologia no comportamento financeiro é um passo essencial para melhorar os resultados dos investimentos. Para isso, é importante desenvolver disciplina, literacia financeira e uma abordagem estruturada à gestão do património.

     

    Acompanhamento da carteira

    • Definir objetivos, acompanhar desempenhos e manter um plano de ação reduz o impacto emocional nas decisões
    • Ter uma estratégia clara permite agir com confiança, mesmo em momentos de incerteza.

     

    Educação financeira contínua

    • Aumentar o conhecimento reduz o medo do desconhecido e melhora a capacidade de tomar decisões informadas
    • Aprender sobre produtos financeiros, riscos e mercados ajuda a gerir expectativas e a reconhecer oportunidades reais
    • Formações, leitura especializada, simulações e consulta com profissionais são ferramentas essenciais.

     

    Considerações finais

    • A psicologia tem um papel determinante no sucesso de um investidor. Conhecer os próprios padrões emocionais e mentais é tão importante como saber interpretar um gráfico ou analisar um balanço
    • Os investidores que aprendem a gerir emoções, reconhecer vieses e manter disciplina estão melhor preparados para atravessar ciclos de mercado e alcançar os seus objetivos financeiros de forma consistente
    • Como em qualquer outra competência, a inteligência emocional no investimento desenvolve-se com prática, humildade e educação.

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Tema 9: estratégias de investimento

  • Buy & hold vs. market timing

    Buy & hold (comprar e manter)

     

    Esta estratégia consiste em adquirir ativos financeiros (como ações ou fundos) com a intenção de os manter no longo prazo, independentemente das flutuações do mercado a curto prazo.

    • Vantagens
      • Minimiza custos com comissões e impostos
      • Beneficia do crescimento a longo prazo dos mercados
      • Reduz o risco associado à tentativa de prever movimentos de mercado.

     

    Limitações

    • Pode levar à exposição passiva a perdas durante crises prolongadas
    • Requer forte disciplina emocional.

     

    Market Timing (temporização de mercado)

     

    Consiste em tentar antecipar os momentos ideais de compra e venda com base em previsões de movimentos do mercado.

    • Vantagens
      • Potencial de retorno mais elevado se for bem executada
      • Possibilidade de evitar grandes perdas
    • Desvantagens
      • Envolve risco elevado: prever consistentemente os movimentos do mercado é extremamente difícil
      • Pode gerar custos elevados e decisões emocionais.

     

    Referência: Vanguard (2012), “The case for indexing” – mostra que os investidores que seguem uma estratégia de buy & hold geralmente obtêm melhores resultados a longo prazo do que os que tentam fazer market timing.

  • Investimento regular (Dollar-cost averaging)

    Consiste em investir um valor fixo em intervalos regulares (mensalmente, por exemplo), independentemente do preço do ativo.

    • Objetivo: reduzir o impacto da volatilidade e evitar investir todo o capital num pico de mercado.
    • Vantagens
      • promove disciplina de investimento
      • mitiga o risco de timing errado
      • facilita a entrada em mercados voláteis.
    • Exemplo: um cliente investe 200€ por mês num fundo de ações, comprando mais unidades quando o preço está baixo e menos quando está alto.
  • Investimento em valor vs. crescimento

    Investimento em valor (Value investing)

     

    Procura ativos que estão subvalorizados em relação ao seu valor intrínseco, geralmente usando métricas como o PER ou o P/B ratio.

    • Perfil de empresas: estáveis, maduras, com lucros consistentes mas pouco glamour no mercado
    • Risco: valorizações lentas e empresas em declínio estrutural.

     

    Investimento em crescimento (Growth investing)

     

    Foca-se em empresas com elevado potencial de crescimento futuro, mesmo que estejam sobrevalorizadas hoje.

    • Perfil de empresas: tecnológicas, inovadoras, com receitas em forte crescimento
    • Risco: alta volatilidade e maior sensibilidade a taxas de juro.
  • Investmento temático e ESG

    Investimento temático

     

    Baseia-se em identificar tendências estruturais de longo prazo (como envelhecimento populacional, energias renováveis, inteligência artificial) e investir em empresas ou setores alinhados com essas megatendências.

    • Objetivo: aproveitar transformações económicas e sociais
    • Desafios: pode ser difícil avaliar o timing correto de entrada; algumas tendências podem não se materializar.

     

    Investimento ESG (Ambiental, Social e Governance)

     

    Consiste em selecionar ativos com base em critérios de sustentabilidade, ética e responsabilidade corporativa.

    • Benefícios:
      • atrai investidores conscientes e preocupados com o impacto social e ambiental
      • empresas ESG tendem a ser mais resilientes a longo prazo.

     

    Referência: MSCI ESG Research – empresas com pontuação ESG elevada apresentam, em média, menor volatilidade e maior retorno ajustado ao risco.

  • Ajuste da estratégia ao ciclo de vida

    O perfil de risco e os objetivos de investimento mudam ao longo da vida. É fundamental ajustar a estratégia de acordo com a idade, situação financeira e horizonte temporal

    • Fase de acumulação (20-45 anos)
      • Maior tolerância ao risco
      • Priorizar ativos com potencial de crescimento (ações, ETFs de crescimento).

     

    • Fase de consolidação (45-60 anos)
      • Equilíbrio entre crescimento e preservação
      • Mistura de ações, obrigações e produtos com capital garantido.

     

    • Fase de retirada (60+ anos)
      • Redução do risco e foco em rendimento regular
      • Investimentos com baixa volatilidade (obrigações, fundos defensivos, certificados).

Tema 10: avaliação e acompanhamento de carteira

  • Rentabilidade nominal vs. rentabilidade real

    Rentabilidade nominal

     

    É o retorno bruto de um investimento num determinado período de tempo, sem ajustamentos. É o que normalmente aparece nos relatórios ou na plataforma de investimentos (ex: +6% anual).

     

    Rentabilidade real

     

    Reflete o ganho efetivo após deduzir o impacto da inflação. Representa o poder de compra efetivo do rendimento.

     

    Fórmula simplificada:

     

    Rentabilidade real ≈ rentabilidade nominal – taxa de Inflação

    Exemplo: se um fundo rendeu 5% e a inflação foi 3%, o retorno real foi 2%.

     

    Importância:

     

    Analisar a rentabilidade real permite perceber se o investimento está efetivamente a preservar (ou aumentar) o valor do capital.

  • Indicadores de desempenho

    Sharpe Ratio

    • Mede o retorno excedente face ao ativo livre de risco, por unidade de risco (volatilidade)
    • Fórmula:
      diferença entre o retorno da carteira (Rp) e o retorno livre de risco (Rf), tudo isso dividido pelo risco total da carteira, representado pelo seu desvio padrão (σp)

      Onde:
      Rp = retorno da carteira
      Rf = retorno livre de risco
      σp = volatilidade da carteira.

     

    • Quanto maior o Sharpe Ratio, melhor o desempenho ajustado ao risco.

     

    Alfa

    • Mede o desempenho adicional de uma carteira face ao retorno esperado segundo o seu risco (Beta)
    • Alfa positivo = gestão superior ao esperado
    • Alfa negativo = desempenho inferior ao esperado.

     

    Beta

    • Mede a sensibilidade da carteira em relação ao mercado
      • Beta igual a 1 → comportamento idêntico ao mercado
      • Beta superior a 1 → mais volátil que o mercado
      • Beta inferior a 1 → menos volátil.
  • Acompanhamento de carteira vs. benchmark

    Benchmark

     

    É o índice ou referência contra o qual se mede o desempenho da carteira (ex: PSI 20, MSCI World, Euribor 3M, etc.).

     

    Objetivos do acompanhamento

    • Comparar rentabilidade e risco com o benchmark
    • Avaliar se a carteira está alinhada com o perfil e objetivos do cliente
    • Identificar desequilíbrios, concentrações excessivas ou desvios estratégicos.

     

    Importância

     

    Permite distinguir entre desempenho derivado de boas decisões e aquele apenas decorrente das condições gerais de mercado.

     

    Atenção: é fundamental escolher um benchmark relevante e coerente com a alocação da carteira.

  • Revisão e ajustamento de carteira

    Porquê rever a carteira regularmente

    • Mudança no perfil do investidor (idade, rendimentos, objetivos)
    • Alterações no mercado (ciclos económicos, taxas de juro, inflação)
    • Necessidade de rebalanceamento (por ex. ações cresceram mais que obrigações).

     

    Tipos de ajustamento

    • Rebalanceamento tático: ajustes periódicos para manter o mix de ativos original (ex: 60% ações / 40% obrigações)
    • Ajustamento estratégico: mudança deliberada da alocação com base em novos objetivos ou contexto económico.

     

    Frequência recomendada

    • Análise trimestral ou semestral
    • Revisão estratégica anual ou em resposta a eventos relevantes.

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